Espírito Santo deve dobrar tamanho da área irrigada até 2040
Estado capixaba planeja dobrar hectares irrigados até 2040 e se destaca em tecnologia agrícola

O Espírito Santo deve dobrar o número de hectares irrigados até 2040. Hoje são cerca de 300 mil e o secretário de Estado de Agricultura, Enio Bergoli, disse que pode chegar a 600 mil.
Ele disse que no cultivo de café conilon, 100% do que é plantado no Norte do Estado hoje é irrigado e, além disso, regiões mais quentes do lado sul também têm instalado irrigação. Outros cultivos, que incluem pimenta-do-reino, mamão, gengibre e hortaliças, também têm produções totalmente irrigadas.
“Mais produtores de conilon nas regiões mais quentes do sul estão instalando irrigação. E algo interessante é que, de alguns anos para cá, produtores de café arábica também começaram a utilizar sistemas de irrigação”, explicou.
O secretário contou também que o Espírito Santo lidera o ranking nacional de propriedades rurais com sistemas de irrigação: 43,3%, conforme o último Censo Agropecuário.
A irrigação localizada, adotada por mais de 80% das propriedades irrigadas, mostra que o Estado tem investido fortemente em tecnologias de uso eficiente da água.
“O Espírito Santo é destaque nacional em evolução tecnológica de sistemas de irrigação. No início, se via aqueles jatos de irrigação lançando água nas lavouras. Hoje, mais de 80% das propriedades com irrigação têm sistemas localizados, com dosagem e quantidade certa”, detalhou.
Exportador
Bergoli disse que o estado capixaba, apesar de pequeno em território, é um grande exportador de diversos produtos que dependem de irrigação. “Hoje exportamos para cerca de 125 países produtos como café conilon, pimenta-do-reino, mamão e gengibre, que têm a irrigação como parte fundamental desse processo”, contou.
O presidente da Associação dos Irrigantes do Estado (Assipes), Thiago Orletti, reforçou que hoje o Espírito Santo é reconhecido por ser um grande produtor de diversas culturas irrigadas, como banana, coco, mamão, pimenta-do-reino e, especialmente, cafés arábica e conilon.
“A irrigação no Espírito Santo é fundamental e indispensável para a agricultura do Estado. Vivemos em um mundo globalizado e tudo que produzimos aqui concorremos diretamente com produtos vindos de outros países. Portanto, é muito importante que sejamos competitivos”, ressaltou.
Programa de financiamento do governo para barragens

O governo do Espírito Santo tem um programa de financiamento específico para a construção de pequenas barragens em propriedades rurais para reservar água para irrigação.
A iniciativa, proposta pela Secretaria da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), tem como principal objetivo fortalecer a agricultura familiar e ampliar a segurança hídrica nas regiões mais vulneráveis do ES.
A linha de crédito é operada pelo Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes) e conta com o apoio técnico da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf).
Trata-se de um programa inovador, sem precedentes em outros estados brasileiros, que utiliza recursos do Fundo de Fortalecimento da Economia Capixaba (Fortec) para fomentar infraestrutura hídrica de forma descentralizada e acessível. As barragens contempladas devem ter até 5 hectares de lâmina d’água e capacidade máxima de armazenamento de 50 mil metros cúbicos.
Com a meta de viabilizar até 1.362 barragens em 12 anos, a expectativa é que o Estado aumente sua capacidade de reservação hídrica em mais de 68 milhões de metros cúbicos, beneficiando diretamente a produção agropecuária.
“Ao facilitar o acesso ao crédito para a construção de barragens, estamos assegurando uma fonte estratégica de água para a produção agrícola, o que impacta diretamente na geração de renda, na segurança alimentar e na estabilidade do campo”, disse o secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli.
Incremento na produção com polo irrigado em 32 municípios
As regiões Norte e Noroeste do Espírito Santo contam com um Polo de Agricultura Irrigada, que atendem 32 municípios, sendo 31 da área da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).
A região apresenta uma produção significativa de café conilon, destacando-se pela produtividade elevada, especialmente devido ao avanço da tecnologia na produção de mudas clonais.
Além disso, a cultura de soja irrigada já é uma realidade em Montanha e Pinheiros, com produtividade 50% superior à média nacional.
O projeto de irrigação visa incrementar a produção agrícola para atender à crescente demanda de um mercado interno em expansão e criar emprego e renda para a população rural.
O presidente da Associação dos Irrigantes do Estado (Assipes), Thiago Orletti, pontuou que a área de abrangência do polo corresponde a 80% de toda a irrigação no Estado.
Análise
“Melhora qualidade dos alimentos”

“Podemos ter um desenvolvimento econômico com sustentabilidade, buscando por estabilidade, ganhos de produtividade por meio de uso de água de forma racional. O setor agrícola está muito sensível às alterações climáticas, e quando temos mecanismos tecnológicos que tentam minimizar esses impactos, isso é fundamental.
A irrigação vai dar uma maior segurança hídrica, garantindo maior previsibilidade nas colheitas, o que possibilita o planejamento de safras mais regulares.
E isso leva a melhoria na qualidade dos alimentos, o que vai ampliar a competitividade da qualidade dos produtos no mercado interno e externo também, além de reduzir custos e preços, proporcionando preços mais acessíveis para o consumidor”.
Raio X
Hectares irrigados
Espírito Santo lidera o ranking nacional de propriedades rurais com sistemas de irrigação: 43,3%, conforme o Censo Agropecuário. A irrigação locali zada é adotada por mais de 80% das propriedades irrigadas.
São cerca de 300 mil hectares irrigados em lavouras e plantações pelo Espírito Santo.
Entretanto, o avanço dessa modernização exige maior disponibilidade hídrica, especialmente para cultivos como café, olerícolas (hortaliças ou verduras) e frutas.
Entre os destaques de cultivos com irrigação estão o da banana em Laranja da Terra, do cacau e também do mamão, no Norte capixaba, e de milho voltado para silagem.
Eficiência
Os sistemas de irrigação localizados, principalmente o gotejamento, são os responsáveis diretos por alavancar o nível agrícola do ES. A irrigação por gotejamento apresenta maior eficiência do uso dos recursos hídricos e, assim como o conceito de verticalizar produção, ela possui o principal objetivo de produzir mais usando menos água. A receptividade da tecnologia, a vontade de inovar e a coragem de quebrar paradigmas do produtor são exemplos que estão sendo seguidos cada vez mais por produtores de todo o Brasil.
Financiamento para barragens
Um programa de financiamento permite a construção de pequenas barragens em propriedades rurais. Cada propriedade poderá acessar até R$ 150 mil com condições facilitadas: taxa de juros de 7% ao ano, com bônus de adimplência que pode reduzir a taxa para 4% no caso de agricultores familiares e para 6% no caso dos demais produtores.
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