Intoxicação por metanol: identificar os sinais é essencial, afirma médico
Segundo o médico oftalmologista Alexandre Pinheiro, o País está diante de uma provável nova epidemia

Diante do aumento de casos suspeitos de intoxicação por metanol no País, é importante identificar os sinais da contaminação.
Segundo o médico oftalmologista Alexandre Pinheiro, o País está diante de uma provável nova epidemia, mas deve-se tomar muito cuidado com as informações falsas que circulam, principalmente relativas aos sintomas.
Ao sentir náuseas, visão embaçada e tontura após ingerir bebidas destiladas, a pessoa deve imediatamente procurar um serviço de pronto atendimento de saúde.
Ele destaca que o problema não é o metanol em si, mas o ácido fórmico, formado após a metabolização do metanol no fígado. É esse metabólito que causa necrose e perda visual grave.
“Identificar os sinais é absolutamente essencial. A intoxicação por metanol tem uma janela terapêutica muito estreita. Quanto mais precoce o diagnóstico e o início do tratamento, maiores são as chances de evitar sequelas permanentes, especialmente a cegueira irreversível. O problema é que os sintomas iniciais podem ser confundidos com uma simples ressaca ou mal-estar passageiro, o que faz muitas pessoas perderem tempo precioso”.
Por isso, como orienta, conhecer os sinais específicos, principalmente os visuais como visão embaçada, sensibilidade à luz e alterações na percepção de cores, pode fazer toda a diferença entre preservar ou perder a visão definitivamente.
A toxicologista e perita geral adjunta da Polícia Científica no Estado, Daniela de Paula, também chamou a atenção para os sintomas.
“Eles podem começar de forma parecida com os de uma leve embriaguez – tontura, fala arrastada, entre outros. Porém, os sintomas digestivos tendem a ser mais intensos, com náuseas, vômitos e cefaleia. O principal diferencial da intoxicação por metanol, é o seu efeito no nervo óptico, que pode causar visão embaçada, dor ocular, sensibilidade à luz e até perda do campo visual”.
Ela ressalta ainda que em casos mais graves, a evolução pode levar à confusão mental, coma e até óbito. “Quando alguém se sente mal após o consumo de bebida e suspeita de possível contaminação com metanol, o ideal é procurar imediatamente um serviço de saúde”.
Tire suas dúvidas
1 - Um único sintoma já é motivo para procurar atendimento?
Sim, principalmente se for um sintoma visual após consumo de bebida alcoólica. “Qualquer alteração na visão – seja embaçamento, sensibilidade à luz, pontos luminosos ou dificuldade para enxergar cores – deve ser tratada como emergência médica”, disse o médico oftalmologista Alexandre Pinheiro.
Segundo ele, o ácido fórmico age rapidamente nas células da retina e nervo óptico, e cada hora perdida reduz as chances de recuperação.
“Mesmo que seja apenas um sintoma isolado, é preferível um ‘alarme falso’ no pronto-socorro do que esperar e descobrir tarde demais que era intoxicação por metanol. As primeiras seis horas são cruciais para o sucesso do tratamento. Portanto, diante de qualquer sinal suspeito, especialmente visual, o atendimento médico deve ser imediato”, disse.
2 - Qual é o próximo passo?
busque atendimento médico de emergência imediatamente. Não espere os sintomas piorarem, alertou o oftalmologista Alexandre Pinheiro.
“No hospital, informe ao médico sobre o consumo de bebida alcoólica e a possibilidade de intoxicação por metanol, especialmente se a bebida foi adquirida em local não regularizado ou tinha preço muito abaixo do mercado”.
3 - E os exames?
O tratamento inclui exames laboratoriais para confirmar a presença de metanol no sangue e medição da acidose metabólica. O protocolo terapêutico pode envolver a administração de antídotos como etanol ou fomepizol, que impedem a metabolização do metanol em ácido fórmico, além de hemodiálise nos casos mais graves para remover a substância do organismo, explicou o médico.
Já A Polícia Científica do Estado é a única que realiza os exames para detecção de metanol em casos suspeitos de intoxicação post-mortem (depois da morte).
De acordo com a toxicologista e perita geral adjunta da Polícia Científica, Daniela de Paula, os exames fazem parte da pesquisa de substâncias voláteis, que incluem o etanol, metanol e outros compostos que podem estar presentes, como clorofórmio.
“Esses exames são geralmente realizados com amostras de sangue — embora também possam ser feitos com urina —, mas o sangue é o ideal por possibilitar a análise quantitativa, essencial para vincular a substância com a possível causa do óbito”.
A detecção de metanol, especificamente, pode ser realizada em um prazo médio de até 72 horas, quando se trata de exames feitos na Polícia Científica.
Entretanto, ela esclarece que, devido a situação atual está em alinhamento com a Sesa medidas de apoio aos eventuais casos de intoxicação no Estado, com a finalidade de auxiliar na definição do diagnóstico e na condução do tratamento com antídoto.
Fonte: Especialistas entrevistados.
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