Conheça o remédio que reduz a pressão arterial em 12 semanas
Os pesquisadores testaram uma pílula que promete resultado em pouco tempo de tratamento, facilitando a adesão dos pacientes

Um estudo brasileiro confirmou a eficácia de uma nova pílula única, com três substâncias, para o tratamento da hipertensão. Além de reduzir a pressão arterial em 12 semanas, especialistas afirmam que o principal benefício será facilitar a adesão.
O medicamento avaliado associa três substâncias. São elas: candesartana, anlodipino e clortalidona. Cada uma delas é usada separadamente para tratamento de hipertensão.
Segundo Vagner Madrini Júnior, cardiologista e pesquisador clínico no Einstein Hospital Israelita, instituição que conduziu o estudo, tratou-se de um estudo de validação.
“É uma doença muito comum. Por volta de 1,3 bilhão de pessoas vão ter hipertensão arterial. Ter mais uma terapia à disposição pode fazer toda a diferença. Essa é a importância do estudo que conduzimos”.
Para descobrirem sua eficácia, os pesquisadores acompanharam 703 pacientes, todos com pressão alta, em sua maioria mulheres.
Ao término da pesquisa, eles chegaram à conclusão de que o medicamento reduziu mais a pressão que o tratamento com os remédios separados. Além disso, afirmaram que a maioria seguiu bem o tratamento e que efeitos colaterais graves foram raros.
“Esse estudo comprovou algo que já tendenciávamos: a associação é muito boa para tratar a hipertensão. Com ela, conseguimos uma posologia menor, com menos efeitos colaterais. Mas o principal é a questão da aderência”, destaca Diogo Barreto, cardiologista e professor da Universidade Multivix.
A maior dificuldade dos pacientes com hipertensão é continuar a fazer o tratamento, ou seja, aderir a ele, acrescenta Augusto Neno, cardiologista da MedSênior.
“O número de pessoas que estão com seus níveis de pressão controlados não alcança 40% do total”.
Ele explica o motivo. No tratamento, você vai aumentando doses e associando classes de remédio para atingir o objetivo.
“É possível aumentar até 5 substâncias, dependendo do grau de resistência do paciente. Então imagina quantas pílulas esse paciente vai ter que tomar por dia?”.
Além disso, destaca, é comum ter outras doenças associadas, o que significa mais remédios para manter o controle, como diabetes.
“O estudo é muito bem-vindo. Foi um resultado muito bom e vai ajudar os pacientes a terem uma adesão melhor ao tratamento medicamentoso”.
Dois medicamentos para a hipertensão

O empreendedor Fabiano Campello conta que, em 2018, teve um “pico de estresse muito alto”. Isso o levou a uma angioplastia (procedimento para desobstruir artérias) e tomar remédio controlado para manter a pressão sob controle.
“Eu sou cardiopata. Tomo dois remédios controlados para a pressão, com o objetivo de mantê-la sob controle”, afirma.
O empreendedor conta que não sabia desse novo remédio único, mas acredita que poder tomar apenas um poderia ajudar muito.
“Acredito que melhoraria a minha qualidade de vida. Entretanto, primeiramente, teria de passar pela avaliação do meu cardiologista. Eu também precisaria avaliar o custo”, destaca.
Você sabia?
Segundo dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2023, cerca de 27,9% da população brasileira sofre com hipertensão arterial, o que pode aumentar o risco de várias outras doenças, inclusive o infarto.
Saiba Mais
Remédio
Segundo a Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos (Abradilan), a pílula combina os princípios ativos candesartana, anlodipino e clortalidona, pela primeira vez, em um único comprimido.
Estudo
Avaliou a segurança e eficácia do medicamento, com resultados positivos.
Conduzido em 19 centros clínicos brasileiros, o estudo acompanhou 703 participantes, todos com pressão alta no início.
A média da idade era de 58 anos, sendo que a maioria dos participantes eram mulheres (62,7%).
Eles foram separados em dois grupos: um controle e o outro experimental. Esse último recebeu o novo medicamento.
Resultado
Depois de 12 semanas, a pressão caiu nos dois grupos acompanhados, mas a melhora foi maior entre os que estavam no grupo experimental: a pressão máxima (sistólica) diminuiu em média 22 pontos, contra 18 pontos no grupo de comparação.
A pressão mínima (diastólica) também caiu mais no grupo experimental (14 pontos contra 12).
Além disso, os pesquisadores destacaram que a aderência ao tratamento foi alta.
O estudo foi financiado pela farmacêutica LIBBS e conduzido pelo Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. A pesquisa foi apresentada no Congresso Europeu de Cardiologia (ESC) e considerada um dos destaques do evento, de acordo com a Abradilan.
Hipertensão
É uma doença crônica caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias.
Se estiver descontrolada traz risco maior de Acidente Vascular Cerebral (AVC), infarto, insuficiência renal e cardíaca, além de comprometer a visão e a função renal.
O cardiologista Augusto Neno destaca que a hipertensão é um dos principais fatores da mortalidade cardiovascular. “É nesse sentido que esse novo medicamento pode beneficiar muito. Ele permite uma adesão maior ao tratamento, o que pode reduzir várias situações ruins que a hipertensão causa”.
Remédio sozinho não basta
Para controlar a pressão, além do remédio, é preciso adotar hábitos saudáveis. Um deles é a redução do peso, caso necessário.
A Alimentação deve conter pouco sal, com a diminuição de alimentos processados e ultraprocessados.
Atividade física: é recomendado que seja feita de forma regular, com pelo menos 150 minutos de atividade aeróbica durante a semana.
Também é indicado que sejam reduzidos hábitos nocivos como bebiba alcoólica e tabagismo.
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