Iriri ganha livraria de praia
Novo espaço de 50 m² em frente ao mar combina literatura, café, atividades culturais e conta com cerca de 2.500 livros
O balneário de Iriri, em Anchieta, recebeu neste mês a inauguração da primeira livraria de praia do Espírito Santo. Resultado de um movimento que busca resgatar as livrarias de rua em cidades brasileiras, a Lúcia Livraria abriu as portas no último sábado e oferece um espaço em frente ao mar que combina literatura e café.
Com 50 m e uma curadoria de cerca de 2.500 livros, a loja foi pensada como um espaço de permanência, voltado para acolher o leitor com luz quente, curadoria afetiva e cafés capixabas.
Segundo a proprietária, a publicitária e especialista em Literatura Elisa Quadros, a iniciativa surgiu de uma demanda pessoal. Moradora de Iriri desde a pandemia, ela sentia falta de ter livrarias por perto.
“Morei durante um tempo em São Paulo e era vizinha de algumas boas livrarias de rua. Nunca me encantei por livrarias de shopping, e a falta que eu sentia de ter uma livraria por perto fez com que eu tivesse uma para suprir essa falta”.
Mais do que um ponto de venda de livros, a proposta é criar um espaço de convivência em torno da literatura. A livraria conta com obras do acervo pessoal de Elisa e também com doações de amigos e escritores, incentivando a conexão das pessoas com a leitura.
“É uma oferta de um tempo de contemplação. Onde o leitor vai parar de ficar no celular e ler um livro em frente ao mar, tomando um café. Um contato mais descontraído, divertido e calmo”, acrescenta.
A Lúcia Livraria leva o nome da mãe de Elisa, que explica que a relação com a literatura veio como herança familiar.
“Ela sempre me incentivou a ler, me deu belas coleções, e eu acho que, mesmo com a dificuldade, já que nunca fomos ricos e vivendo no período da ditadura, minha mãe fazia questão que tivéssemos livros em casa”, relembra.
Após o verão, a proposta é ampliar a programação cultural, com a realização de oficinas, música, leituras de poemas e clubes de leitura. “Nós pretendemos utilizar o espaço público cedido pela prefeitura para oferecer atividades culturais”, conclui.
A Lúcia Livraria funciona das 15 horas às 20 horas, de quarta a sábado, durante o mês de dezembro. Em janeiro, o atendimento será ampliado para incluir as terças-feiras, no mesmo horário. Aos domingos, o espaço abre das 11 horas às 17 horas.
Elisa Quadros publicitária e empresária
“Minha mãe me incentivou a ler”
A tribuna - A Lúcia Livraria nasce em Iriri em um momento de retomada das livrarias de rua no Brasil. Como a proposta da livraria dialoga com essa tendência?
Elisa Quadros - Há uma falta dessa convivência com livreiros, que são profissionais que não apenas entendem de livros, mas têm uma relação de afeto com a literatura. Não é apenas vender livros, que é o que os sites fazem, mas indicar de acordo com o que faz sentido para as pessoas.
Ter uma livraria foi uma forma de suprir a falta de ter uma livraria por perto. Ela dialoga no sentido de trazer um ambiente de convivência com os livros, de ter mesas, uma varanda e livros que não são apenas para venda, mas do meu próprio acervo, de amigos e escritores, para que o cliente entre em contato com a literatura.
Você define a livraria como um espaço de permanência, e não apenas de venda de livros. Que tipo de experiência o público pode esperar ao entrar na Lúcia Livraria?
Depois do verão, pois agora é uma época de bastante movimento, queremos utilizar o espaço público que a prefeitura concedeu por meio de um Termo de Cooperação e, em contrapartida, nós disponibilizamos esse espaço com atividades culturais.
Então, pretendemos fazer uma tarde de música ao pôr do sol, leitura de poemas, oficinas de escrita e leitura, clubes de leitura. São experiências que estão para acontecer em breve.
A outra é poder tomar café de produtores capixabas, da região das montanhas e do Caparaó. Temos um bom portfólio de cafés, e o cliente pode ficar lá sentado, consumindo e lendo, além de poder tomar um banho de mar e voltar.
A livraria carrega o nome de sua mãe e reúne sua trajetória no marketing e na literatura. Como essas experiências pessoais e profissionais se conectam na criação da Lúcia Livraria?
De muitas formas. Minha mãe sempre me incentivou a ler, me deu belas coleções. Mesmo com dificuldades, nunca fomos uma família rica, e vivi ainda um período de ditadura e inflação descontrolada. Ainda assim, minha mãe sempre fez questão de que tivéssemos livros em casa. Acho que é a melhor herança que ela poderia ter me deixado.
A minha opção por Comunicação veio do desejo de escrever. Sou redatora, publicitária, já tive agência e trabalhei durante 30 anos na área.
Eu sei como estruturar uma marca que seja desejada, que se posicione de forma adequada, e entendo um pouco essa expectativa do cliente e como fazer para surpreender. Mas isso tudo também é da minha mãe, esse cuidado em receber, que sempre foi muito forte nela.
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