Irrigação coloca produtor no rumo do agronegócio
De 12 para 150 sacas: técnicas de manejo hídrico fazem lavoura render até 10 vezes mais

Antes, pequenos agricultores. Hoje, produtores em ascensão no agronegócio. Com o uso de técnicas que asseguram o fornecimento contínuo de água às lavouras, eles ampliam a produção, conquistam safras mais fartas e alcançam múltiplas colheitas por ano, mesmo em áreas de clima seco.
No Espírito Santo, há produtores aumentando até em 10 vezes a produção com sistemas de irrigação, segundo o extensionista do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) Caio Louzada Martins, com destaque para o café.
Martins contou que, no início, o objetivo da irrigação foi salvar lavouras, principalmente no Norte do Estado, e hoje ela é fundamental.
“Com as situações de adversidades climáticas, ora com muita chuva e ora com períodos secos, a irrigação, vem para suprir os períodos secos, e a tendência, junto com um conjunto de fatores e tecnologia, é aumentar a produção”.
Ele explicou que, principalmente no café, houve um aumento drástico de lavouras com sistemas de irrigação. “Há produtores que aumentam de 12 para 50 sacas por hectare. E há casos em que chegam a 150 sacas, e aumentam até 10 vezes a produção.”
Quando a água é ofertada na quantidade e no momento adequados, por meio de um sistema de irrigação, minimizam-se os riscos de perdas causadas por estresse hídrico ou pela irregularidade das chuvas, destacou o engenheiro agrônomo e diretor da Hydra Irrigações Elidio Torezani.
“Por esse motivo, a irrigação tem um efeito tão significativo no incremento da produtividade, permitindo potencializar todos os aspectos fisiológicos da planta. De forma geral, é possível afirmar que uma cultura irrigada tem capacidade de entregar pelo menos 30% a mais de produtividade”, afirmou.
Torezani contou também que o gotejamento é um dos sistemas de irrigação mais modernos e de maior precisão.
“Possibilita altos níveis de eficiência no uso da água e também dos fertilizantes, já que permite a fertirrigação. Isso ocorre porque o sistema aplica água diretamente na raiz da planta, na quantidade e velocidade definidas no projeto”.
Dimensionar custos de instalação é difícil, diz Torezani, pois muitas variáveis impactam o valor, como a distância da fonte de água, o tipo de energia disponível, entre outros.
“Combustível para planta”

O cafeicultor e agrônomo Willian Ribeiro, de 31 anos, que tem propriedade em Pancas, no Noroeste do Estado, contou que desde criança trabalhava com o pai na roça e lembra do período em que as plantas não eram irrigadas.
“Hoje, com a fertirrigação (no destaque), produzimos uma média de 162 sacas por hectare numa área montanhosa em um cenário onde a média capixaba é de 48 sacas. E por que a irrigação faz tanta diferença na lavoura? Porque, assim como a gasolina é o combustível para um carro, a água é o combustível para a planta”, afirmou.
“Produção triplicou”

O produtor Marcelo Capucho Cesana, 41 anos, de São Mateus, no Norte do Estado, contou ter triplicado sua produção de café com a fertirrigação.
“É um sistema que proporciona economia de água e energia, de fácil mão de obra e eficiente. Depois da fertirrigação, seguindo as orientações, a produção triplicou. Tem que buscar a ajuda correta”, destacou.
“Mais produtivas”

Em Castelo, Sul do Estado, Cirineu Tozzi, 48, contou que todos os anos acabavam passando por veranicos e sempre perdiam a produção. Em 2012, começou a instalar a irrigação. “As lavouras ficaram mais produtivas e com menor incidência de pragas e doenças. Em um talhão (porção de terreno) que acompanho, após oito safras, estou com média de 75 sacas por hectare”.
Saiba Mais
Irrigação
A irrigação garante que a planta tenha acesso à água em todos os períodos do ciclo produtivo, permitindo que atinja seu máximo potencial, seja na absorção de nutrientes, seja na manutenção das atividades fisiológicas em níveis elevados.
Quando a água é ofertada na quantidade e no momento adequado, por meio de um sistema de irrigação, minimizam-se os riscos de perdas causadas por estresse hídrico ou pela irregularidade das chuvas.
Gotejamento
O gotejamento é um dos sistemas mais modernos e de maior precisão. Ele possibilita altos níveis de eficiência no uso da água e também dos fertilizantes, já que permite a fertirrigação. Isso ocorre porque o sistema aplica água diretamente na raiz da planta, na quantidade e velocidade definidas no projeto. Outra vantagem é a sua adaptação a condições adversas de solo e relevo.
Em solos rasos, com baixa capacidade de retenção de água, por exemplo, a diferença de eficiência entre o gotejamento e sistemas como a aspersão ou o pivô central é muito significativa, já que estes dependem de boas condições de armazenamento e drenagem.
Já o gotejamento subterrâneo, ou irrigação por gotejamento subterrânea (SDI), é uma técnica avançada de irrigação que enterra os tubos gotejadores no solo, geralmente a uma profundidade de 10 a 30 centímetros. Essa prática oferece diversas vantagens, como economia de água e redução da evaporação.
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