Parque Casa do Governador recebe 1ª Festa Literária Internacional Capixaba
A programação da Flinc, que acontece de sexta-feira (10) a domingo (12), tem workshops, saraus, contação de histórias e shows

O Parque Cultural Casa do Governador, em Vila Velha, será palco, desta sexta-feira (10) a domingo (12), da primeira edição da Festa Literária Internacional Capixaba (Flinc), um evento gratuito que reunirá mais de 60 convidados e 30 atividades, entre mesas de debate, lançamentos de livros, oficinas, espetáculos musicais e o espaço infantil Flinquinha.
Idealizada pela doutora em Literatura Isabella Baltazar, a Flinc nasce com o propósito de celebrar o encontro entre autores e leitores, promovendo um diálogo entre o Estado, o Brasil e o mundo.
“Queremos que o evento se torne um momento de encontro da literatura capixaba com o público, mas também que dialogue com outras culturas. Por isso é uma festa internacional”, afirma a curadora.
A programação mistura literatura, teatro, música e artes visuais. Haverá workshops, saraus, contação de histórias e shows, entre eles de Nei Lopes, no sábado, e o cortejo da banda de congo Viramundo, no domingo. “A letra atravessa todas as linguagens”, explica Isabella.
Entre os destaques da programação está a poeta e atriz Suely Bispo, que participa da mesa “Tudo o que o verso toca: o mundo em experiência poética”.
“A minha poesia nasce do corpo. Antes de escrever, eu era atriz, e o teatro me aproximou da palavra. A Flinc é o espaço que celebra encontros entre quem produz e quem consome literatura”, diz Suely.
Ela destaca a homenagem à dramaturga Vera Viana. “Um nome que a gente não pode esquecer”.
Já a escritora Joana Herkenhoff, mediadora da mesa “A literatura capixaba entre ausências e reinvenções”, destaca o papel da festa como marco para o Estado.
“Há muito tempo não tínhamos um evento que reunisse escritores e leitores no mesmo espaço. A Flinc faz essa ponte e mostra que temos uma literatura potente, que merece visibilidade nacional”, afirma.
Com atividades das 9h às 21h e classificação livre, a Flinc busca ser, nas palavras de Isabella, “um lugar de pertencimento”.
“Mais do que uma feira, a festa propõe um gesto de abertura, onde educação, literatura e cultura caminham juntas, reafirmando que literatura é direito, e não privilégio”, finaliza Isabella.
“Literatura é um espaço de reflexão e enfrentamento”

