Com a mãe internada, noiva se casa dentro de hospital em Cariacica
Mariana Pagio e Gabriel Panetto se casaram dentro do hospital para que mãe da noiva, que está com câncer, pudesse participar
A enfermeira oncológica Mariana Pagio, 25 anos, e o investigador da Polícia Civil Gabriel Panetto, 26, viveram no último dia 12 um dos momentos mais marcantes da vida do casal e da família.
Diante do avanço rápido do câncer de Maria da Penha, mãe de Mariana – um tumor no cérebro diagnosticado em março – eles decidiram antecipar o casamento civil e realizá-lo dentro do Hospital Meridional de Cariacica, onde ela está internada sem previsão de alta.
O casal planejava uma cerimônia tradicional apenas em 2026. Depois do diagnóstico, antecipou para 2025. Mas a piora no quadro fez com que a decisão viesse mais cedo. “Se quiséssemos que minha mãe participasse, precisávamos trazer o casamento até ela”, contou Mariana.
A equipe médica informou que não havia condições de alta, e o hospital, junto ao cartório, se mobilizou para possibilitar a celebração. O espaço foi preparado pela equipe de humanização, que organizou uma sala maior, decorada especialmente para o momento.
A oncologista Camila Oliveira, responsável pelo tratamento, descreveu o casamento como “muito emocionante”. Segundo ela, a mobilização da equipe mostrou que, mesmo em cenários de doença grave, ainda é possível promover cuidado, conforto e presença.
“Conseguimos criar um ambiente acolhedor para que ela compreendesse e participasse do momento”, afirmou. Para a médica, situações como essa ajudam a desmistificar a ideia de que cuidados paliativos significam ausência de ação.
Durante a cerimônia, a mãe de Mariana, mesmo com pouca comunicação, manteve os olhos abertos e fez um gesto que marcou a todos: estendeu a mão para tocar o buquê da filha.
“Foi simples, mas significou muito. Era como se ela dissesse que estava ali comigo”, relatou Mariana, que tem acompanhado cada etapa do tratamento como filha e como profissional de saúde.
Para Gabriel, o casamento no hospital simbolizou amor e compromisso. “Queríamos proporcionar a ela um último momento de alegria. A Penha sempre sonhou em ver a filha casar. E é uma forma que a gente encontrou de honrar tudo que ela representa na nossa vida”, disse.
A família, emocionada, definiu a cerimônia como um ato de união e força. O casamento religioso e a festa seguem marcados para 27 de dezembro.
“Estou fazendo tudo que eu posso”
A Tribuna — Quando vocês decidiram que o casamento precisaria ser antecipado e realizado no hospital?
Mariana Pagio — Nós tomamos essa decisão quando percebemos que o quadro da minha mãe estava piorando muito rápido. Nós tivemos uma conversa franca com a equipe médica sobre o prognóstico de saúde dela. Entendemos que a participação dela no nosso casamento religioso e na festa, em dezembro, seria improvável. Ficou claro que se a gente quisesse que minha mãe participasse desse momento tão especial, nós precisaríamos antecipar o casamento civil.
O que motivou essa decisão mesmo diante de um momento tão delicado?
Gabriel Panetto Foi o amor pela Penha, o desejo de proporcionar esse último momento de alegria que ela poderia ter em vida. Ela sempre sonhou em ver a filha casar e a Mariana, da mesma forma, sempre sonhou em casar com a mãe presente. Inclusive, quando eu a pedi em casamento, em janeiro, a pessoa mais empolgada de todas foi a Penha. Saber que poderíamos realizar esse sonho dela, mesmo diante da doença, nos deu força para continuar.
Como tem sido acompanhar o avanço e o tratamento da doença?
Mariana —Tem sido devastador, tanto emocionalmente quanto fisicamente, porque eu vivo tudo em duas dimensões, como filha e como enfermeira. Apesar de tudo, eu tenho encontrado força na minha família, no amor que eu sinto pela minha mãe, no apoio que o Gabriel me dá e na certeza de que eu estou fazendo tudo que eu posso por ela nesse momento tão delicado
Gabriel — Eu vejo o sofrimento da minha esposa em ver a mãe dela diante dessa situação e eu sofro pela minha sogra, porque é uma amiga, uma pessoa maravilhosa.
MATÉRIAS RELACIONADAS:
Comentários