“A pressão hoje para performar é maior”, diz especialista sobre a Geração Z
Geração Z vive sob pressão constante em um mundo de comparações

Se antes bastava trabalhar duro e cumprir o dever, hoje é preciso ser bom em tudo: produtivo, saudável, sociável, criativo e feliz. A geração Z cresce sob pressão constante para performar, em um mundo onde o descanso é culpa e a comparação é diária.
Thaís Fagundes, psicóloga clínica, analisa que gerações anteriores costumam dizer que os jovens de hoje são fracos.
“Aquela frase: 'na minha época não era assim' virou mantra de alguns líderes, pais e professores ao lidar com as novas gerações”.
“O que observo na clínica, e ao estudar comportamento e sociedade, é que a pressão sobre eles hoje é maior, ou pelo menos de uma ordem diferente, em um mundo que mudou completamente”, avalia a psicóloga.
A Tribuna — Estamos lidando hoje com uma geração “mais fraca”?
Thaís Fagundes — A verdade é que não são fracos, como se tivessem algum defeito moral. Alguns, sim, podem precisar desenvolver resiliência, inteligência emocional ou tolerância à frustração, mas isso não é exclusivo dos jovens.
É só pensar: se antigamente você não trabalhasse em uma profissão na qual a vida de outras pessoas dependesse do seu trabalho (por exemplo, um médico), era pouco provável que alguém ligasse para sua casa, no telefone fixo, para falar algo sobre o trabalho. Hoje, esses jovens “fracos” são bombardeados por mensagens no WhatsApp a qualquer hora, em qualquer dia.
Esses jovens passaram por uma pandemia, quando a situação financeira do País já não era das melhores, e ainda eram cobrados por manter a produtividade, enquanto conviviam com o medo da morte.
A cultura da performance (“vencer antes dos 30”) tem adoecido mentes jovens?
Com toda certeza. Há um imperativo para que o jovem “dê certo”, que encontre sucesso em uma carreira estável, conquiste bens materiais, seja amado e faça viagens incríveis pelo mundo.
O roteiro a ser seguido era ingressar na faculdade, ser brilhante lá, conseguir os melhores empregos, avançar para cargos elevados, ter sua casa, seu carro, uma família para chamar de sua e viajar anualmente com eles. Pronto! Essa era a meta. E tudo isso antes dos 30.
Temos uma geração com mais dificuldade em lidar com frustrações?
Acho que os seres humanos têm mais dificuldade em lidar com frustrações. Esse argumento de que os jovens hoje são frágeis ou pouco tolerantes à frustração não se sustenta; é generalista demais.
Há jovens com dificuldade em lidar com frustração? Claro! Assim como há crianças, adultos e idosos com esse desafio. A questão é que hoje, talvez pelas redes sociais, tudo ficou extremamente amplificado.
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