Uma das convidadas do bate-papo “O verbo que resiste: escrita e ferida colonial”, que acontece sábado (11), durante a programação da Festa Literária Internacional Capixaba, é a escritora Micheliny Verunschk.
A autora estará ao lado de Andreone T. Medrado, com mediação de Obirin Odara, em uma conversa que propõe refletir sobre a escrita como forma de resistência e sobre as marcas deixadas pela colonização na literatura e na formação do território brasileiro.
A Tribuna — De que forma pretende levar seus conhecimentos e experiência como escritora para o debate?
Micheliny Verunschk — A ideia é justamente confrontar o passado e o presente. É um debate sobre as consequências desse passado colonial na formação do Brasil, na nossa cultura e nas nossas feridas enquanto sociedade. Então, o que eu quero levar é essa reflexão: como a literatura pode ser uma forma de resistência e também de cura, ao mesmo tempo em que questiona e revisita as dores da nossa história.
Qual a importância que você vê em eventos como a festa literária?
Esses eventos são maravilhosos. Eles cumprem um papel essencial de aproximar o autor do leitor e o leitor do livro. São momentos importantes não só de difusão da literatura, mas de troca, de debate, de circulação de ideias. Para mim, é um espaço de resistência e de encantamento ao mesmo tempo.
Você é autora do livros “O Som do Rugido da Onça”. Além desse, possui outros que dialogam com essa ideia?
Sim. Esse livro faz parte do que chamo de Tetralogia do Mato. Além dele, existe 'Caminhando com os Mortos', que trata da intolerância religiosa'; e Depois do trovão'. Todos têm essa perspectiva decolonial.
De que forma trazer essas histórias reais e de ficções, que dialogam com essas feridas históricas, ajuda a colocar o tema em debate na sociedade?
Eu acredito que quando a gente reflete sobre os males de origem da nossa sociedade, seja pela arte, seja pelo debate intelectual, a gente coloca essas violências em xeque. Colocando-as em xeque, talvez a gente consiga superá-las no futuro.
A literatura, nesse sentido, é um espaço de reflexão e também de enfrentamento. É onde a gente se olha no espelho da história e tenta, de alguma forma, reescrever esse olhar.
Serviço
1ª Festa Literária Internacional Capixaba (Flinc)
- Quando: De sexta-feira (10) a domingo (12).
- Onde: Parque Cultural Casa do Governador, Praia da Costa, Vila Velha.
- Entrada: Gratuita.
Sexta-feira — 10/10
Entre 8 horas às 15h30: A festa acontece exclusivamente para escolas.
15h30: Abertura para público geral.
16 horas: Bate-papo “Livros e lutas: bibliotecas comunitárias e o direito à leitura”, com Priscila Costa, Josi Santos e Maria Amélia Dalvi.
17 horas: Bate-papo “Santo de casa faz milagre: a literatura capixaba entre ausências e reinvenções”, com Andréia Delmaschio, Marina Miranda, Hugo Estanislau.
18 horas: Bate-papo “Programa Marca-texto: ao vivo na Flinc – Literatura com endereço”, com Monique Malcher e Bernadette Lyra.
19 horas: Abertura oficial
19h30: Autora homenageada Vera Viana. Entrega da comenda para sua filha Carol e as academias de Letras do Estado.
20 horas: Bate-papo “As letras como direito: literatura, dignidade e justiça social”, com padre Julio Lancellotti e Katia Fialho.
Sábado — 11/10
8 horas: Abertura do parque.
9 horas às 11 horas: Contação de história “Uma festa presente”, de Adélia Oliveira; “Aprendi com a vovó” e “A viagem de Alika”, de Rafaela Camargo.
9 horas: Visita guiada entre folhas: “O parque como página viva”.
10 horas: Bate-papo “Guardiãs da memória: narrar e imaginar outras mulheres negras”, com Amanda Julieta e Yasmin Santos.
11h15: Bate-papo “A força literária das ilustrações: desenhar também é narrar”, com André Dahmer e Aline Lemos.
12h30: Bate-papo “O verbo que resiste: escrita e ferida colonial”, com Andreone T. Medrado e Micheliny Verunschk.
13h45: Palestra “ Vozes independentes do Mercado Editorial”, com Cidinha da Silva.
15 horas: Bate-papo “Tudo o que o verso toca: o mundo em experiência poética”, com Suely Bispo, Márcia Kambeba, Fabrício Corsaletti.
16 horas: Slam na obra “Púlpito Público”.
16h15: Bate-papo “A realidade tem estrutura de ficção”, com Vera Iaconelli e Manoela Sawitzki.
17 horas: Workshop “Ateliê Aberto”, com Bebel Books.
18 horas: Bate-papo “Tudo-está-ligado: Literatura, Memória e História – Um diálogo”, com Pepetela.
20 horas: Show de Nei Lopes.
Domingo — 12/10
8 horas: Abertura do parque Flinquinha.
9 horas: Contação de história “Uma festa presente”, de Adélia Oliveira.
9h30 às 10h30: Visita guiada entre folhas.
9h30 às 10h30: Minioficina de congo com a banda de congo Viramundo.
9h30 às 10h30: “A máquina de desenho”, com Thiago Egg.
10 horas: Bate-papo “Escrita insurgente: travessias de pertencimento”, com Vitor Martins, Olívia Pilar, Ediphôn Souza.
11 horas: Orquestra Sinfônica do Estado.
12 horas: “A máquina de desenho”, de Thiago Egg.
12h15: Sarau da Barão - Edição especial Flinc.
13 horas: Palestra “Reflorestamento do Imaginário”, com Geni Núñez.
14 horas: Cortejo de encerramento com banda de congo Viramundo.
MATÉRIAS RELACIONADAS:




Comentários