Chips hormonais
Tudo o que você precisa saber para uma alimentação saudável no dia a dia
E se você pudesse implantar um dispositivo sob a pele e, em poucas semanas, conquistar o corpo que sempre sonhou? Mais músculos, menos gordura, libido em alta. Essa é a promessa sedutora dos “chips da beleza”, febre que vende atalhos para a perfeição. Mas por trás do marketing de resultados rápidos há uma verdade incômoda: riscos reais, às vezes irreversíveis. O que separa um tratamento seguro de um modismo perigoso? Ciência, ética e informação de qualidade.
Nos últimos anos, os implantes hormonais subcutâneos (pellets) — com testosterona, gestrinona e outros hormônios — se popularizaram sob rótulos de “bioidênticos” e “naturais”, usados para fins estéticos como ganho de massa, redução de gordura e aumento da libido, sem respaldo robusto em diretrizes reconhecidas. O Conselho Federal de Medicina, pela Resolução CFM nº 2.333/2023, veda o uso de terapias hormonais para fins estéticos. Ponto.
Pior que a falta de evidência são as consequências. No consultório, vemos mulheres com efeitos de médio e longo prazo: acne resistente, queda de cabelo acentuada, engrossamento da voz, aumento de pelos, irregularidade menstrual, alterações de humor, insônia e, em casos graves, eventos tromboembólicos e complicações cardiovasculares. O que começa como busca por bem-estar vira desequilíbrio hormonal e metabólico que compromete a saúde e a autoestima.
A verdade é simples: não existem atalhos. Antes de qualquer intervenção, o passo seguro é um check-up médico e nutricional completo, avaliando carências de vitaminas e minerais, inflamação silenciosa, saúde intestinal e metabolismo. Muitas queixas de fadiga, baixa libido e dificuldade de emagrecer se resolvem ajustando a base: alimentação anti-inflamatória, sono reparador, atividade física regular, hidratação, manejo do estresse, evitar álcool em excesso e não fumar. Constância supera modismo.
É essencial diferenciar a terapia hormonal indicada — para deficiências comprovadas ou sintomas intensos da menopausa, com exames, diagnóstico e acompanhamento por médico especialista — do uso irresponsável de implantes estéticos. A primeira é ciência aplicada; a segunda, marketing disfarçado de saúde. Aqui, nutrição e nutrologia atuam como parceiras do cuidado: corpo bem nutrido, intestino equilibrado e rotina coerente potencializam qualquer tratamento necessário e reduzem riscos.
Se você cogita iniciar terapia hormonal, procure um médico qualificado, questione, avalie riscos e benefícios. Desconfie de promessas milagrosas e de “protocolos prontos” das redes sociais. Seu organismo não precisa de pressa; precisa de coerência. O que o marketing promete em 30 dias, a ciência constrói com estilo de vida — e entrega resultados que ficam. No fim, nenhum chip substitui o poder do autocuidado e do respeito à sua biologia.
Agradeço a parceria da Dra. Karoline Calfa, Médica – CRM/ES 6411, Nutróloga – RQE 6156 e Corregedora do CRM-ES, pela colaboração na escrita desta coluna e pelas informações valiosas que reforçam o compromisso com a ética, a ciência e a saúde da mulher.
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