Inteligência Artificial já ajuda a tratar infertilidade
Tecnologias ajudam significativamente os tratamentos, aumentando as chances de sucesso dos procedimentos
Estima-se que 8 milhões de pessoas, no Brasil, podem ser inférteis, segundo a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA). Para aqueles que desejam engravidar e enfrentam problemas que afetam a fertilidade, tratamentos como o congelamento de óvulos e a fertilização in vitro são usados para realizar o sonho da gestação.
E agora esses tratamentos podem ser associados à Inteligência Artificial (IA), aumentando as chances de sucesso dos procedimentos. Um desses casos que tem auxiliado no congelamento de óvulos aqui no Espírito Santo são os testes de Inteligência Artificial (IA) Violet e Magenta.
A ginecologista e obstetra Vickie White, especialista em reprodução humana e vice-diretora da clínica Jules White, explica que os testes de IA, usados na clínica, permitem identificar e classificar os óvulos de acordo com a qualidade.
“No dia do congelamento de óvulos, realizamos fotografias desses óvulos, que são enviadas para a IA analisar a morfologia e o aspecto desses óvulos. A IA nos dá uma probabilidade estatística de termos um blastocisto (embrião de quinto dia de vida) e a probabilidade de um nascido vivo”, explica a médica.
Camila Poncio, ginecologista e obstetra, especialista em reprodução humana, destaca ainda que a IA tem potencial real de reduzir o número de tentativas necessárias para engravidar, principalmente por selecionar embriões com maior chance de implantação, aumentando a taxa de sucesso por transferência.
Camila, que ministrou ontem uma palestra sobre fertilidade feminina na era da IA no 28º Congresso Espírito-Santense de Ginecologia e Obstetrícia (Cesgo), destaca ainda que a ferramenta pode melhorar protocolos individualizados de estimulação, reduzindo ciclos cancelados ou com baixa resposta.
Ronney Vianna, ginecologista e especialista em reprodução humana assistida da Unifert, ressalta também que a Inteligência Artificial consegue, muitas vezes, ajudar o profissional, de uma forma clínica, a analisar exames de infertilidade e pensar em tratamentos mais assertivos.
“É um futuro para onde estamos caminhando, mas precisamos ainda de tempo”, ponderou.
Você sabia?
Cerca de 17,5% da população adulta - 1 em cada 6 em todo o mundo - sofre de infertilidade, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Estima-se que 35% dos casos de infertilidade estão relacionados à mulher, 35% ao homem, 20% a ambos e 10% por causas desconhecidas.
Tecnologias com Inteligência Artificial
1. Teste Violet
É um teste que utiliza um tipo de Inteligência Artificial para avaliar e pontuar a qualidade dos óvulos.
Ele funciona da seguinte forma: quando a paciente realiza um ciclo de estímulo ovariano para congelamento de óvulo, os embriologistas observam os óvulos por meio de um microscópio, capturando imagens de cada um dos óvulos maduros.
Após a coleta e captura de imagens, elas são enviadas para um software que utiliza a IA para analisar imagens com precisão e nível de detalhe além da capacidade visual humana.
Cada óvulo é, então, classificado em uma escala de 0 a 10, em que uma pontuação mais alta indica maior probabilidade de que o óvulo forme um blastocisto, um embrião em estágio de desenvolvimento mais avançado e com maior chance de implantação no útero.
2. Teste Magenta
Se assemelha ao Violet, porém destinado às pacientes que farão fertilização in vitro. É um teste usado para medir a qualidade dos óvulos. Ele fornece um relatório com as imagens dos seus óvulos (oócitos) e previsões personalizadas da probabilidade de cada um se tornar um embrião no quinto ou sexto dia.
3. Triagem assistida por IA
combinada a técnicas de PGT-A/PGT-M, a IA ajuda a detectar alterações cromossômicas com mais rapidez e precisão, melhorando a seleção embrionária, segundo Camila Poncio, ginecologista e obstetra.
4. IA e fertilidade
Suporte à decisão clínica personalizada: algoritmos de IA integram dados hormonais, idade, histórico reprodutivo e resposta a estímulos para ajudar a definir o melhor protocolo de estimulação ovariana, reduzindo riscos de hiperestimulação ou falhas de resposta.
5. Potencial
A IA está sendo usada para estimar qualidade/potencial, não necessariamente para diagnosticar ou excluir geneticamente. Ela não corrige aneuploidia (cromossomo a mais ou a menos), apenas ajuda a antecipar quais embriões têm maior chance de serem euploides ( normais geneticamente).
Fonte: Especialistas Vickie White e Camila Poncio.
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