E agora, Maria?
A desigualdade de gênero torna desastres ainda mais cruéis para mulheres e meninas
Chove muito lá fora… a rua está inundada… a água já entra dentro de casa. Sirene alta… gritos? Parece que alguma barreira deslizou… mas como sair? Minha mãe idosa já não se locomove… agora lembro daquele treinamento e simulado dado à comunidade… mas não pude participar, estava com as crianças… a água está subindo… e agora…
“E agora, José?”. Esse poema icônico de Drummond ilustra o sentimento de solidão e abandono do indivíduo, a sua falta de esperança. Esse sentimento é bastante comum nas pessoas assoladas pelas tragédias causadas pelas fortes chuvas em nosso Estado.
O Espírito Santo, desde a tragédia de 2013, tem se aprimorado na Gestão de Risco de Desastres, tornando-se referência na área, sendo o Estado da Federação com o maior engajamento municipal no Sistema de Proteção e Defesa Civil. Destacam-se esforços para: aperfeiçoamento do planejamento urbano, mapeando e minimizando as áreas vulneráveis; definição de medidas de mitigação e adaptação climática; desenvolvimento de estratégias de conscientização e comunicação entre o poder público e sociedade; incentivo à construção de laços interpessoais e coesão social dentro das comunidades; criação de sistemas de alertas antecipados; e organização de um sistema de resposta eficiente, integrado e ágil.
Muitos são os desafios postos e enfrentados e, recentemente, o Espírito Santo, através do apoio do Banco Mundial, enfrenta e busca soluções para mais um, a necessidade de um olhar diferenciado para a “Mulher” quando se estruturam as políticas de gestão de risco de desastres.
O título do ensaio “E agora, Maria?” busca dar luz à questão. O reconhecimento necessário à diferença entre os atributos tradicionalmente relacionados a homens e mulheres, implicando em seus padrões de comportamento, moldando identidades, responsabilidades sociais, atitudes e expectativas.
Segundo o levantamento realizado pelas Nações Unidas, mulheres e crianças têm 14 vezes mais chances de morrer durante um desastre. Este cenário ocorre já que mulheres frequentemente estão em posições de mobilidade restrita, cuidados com crianças, idosos e com o lar, agravado pela falta de acesso à educação e informação.
Além de mulheres serem a maior parte das vítimas de desastres, é importante ressaltar também os chamados desastres secundários, ou seja, situações decorrentes de eventos extremos, com destaque especial para a violência física e sexual.
Assim, o Programa Águas e Paisagem II, parceria do Governo do Estado com o Banco Mundial, busca desenvolver a ampliação da sensibilidade no olhar e no fazer daqueles que estão diretamente relacionados ao ciclo de Gestão de Risco de Desastres (GRD). Nesse sentido, foi desenvolvido um Plano de Ação voltado à Mulher com ações que: 1. fomentem o aumento da participação de mulheres nos cursos e treinamentos anuais; 2. fortaleçam a capacidade dos agentes estaduais que lidam com desastres para o necessário trato diferenciado; e 3. desenvolvam planos e atividades de gestão dos riscos de desastres com a participação ativa de mulheres e meninas.
O Espírito Santo, com grandes parceiros, inova de forma a permanecer com excelência na atividade de Proteção e Defesa Civil.
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