Área cercada para desova de tartarugas no litoral do ES
Pesquisadores identificaram indícios de desova na Praia dos Namorados, em Iriri, e tomaram medida para proteger o local
Pesquisadores do Instituto de Pesquisa e Conservação Marinha (IPCMar) cercaram uma área da Praia dos Namorados, em Iriri, após identificarem indícios de possível desova de tartarugas marinhas. A medida preventiva busca proteger o local e garantir a preservação dos ovos, caso a postura tenha ocorrido.
Muitas pessoas desconhecem que as tartarugas marinhas, antes de desovar, costumam escavar uma espécie de “cama” na areia das praias, mesmo quando a postura dos ovos não se concretiza.
No balneário, a equipe do IPCMar acompanha diariamente esse comportamento. Além da proteção da área, o monitoramento contribui para pesquisas científicas e para a orientação da população.
Segundo especialistas, a presença de iluminação artificial também representa um risco, pois pode confundir os répteis no momento do retorno ao mar. No trecho sinalizado, um poste de iluminação pública foi instalado recentemente pela Prefeitura.
De acordo com o engenheiro de pesca Roger Colosp, de 26 anos, o local cercado não apresentou desova. “Identificamos apenas a escavação, sem a presença de ovos, o que caracteriza um ninho SD, sem desova”, explica.
O estudante de Ciências Biológicas Marcos Paulo Buback, de 28 anos, também integrante do IPCMar, destacou a importância da ação preventiva. “Mesmo sem a desova confirmada, o cercamento evita impactos e garante informações importantes para o acompanhamento da espécie”, afirma.
Roger Colosp ressaltou ainda que a iluminação artificial pode agravar os riscos. “A luz interfere na orientação das tartarugas, principalmente dos filhotes, que podem se afastar do mar e ficar vulneráveis. Por isso, o controle desse tipo de impacto é essencial para a conservação”, disse.
Segundo o engenheiro de pesca, o trabalho do IPCMar vai além do cercamento de ninhos.
“Realizamos o monitoramento diário das praias, identificamos rastros, atuamos no resgate de animais debilitados e promovemos ações de educação ambiental junto à comunidade. O objetivo é proteger as tartarugas e conscientizar a população sobre a preservação da costa”, afirma.
Em nota, a Prefeitura de Anchieta informou que uma equipe será enviada ao local dentro de cinco dias para retirar o poste de iluminação.
Saiba mais
Desova ocorre entre setembro e março
Saída do mar e escolha do local
À noite, a fêmea abandona a água e sobe à praia à procura de um ponto seguro e sem obstáculos para cavar o ninho. A escolha é influenciada pela textura da areia e pela ausência de luzes artificiais fortes.
Ela deposita, em média, entre 80 e 120 ovos por ninho, dependendo da espécie. Depois da postura, ela cobre o buraco com areia para proteger os ovos e volta ao mar.
Incubação e desova
Os ovos permanecem enterrados por 45 a 70 dias, dependendo da temperatura da areia. Filhotes nascem e, geralmente ao entardecer ou à noite, seguem em direção ao mar guiados pela luz natural refletida na água.
A desova geralmente vai de setembro a março, período em que as fêmeas retornam para depositar ovos.
Principais pontos de desova
Linhares: Reserva Biológica de Comboios, em Regência, Povoação e Pontal do Ipiranga
São Mateus: Guriri
Guarapari: Parque Paulo César Vinha
E também: Serra, Anchieta, Conceição da Barra e Fundão
Fonte: IPCMar
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