Polícia aponta negligência de servidoras em morte de menino agredido em escola
Crime aconteceu no dia 09 de dezembro de 2024 e o menino morreu na madrugada do dia 10
Foi concluído um inquérito policial que investigou a morte de Luiz Fernando de Souza Verli, de 10 anos, ocorrida no dia 12 de dezembro de 2024. A criança foi agredida dentro de uma escola municipal de Ibatiba, na região do Caparaó Capixaba, em 09 de dezembro e acabou morrendo no Hospital Estadual Infantil Nossa Senhora da Glória (HINSG), em Vitória, em decorrência de sepse generalizada.
Durante a investigação, foram reunidos dezenas de depoimentos de servidores das áreas da educação e saúde do município, além de interrogatórios dos investigados, análises de câmeras, prontuários médicos, além de laudos técnicos e periciais.
A Polícia Civil levantou a informação que por volta das 12 horas do dia 09, a vítima teria se envolvido em uma briga com outras duas crianças, resultando em agressões físicas mútuas.
“Ainda que não apresentasse lesões aparentes, o menino demonstrou alterações comportamentais na escola, como sonolência e abatimento, durante a última aula. Após o término das atividades escolares, por volta das 14 horas, ele e a irmã, de 8 anos, foram liberados e retornaram sozinhos para casa, sem que as famílias fossem comunicadas sobre o episódio de violência”, disse o chefe da Delegacia Regional de Ibatiba, delegado Bruno Alves.
Depois de se queixar de dores fortes na lombar, Luiz foi levado ao pronto-socorro municipal por volta das 22h30, sendo medicada e liberada. Porém, por às 2h40 do dia 10 de dezembro, a criança retornou à unidade devido à persistência dos sintomas, mas foi novamente liberada sem exames complementares e sem a notificação compulsória da violência, como determina a legislação.
“Somente na manhã de 11 de dezembro de 2024, durante a terceira busca por atendimento emergencial, exames de imagem identificaram fraturas nas vértebras L4 e L5, além de múltiplas manchas escuras no abdômen. Diante do quadro, a vítima foi encaminhada ao Hospital Infantil Nossa Senhora da Glória (HINSG), em Vitória, onde chegou às 17h40. A equipe médica realizou imediatamente a notificação compulsória ao Conselho Tutelar”, explicou o delegado Bruno Alves.
Cerca de 24 horas após a internação, a criança morreu, apresentando insuficiência respiratória, choque séptico, disfunção múltipla de órgãos, injúria renal aguda, pneumonia bilateral e disfunção hematológica.
“A investigação também identificou que a vítima possuía histórico de fragilidade física, emocional e neurológica, incluindo convulsões, anemia ferropriva, problemas no trato urinário, irritabilidade e episódios de choro frequente. A criança tinha ainda ptose palpebral no olho esquerdo, condição que a tornava alvo de violência psicológica (bullying) no ambiente escolar”, salientou o delegado.
Após a conclusão do inquérito, a autoridade policial identificou a existência de prova de materialidade e indícios suficientes de autoria do crime de homicídio culposo (art. 121, §§ 3º e 4º c/c art. 13, §2º do Código Penal) praticado por três agentes públicas — uma vinculada à área da educação municipal e duas à saúde, que prestavam serviço à prefeitura do município.
O inquérito policial foi relatado e encaminhado ao Ministério Público do Espírito Santo (MPES) para a devida manifestação.
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