Marido tem esperança de que mulher contaminada no Santa Rita acorde no aniversário
Giane Corrêa Coutinho Santos, de 48 anos é técnica de enfermagem do Hospital Santa Rita, e apresentou sintomas respiratórios graves
A esperança é o que move o supervisor de obras Carlos Reis Matos dos Santos, de 53 anos, que há quase duas semanas acompanha de perto a luta da esposa, Giane Corrêa Coutinho Santos, de 48 anos, técnica de enfermagem do Hospital Santa Rita, em Vitória.
Internada desde o dia 15 de outubro, após apresentar sintomas respiratórios graves, Giani completa 49 anos nesta quarta-feira (29). Para o marido, o melhor presente será vê-la acordar e consciente. “Em nome de Jesus, ela vai estar conosco. Ela virou o jogo. Ontem, respirava 40% sozinha e hoje já respira 60%”, contou emocionado.
Giani, que trabalha no centro cirúrgico e há 14 anos está no Hospital Santa Rita, foi uma das profissionais afetadas por um surto infeccioso de causa ainda desconhecida que atingiu o hospital.
Carlos relatou que os sintomas da esposa começaram alguns dias antes da internação. “Ela já estava com tosse forte, dor no corpo e febre alta. Eu levei ela para trabalhar, mas vi que não estava bem. Falei: ‘você não vai trabalhar, vai para o pronto-socorro fazer exame’. E lá mesmo ficou”, explicou.
Ele contou ainda que Giani tem imunidade baixa e, embora seja hipertensa controlada, qualquer infecção atinge seu organismo de forma mais agressiva. “Essa bactéria afetou mais a ela justamente por isso”, disse.
Giani já havia se infectado com covid-19 em duas ocasiões, mas Carlos garante que o quadro atual é muito mais grave. “Covid é ‘fichinha’ perto do que ela ficou desta vez”, relatou.
O marido conta que a evolução do quadro de Giani foi rápida. “É uma bactéria que atacou ela velozmente. Foi muito rápido, muito feroz”.
Na residência do casal, ninguém mais apresentou sintomas, e Carlos acredita que a infecção tenha se limitado ao ambiente hospitalar. “Eu e meu filho estamos sempre próximos, e graças a Deus não pegamos nada. Parece que é algo que estava lá dentro do hospital”, afirmou.
Giani chegou a pedir ao marido para não ser entubada. “Ela até falou comigo, com a vozinha fraca: ‘Meu amor, não me deixe entubar’. Mas na hora, as médicas e enfermeiras precisaram fazer. Foi muito rápido”, recordou.
Na manhã de hoje, um grupo de amigos e parentes da técnica de enfermagem estiveram presentes em frente ao hospital orando por sua recuperação. “Ela é forte, está lutando, mas ainda não encontraram o remédio correto para a bactéria. A medicação que está sendo aplicada mantém ela estabilizada, mas a cura real ainda não chegou. Mas os exames estão melhorando aos poucos”, afirmou.
Casos
Em atualização na noite de hoje, o hospital informou que foram identificados 33 funcionários — entre médicos, enfermeiros e técnicos — com sintomas semelhantes aos de pneumonia.
Além dos colaboradores, dez casos semelhantes foram identificados entre pacientes e acompanhantes, que também estão em tratamento, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). A investigação segue em andamento.
Amostras de sangue, urina e secreções, além de coletas ambientais — como de ar-condicionado, bebedouros e superfícies — estão sendo analisadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Estado (Lacen-ES) para identificar a origem da infecção.
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