Médico é indiciado por morte de bebê de 35 dias em Vila Velha
Segundo a apuração da polícia, pediatra teria manipulado a criança de forma imprudente. Caso aconteceu em julho deste ano
A Polícia Civil indiciou por homicídio culposo – quando não há intenção de matar – o pediatra investigado pela morte de um bebê de 35 dias durante uma consulta de rotina em uma clínica particular em Vila Velha.
As investigações da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) apontaram que o médico manipulou o bebê de forma imprudente durante a limpeza da criança, o que levou à broncoaspiração do leite materno recém-ingerido. O caso aconteceu em julho deste ano, e as informações foram repassadas na tarde dessa quarta-feira (26).
O delegado-adjunto da DPCA, Glalber Queiroz, explicou que a família, que é de Aracruz, no Norte do Estado, levou o bebê, que estava com suspeita de refluxo gástrico, a uma consulta com o profissional que é referência na área.
Ao iniciar o atendimento, o bebê chorou bastante. O médico orientou que a mãe o amamentasse, o que durou cerca de 20 minutos. Ao retornar ao consultório, o pediatra percebeu que o bebê havia evacuado e o levou até a pia para limpá-lo.
“Apuramos, durante a investigação, que o médico teria manipulado o bebê de forma indevida neste momento, que o levou a broncoaspirar o próprio leite materno que ele havia acabado de ingerir. Ele foi colocado em uma posição de barriga para baixo, com a cabeça para baixo. Ele vomitou e broncoaspirou o próprio vômito”.
Segundo as investigações, a limpeza durou cerca de dois minutos. Quando o médico o colocou novamente na maca, o bebê estava cianótico (com a pele roxa) e já não chorava mais. “Neste momento ele iniciou uma manobra de reanimação”, disse o delegado.
Além de ser indiciado por homicídio culposo, o pediatra é acusado de se omitir no atendimento após o bebê apresentar piora e durante a atuação do Samu, que foi acionado para socorro.
“Assim que a equipe do Samu chegou ao local, o médico se evadiu. Não passou nenhum tipo de informação para o Samu”, apontou o delegado. O bebê veio a óbito cerca de 1h30 após o início do atendimento do Samu.
Em nota, os escritórios dos advogados David Metzker, Mário de Oliveira Filho e Rodrigo Faucz, que fazem a defesa do pediatra, informam que o atendimento prestado observou integralmente os preceitos médicos aplicáveis.
“A defesa mantém plena confiança no Judiciário para que os fatos sejam analisados e a situação seja esclarecida de forma definitiva”.
ENTENDA O CASO
- Um bebê de 35 dias morreu durante atendimento em uma clínica particular no Centro de Vila Velha, em julho deste ano.
- Os pais, que eram de Aracruz, buscaram o atendimento porque o recém-nascido apresentava sinais de refluxo.
- Após orientar a mãe a amamentar o bebê, o pediatra notou que a criança havia defecado e a levou até a pia, dentro de seu consultório, para limpá-la.
- Segundo o inquérito, o médico colocou o bebê de barriga para baixo e com a cabeça inclinada para baixo.
- Nessa manobra, o bebê vomitou e broncoaspirou o leite materno, entrando rapidamente em quadro de cianose.
- O pediatra iniciou manobras para reanimação e chamou o Samu.
- A criança foi atendida por cerca de 1h30 pelas equipes do Samu, mas não resistiu.
Indiciamento
A Polícia Civil concluiu o inquérito e indiciou o pediatra por homicídio culposo, que é quando não há intenção de matar.
Imprudência e negligência
O delegado afirmou que o médico pediatra agiu de forma imprudente e negligente.
Imprudente ao manipular o bebê de maneira inadequada
Negligente ao não acompanhar o atendimento do Samu e não fornecer informações essenciais.
O inquérito aponta omissão no acompanhamento do Samu e ausência de informações essenciais durante o socorro.
Fonte: Polícia Civil.
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