Pela 1ª vez, OMS recomenda canetas contra a obesidade
Órgão aconselha o uso de remédios como Ozempic, Wegovy e Mounjaro por adultos, combinando-os com atividade física e dieta
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou a primeira diretriz sobre o uso de terapias com GLP-1, como Ozempic, Wegovy e Mounjaro, para tratar a obesidade.
As canetas antiobesidade, também indicadas para tratar diabetes, poderiam se tornar uma ferramenta essencial para combater a obesidade, segundo afirmou a OMS na última segunda-feira.
Em todo mundo, mais de 1 bilhão de pessoas estão obesas, de acordo com a OMS. No Espírito Santo, relatórios públicos do estado nutricional, fornecidos pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), apontam que, apenas neste ano, 153.896 adultos –não considerando idosos – estão em acompanhamento no Estado.
A primeira recomendação condicional da OMS aconselha o uso de medicamentos GLP-1 por adultos, para tratamento em longo prazo, combinando-os com atividade física e dieta.
Para a endocrinologista e professora da Multivix Lusanere Cruz, a diretriz da OMS é ainda mais importante para as seguradoras de saúde, médicos e Sistema Único de Saúde (SUS).
“Quando se coloca uma medicação em uma diretriz de um órgão internacional, um paciente que tem indicação começa a ter direito. É a primeira vez que estamos diante de uma medicação eficiente e segura para a perda de peso, mas com o custo elevado, para problema populacional, que é a obesidade”, destaca.
Mario Sergio Zen, endocrinologista do Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam-Ufes) avalia que a recomendação da OMS funciona como uma “chancela”.
“Isso aponta o quanto esses medicamentos são importantes para o tratamento da epidemia de obesidade que vivemos hoje. É diferente do laboratório ou sociedades brasileiras indicarem; agora temos uma recomendação da principal instituição de saúde mundial”, destacou.
Para Maurício Dall'Orto, médico do ambulatório de endocrinologia da Bluzz Saúde, a recomendação abre espaço para que sistemas de saúde e governos discutam incorporação futura nas medidas públicas de saúde, negociação de preços e estratégias de acesso. “Isso é essencial para que o tratamento não fique restrito a uma pequena parcela da população”.
Fique por dentro
Redução dos custos em pauta
Diretriz da OMS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou sua primeira diretriz sobre o uso de terapias com GLP-1 para obesidade, recomendando-as condicionalmente como parte do tratamento de longo prazo para a doença.
A divulgação aconteceu na última segunda-feira. Os remédios são conhecidos pelos nomes comerciais Ozempic, Wegovy ou Mounjaro.
as novas diretrizes recomendam que as terapias com GLP-1 sejam utilizadas em adultos – exceto mulheres grávidas – “para o tratamento de longo prazo da obesidade”.
Além disso, a agência da ONU reforça que os medicamentos devem ser associados a uma alimentação equilibrada e à prática regular de exercícios físicos.
As autoridades também destacaram a urgência em ampliar a capacidade produtiva, reduzir os custos e estabelecer estratégias de aquisição — como compras compartilhadas entre países —, modelo que já mostrou eficácia em programas globais de saúde, como o de combate ao HIV.
O objetivo é assegurar que o uso dos GLP-1 seja distribuído de forma mais justa entre as populações.
Fonte: G1 e CNN Brasil.
O que muda no sistema de saúde brasileiro?
Com a nova diretriz da Organização Mundial da Saúde (OMS), o que muda no sistema de saúde brasileiro? Advogado e presidente da Comissão Nacional de Direito Médico da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Eduardo Amorim explica que, sob o aspecto jurídico, uma diretriz da OMS não tem força de lei no Brasil.
“Podemos considerar mais uma orientação; não cria obrigações imediatas. No entanto, tem um peso técnico e político grande por se tratar da autoridade máxima da saúde no mundo. Sendo assim, essas diretrizes orientam políticas públicas e decisões regulatórias”.
Segundo o advogado, as diretrizes da OMS podem funcionar como um acelerador institucional, pois reduzem incertezas científicas, orientam prioridades sanitárias e ajudam a uniformizar decisões técnicas.
“Embora a decisão de incorporação ao Sistema Único de Saúde (SUS) e ao Rol da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) dependa de etapas formais, o simples fato da OMS publicar a diretriz sobre o GLP-1 coloca o tema como prioridade na agenda regulatória”, aponta.
Aumento
Na avaliação do médico Maurício Dall'Orto, com a recomendação da OMS, deve-se esperar um aumento natural da procura por parte dos pacientes.
“Isso reforça a importância de orientar corretamente quem realmente tem indicação e como deve ser feito o acompanhamento”.
Mesmo com o avanço, o médico alerta que qualquer medicamento ajuda na caminhada da perda de peso, mas não resolve sozinho.
“Os agonistas de GLP-1 atuam em vias do metabolismo da fome e da saciedade, facilitando a perda de peso, mas não corrigem hábitos, não aumentam massa muscular e não cuidam da saúde metabólica a longo prazo”.
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