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Doutor João Responde

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Colunista

Dr. João Evangelista

Os assustadores estertores da morte

Crônicas e dicas do doutor João Evangelista, que compartilha sua grande experiência na área médica

João Evangelista Teixeira Lima, Colunista de A Tribuna | 04/11/2025, 12:28 h | Atualizado em 04/11/2025, 12:28

Imagem ilustrativa da imagem Os assustadores estertores da morte
João Evangelista Teixeira Lima é |  Foto: Divulgação

Quando nascemos, a morte chora, com medo da vida. Quando morremos, a vida chora, com medo da morte. Imaginamos que a vida tem todas as respostas, mas a morte continua mudando as perguntas.

Quando o corpo desiste de adiar a morte, parando de lutar pela vida, surgem os sombrios estertores.

Enquanto a morte silenciosa refere-se a um processo natural, sem eventos dramáticos ou ruidosos, a morte barulhenta apresenta uma respiração ruidosa e gorgolejante que ocorre perto do fim da vida, devido à acumulação de secreções nas vias aéreas, embora não provoque desconforto ao paciente. 

Esse termo é aplicado às secreções ruidosas que são audíveis e podem ser angustiantes para os circunstantes, tanto dos cuidadores profissionais quanto das famílias de enfermos moribundos.

Estertores são produzidos quando o doente está próximo da morte e encontra-se muito fraco para limpar ou engolir secreções faríngeas.

A presença de secreção nas vias aéreas superiores, durante os movimentos de inspiração e expiração, é acompanhada de falência circulatória e afundamento do estado de consciência.

Tal sinal é um forte indicador de que a morte está próxima. Deve distinguir-se de dispneia, que se refere a uma sensação subjetiva de falta de ar ou esforço respiratório, descrito como desconforto ao respirar

O tratamento para reduzir os estertores da morte consiste principalmente em medicamentos antissecretores, que frequentemente são associados a efeitos adversos, como boca seca, retenção urinária, distúrbio visual e confusão. Ironicamente, pacientes com excesso de medicamentos são mais propensos a desenvolver os sons da morte.

Tentativas de remover as secreções por sucção levam a resultados adversos para o enfermo, incluindo desconforto, sangramento e vômito.

A crença geral entre os profissionais de saúde é que os moribundos com estertores da morte estão passando por sofrimento. Tratamentos convencionais são geralmente realizados para acalmar a família e a equipe, mas podem ser mais onerosos do que benéficos para o paciente.

O som ruidoso que ocorre naturalmente no final da vida não é indicativo de martírio do enfermo. Na verdade, é um indicador de morte iminente, quando há uma diminuição da consciência associada, de modo que secreções normalmente deglutidas ou eliminadas ficam retidas na faringe. Às vezes, esses sons ruidosos tornam-se bastante intensos, acompanhando a variação em outros ruídos das vias aéreas, como o ronco.

Uma maneira melhor de amenizar o sofrimento de familiares e médicos ao ouvirem o barulho secretório, sem que isso implique em medicar o paciente, é explicar o significado desses estertores para aqueles que os escutam.

O estertor pode ser comparado ao ronco, que é um som comum e familiar. A secreção que produz ruído nas vias respiratórias pode se comparada com o barulho produzido ao retirar o último líquido do fundo de um copo, com um canudo.

Depois de aprender a viver, o corpo aprende a morrer.

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