Brasil têm recorde de abstinência de álcool
Neste ano, 64% dos brasileiros não consumiram bebidas alcoólicas, em sua maioria com idade entre 18 e 24 anos
Mais da metade dos brasileiros não consumiu bebida alcoólica em 2025. É o que apontam os dados de uma pesquisa realizada a pedido do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA). Neste ano, 64% dos brasileiros se mantiveram em abstinência do álcool.
Considerado recorde, o dado confirma os apontamentos feitos por especialistas, que destacaram uma mudança de comportamento em relação à bebida.
De acordo com a pesquisa, a abstenção é mais evidente entre os jovens. Em 2023, 46% dos jovens de 18 a 24 anos disseram não ter consumido álcool. Em 2025 foram 64%. Entre a faixa etária de 25 a 34 anos, a porcentagem saltou de 47% para 61%.
Mariana Thibes, doutora em sociologia e coordenadora do CISA, destaca que, além dessa faixa etária estar bebendo menos, quando bebe, consome quantidades menores.
“Esses números podem ser reflexo de mudanças de hábitos importantes, principalmente entre os mais jovens, tais como preferência por programas diurnos, não ter o bem-estar e o desempenho prejudicados pelo consumo de álcool e maior preocupação com a saúde física e mental”.
Marília Reis, pesquisadora sênior do CISA, acrescenta que o levantamento tem como objetivo compreender a frequência e a intensidade do consumo de bebidas alcoólicas distribuídas por sexo, idade, classe social, escolaridade, entre outros.
“Além disso, tem o intuito de monitorar os padrões de consumo, sobretudo do consumo abusivo, a fim de gerar informações qualificadas que possam subsidiar políticas públicas, ações de prevenção e campanhas de conscientização”.
O médico psiquiatra Vicente Ramatis, autor do livro “Armadilha Social”, que traz uma reflexão sobre o impacto do consumo de álcool e drogas na sociedade, acrescenta que, além do maior número de informações sobre os malefícios do álcool proliferados na sociedade, outros fatores podem também impactar esse processo.
“Pessoas que vêm de famílias de alcoólatras, que viram os estragos causados na família, ou ainda viram familiares adoecerem gravemente pelo consumo de álcool e não querem isso para si, entre outros”, destaca.
Refrescante e não alcoólico: várias opções de soda com frutas
As opções de bebidas sem álcool estão por toda a parte, inclusive no Detinha’s Bar, em Vitória. O proprietário do local, Luiz Henrique Barros, apresenta uma das opções que está no cardápio da casa.
Entre as opções de drinques sem álcool, a soda é refrescante e a variedade agrada. De acordo com Luiz Henrique, no estabelecimento as opções da bebida variam desde soda de morango à soda de maracujá.
“O cliente escolhe o sabor e a gente prepara”, ressalta.
A oferta acompanha a tendência apontada por pesquisas recentes, que mostram que cada vez mais pessoas estão reduzindo o consumo de álcool e buscando alternativas mais leves para aproveitar a noite sem abrir mão do sabor.
Saiba mais sobre a pesquisa
Zero álcool: 64% dos brasileiros declararam não consumir bebidas alcoólicas em 2025, um aumento em relação a 2023, quando 55% disseram não consumir álcool.
Faixa etária
A abstinência aumentou de 46% para 64% entre as pessoas de 18 a 24 anos e de 47% para 61% entre os de 25 a 34 anos.
Escolaridade
Os maiores aumentos em relação à abstinência ocorreram ainda entre indivíduos com ensino superior (de 49% para 62%), moradores da região Sudeste (de 51% para 62%) e das classes A/B (de 44% para 55%), sendo mais acentuado nos municípios localizados em regiões metropolitanas e capitais.
Consumo
Além do aumento da abstinência, o consumo abusivo de álcool na faixa etária dos 18 a 24 anos diminuiu de 20% para 13% em dois anos e a maioria deles, quando bebe, consome uma ou duas doses por ocasião.
A pesquisa também indicou uma diminuição da frequência do consumo, com redução de 6 pontos percentuais na ingestão de bebida alcoólica uma vez por semana ou a cada quinze dias.
Consumo abusivo
No entanto, apesar da redução do consumo e ampliação da abstinência, o consumo abusivo (a partir de 4 doses) ainda é um desafio para a saúde pública.
Na pesquisa, o número passou de 17% (2023) para 15% (2025). Sua predominância continua maior entre os homens (65%), enquanto entre as mulheres predomina a abstenção (59%).
Bebedores abusivos têm uma falsa percepção de consumo: 82% acreditam beber de forma moderada, e apenas 9% reconhecem exagerar e precisar mudar.
Consumo pesado
O consumo pesado de álcool (7 doses ou mais por ocasião) é mais prevalente entre sexo masculino (26%), 25 a 44 anos (54%), ensino médio (25%) e das regiões Norte/Centro Oeste (31%).
Pesquisa
Foi realizada em setembro de 2025 e entrevistou 1.981 pessoas de 18 anos ou mais, homens e mulheres, das classes socioeconômicas A, B, C, D e E, em âmbito nacional.
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