Contaminação no Santa Rita: o que se sabe sobre o caso que deixou 14 internados
Funcionários, dentre eles médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e administrativos, passam por sintomas sugestivos de pneumonia
Um caso de contaminação por causa não identificada no Hospital Santa Rita de Cássia, em Vitória, já internou 14 funcionários desde a última semana. A Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) deu início a uma investigação.
Os colaboradores estão passando por sintomas sugestivos de pneumonia. Dentre os profissionais infectados, estão médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e até funcionários da área administrativa.
De acordo com informações da TV Tribuna/Band, os funcionários foram submetidos à exames de urina e de sangue, que foram coletados e enviados para laboratório de São Paulo.
Por meio de nota, o Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes) informou que as cirurgias no Hospital Santa Rita foram todas suspensas e tem adotado as providências cabíveis.
A entidade ainda afirma que acionou a Vigilância Sanitária e a Sesa, além de outros setores competentes, solicitando a apuração rigorosa dos fatos e a verificação das condições ambientais, estruturais e de segurança do hospital.
Também informa que encaminhou ofício à direção do Hospital Santa Rita, requerendo um posicionamento formal sobre o ocorrido, bem como informações detalhadas sobre as medidas corretivas e preventivas adotadas para garantir a segurança de médicos, demais profissionais e, principalmente, dos pacientes.
Entenda o caso
O Hospital Santa Rita de Cássia, em Vitória, está investigando uma possível contaminação que causou a internação de 14 funcionários desde a última semana. De acordo com a instituição, os colaboradores apresentaram sintomas sugestivos de pneunomia, sem semelhanças entre si — e a hipótese inicial é de causa ambiental.
O possível surto também é investigado pela Secretaria de Saúde (Sesa), que afirmou que até então, indícios apontam que os casos estão restritos ao ambiente e ao grupo que foi afetado inicialmente. "Até o momento, não há evidências de transmissão interpessoal nem registro de novos casos com início recente de sintomas", informou a pasta.
Ainda de acordo com a Sesa, a unidade hospitalar está tomando medidas corretivas e preventivas para prevenir novos casos. Durante a investigação, que segue em andamento, estão sendo coletadas informações, análises de amostras e avaliação das condições ambientais para esclarecer as causas do episódio.
O que diz o hospital
Procurado pela reportagem, o Hospital Santa Rita confirmou que está apurando casos identificados entre funcionários que atuam em uma área específica da unidade hospitalar. De acordo com a instituição, nenhum paciente internado apresentou sintomas semelhantes — levantando a hipótese inicial de uma possível causa ambiental.
De acordo com o hospital, na última semana, colaboradores apresentaram 'sintomas com alterações radiológicas sugestivas de pneumonia'. Entre os afetados, 14 foram internados na própria instituição, sendo dois deles na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
"O número de casos está atualmente em curva decrescente, não havendo novas internações desde 22 de outubro. Atualmente, há seis internados em enfermaria e apenas um em UTI, todos em evolução clínica favorável", informou a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar da instituição.
Ainda segundo o hospital, todos os atendimentos e serviços seguem funcionando normalmente e protocolos de assistência e vigilância foram reforçados.
"O monitoramento pós-alta está sendo realizado pela equipe de Medicina do Trabalho, que acompanha de perto a recuperação dos colaboradores. Expressamos solidariedade e apoio a todos, reafirmando o compromisso permanente com a qualidade, a segurança e a transparência institucional", concluiu.
Secretário de Saúde fala sobre surto no Hospital Santa Rita
O Secretário Estadual de Saúde, Thyago Hoffmann, fez um pronunciamento a respeito do surto de uma infecção não identificada que está afetando funcionários do Hospital Santa Rita de Cássia, em Vitória. Mais de 14 funcionários estão internados desde a última semana, com sintomas sugestivos de pneumonia, mas sem semelhanças entre si.
De acordo com o Secretário, a Secretaria de Saúde assim que tomou conhecimento do cenário, acionou as equipes de Vigilância Sanitária e do Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen/ES).
“Nossas equipes estão desde segunda-feira (20) no hospital trabalhando para encontrar a causa dessa infecção e evitar que isso se espalhe, além de ajudar no tratamento dos pacientes”, afirmou Hoffmann.
O subsecretário da pasta, Orlei Amaral Cardoso, ressaltou que a equipe da vigilância sanitária está atuando na vistoria de equipamentos e também nas orientações para evitar novas contaminações.
Já Rodrigo Ribeiro Rodrigues, coordanador do Lacen/ES, destacou que o laboratório atua na coleta para tentar identificar a causa da doença. A hipótese traçada é de uma doença causada por uma bactéria ou fungo.
Funcionária internada afirma: 'não tenho diagnóstico'
Em vídeo enviado à reportagem da TV Tribuna/Band, uma funcionária internada no hospital relatou o quadro enfrentado. Segundo ela, exames sugerem um quadro de pneumonia, mas a causa da infecção ainda não foi identificada.
"Na sexta passada, 120 PCR. Quando eu voltei no sábado, meu PCR já estava 197. Ele subiu, assim, bruscamente. [...] Aí quando ela [médica] fez a tomografia do meu pulmão, ela viu que o meu pulmão estava todo ferrad*, sugestivo de uma pneumonia viral", contou a mulher, que não teve a identidade revelada.
A funcionária relatou, ainda, que foi a terceira colaboradora a ser internada durante o possível surto. "Eu fui sabendo de casos de mais amigos que foram internando. Eu fui a terceira pessoa a ser internada. E de sexta, para o sábado, para o domingo, 'pipocou'. Eu estou nessa luta desde sábado, sem saber o que é, não tenho diagnóstico. Estão investigando para saber o que que é".
A mulher conta que está apresentando melhora, mas não possui previsão de alta, já que o diagnóstico ainda não foi fechado. "A médica conversou comigo ontem: 'seu pulmão está desinflamando, só que a gente não sabe o que causou. Como a gente vai te dar alta se a gente não sabe o que causou? E se você vai para casa e piora?' Então eles estão tentando descobrir".
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