Intoxicação por metanol: como estão investigações até agora
Autoridades orientam a população sobre a importância de não consumir produtos falsificados e de procurar ajuda médica, caso apresente sintomas

As investigações sobre casos de intoxicação por consumo de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol continuam em andamento, assim como as fiscalizações aos estabelecimentos que vendem produtos falsificados. Depois de São Paulo, outros Estados também começaram a registrar notificações.
Autoridades orientam a população sobre a importância de não consumir produtos falsificados e de procurar ajuda médica, caso apresente sintomas. A intoxicação por metanol é grave, pode levar à cegueira permanente e até a morte.
Como estão as investigações em São Paulo?
Com o maior número de casos, o Governo de São Paulo mantém desde terça-feira, 30, um gabinete de crise para intensificar as ações contra a contaminação por metanol. A força tarefa é composta pelas secretarias da Saúde, Segurança Pública, Fazenda e Justiça.
Durante ações relacionadas ao crime de falsificação de bebidas, 30 pessoas foram presas ao longo deste ano, sendo que oito foram detidas na última semana.
O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) determinou que a Secretaria da Fazenda cancele, de forma cautelar, a inscrição estadual de todos os estabelecimentos flagrados vendendo bebidas falsificadas, adulteradas ou sem nota fiscal.
Até sexta-feira, 3, 10 estabelecimentos nas cidades de São Paulo, São Bernardo, Osasco e Barueri foram interditados após fiscalização. Somente nesta semana foram apreendidas 4.500 garrafas.
Além de ações por parte de governos estaduais, a Polícia Federal também abriu inquérito para investigar os casos.
Na quinta-feira, 2, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, também anunciou um conjunto de ações estratégicas. Uma sala de situação foi criada para monitorar e coordenar a resposta nacional.
Qual o balanço de casos no Brasil?
Conforme última divulgação feita no domingo, 5, o Ministério da Saúde confirmou 225 registros de intoxicação por metanol após ingestão de bebida alcoólica no Brasil.
O número leva em consideração os casos investigados e confirmados que vêm sendo reportados pelos Estados e consolidados pelo Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde Nacional (CIEVS).
Em todo o País, são 16 casos confirmados. Os outros 209 ainda estão sob investigação em 13 Estados – Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pernambuco, Paraná, Rondônia, São Paulo, Piauí, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Paraíba e Ceará. Bahia e Espírito Santo tiveram os casos registrados descartados.
O metanol é usado como matéria-prima para combustíveis e é impróprio para consumo humano, mas estaria sendo utilizado na falsificação de bebidas alcoólicas. Os casos, que tiveram início em São Paulo, ocorreram após o consumo de bebidas alcoólicas destiladas, como gim, vodca e uísque.
Qual a situação dos casos em SP?
O Estado de São Paulo concentra a maior parte das notificações, entre 14 confirmadas e outras 178 em investigação. Os dois óbitos já confirmados por intoxicação por metanol no Brasil também aconteceram no Estado.
A primeira morte confirmada foi a de um homem de 54 anos, no dia 15 de setembro. Depois, no sábado, 4, a Secretaria de Saúde de São Paulo divulgou a segunda vítima, um homem de 46 anos. Ambos eram da capital paulista.
Atendimento médico deve ser feito o mais rápido possível
De acordo com o governo estadual, o paciente com quadro incomum após ingestão de bebida alcoólica deve procurar atendimento médico imediato, para realizar exames laboratoriais e avaliação oftalmológica.
Os sintomas de alerta são: dores abdominais intensas, tontura e confusão mental.
O socorro em até 6 horas após o início dos sintomas é fundamental para evitar o agravamento do quadro clínico do paciente.
No sábado, o Ministério da Saúde disse que iniciou a distribuição de etanol farmacêutico, antídoto utilizado no tratamento de pacientes intoxicados por metanol, aos Estados que formalizaram pedido de reforço de estoque.
Como denunciar?
Denúncias sobre possíveis irregularidades e suspeitas a respeito de bebidas adulteradas podem ser enviadas pelo Disque Denúncia 181 ou pelo site da Polícia Civil de São Paulo. Clique aqui para saber mais.
O Procon-SP também recebe denúncias pelo Disque 151 e pelo site, onde o consumidor também encontra informações sobre como realizar a queixa.
Além disso, o número 0800 642 9782 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), segue disponível para esclarecer dúvidas da população, profissionais e comerciantes sobre intoxicações e procedimentos.
Quais são as orientações para os consumidores ao comprar bebidas, segundo o Procon-SP?
- Procure estabelecimentos conhecidos ou dos quais tenha referência.
- Desconfie de preços muito baixos – no mínimo podem indicar alguma falha como sonegação e adulteração, por exemplo.
- Observe a apresentação das embalagens e o aspecto do produto: lacre ou tampa tortos ou “diferentes”, rótulo desalinhado ou desgastado, erros de ortografia ou logos com “variações”, ausência de informações como CNPJ, endereço do fabricante ou distribuidor, número do lote, e outra imperfeição perceptível.
- Ao notar alguma diferença, não fazer testes caseiros como cheirar, provar ou tentar queimar a bebida. Essas práticas não são seguras nem conclusivas.
- Fique atento a sintomas após o consumo: visão turva, dor de cabeça intensa, náusea, tontura ou rebaixamento do nível de consciência, isso pode indicar intoxicação por metanol ou por bebida adulterada.
- Busque atendimento médico imediato: se houver qualquer sintoma suspeito, o consumidor deve procurar urgência médica sem demora.
- Comunique as autoridades competentes: Disque-Intoxicação (0800 722 6001, da Anvisa) para orientação clínica/tóxica; Vigilância Sanitária local (municipal ou estadual); Polícia (civil); Procon (órgão de defesa do consumidor); quando aplicável, outros órgãos relacionados (Ministério da Agricultura, etc).
- Exija sempre a nota fiscal ou comprovação de origem: documento precisa ter todas as informações de identificação do fornecedor e da compra, isso ajuda na rastreabilidade do produto e é uma garantia para o consumidor em eventual reclamação.
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