Polícia vai rastrear venda de gin, vodca e uísque
No Espírito Santo, o produto falsificado teria sido vendido para bares e consumidores de Cachoeiro e Marataízes

Diante dos recentes casos confirmados de intoxicação por bebidas falsificadas registrados em São Paulo, um alerta se acende no Espírito Santo: centenas de garrafas de vodca, uísque e gin adulterados foram vendidas no Estado, e a polícia vai rastrear essas vendas.
A Polícia Civil identificou que os fornecedores dessas bebidas são de São Paulo, estado que concentra as investigações sobre mortes por envenenamento. Até o momento, uma morte foi confirmada no País e outras 11 estão sob investigação.
No Espírito Santo, o produto falsificado teria sido vendido para bares e consumidores de Cachoeiro de Itapemirim e Marataízes, conforme revelou à polícia um jovem de 24 anos, preso durante a Operação Brinde Amargo, realizada na última quinta-feira.
Agora, a Polícia Civil vai rastrear a venda dessas bebidas, apurando, por exemplo, se os produtos falsificados também foram comercializados em outros municípios, bem como se há outras pessoas envolvidas na venda de produtos falsificados em Cachoeiro.
O material apreendido foi encaminhado para o Laboratório de Química Forense, em Vitória, onde passará por análises que indicarão, inclusive, se há presença ou não de metanol – substância encontrada nas bebidas que deixaram vários consumidores intoxicados.
À polícia, o jovem preso, morador de Cachoeiro de Itapemirim, afirmou estar no ramo há cerca de seis meses. No entanto, o delegado chefe da 7ª Delegacia Regional de Cachoeiro de Itapemirim e coordenador do Centro de Inteligência e Telemática Sul (Ciat/Sul), Rômulo Carvalho Neto, disse que há indícios de que ele atuava desde 2024, o que é apurado.
As bebidas falsificadas eram vendidas pelo jovem por meio de redes sociais diretamente a pessoas físicas e pequenos estabelecimentos, com preços até 20% abaixo dos praticados no mercado.
A estimativa é de que ele tenha vendido mais de mil garrafas no período. “Um novo carregamento chegaria a Cachoeiro nesta semana, mas possivelmente, por causa das investigações, isso não aconteceu”.
“Não há casos suspeitos no Estado”, diz Sesa
A Secretaria da Saúde (Sesa) disse ontem que não há, até o momento, casos de intoxicação por metanol em investigação no Estado.
A Sesa também alertou a população sobre a intoxicação pelo metanol. A substância é um tipo de álcool tóxico, utilizado principalmente como solvente industrial, combustível e em fluidos de limpeza.
Os principais sintomas da intoxicação pelo metanol são náuseas, vômitos, dor abdominal, dor de cabeça intensa, tontura, fraqueza, alterações visuais (como visão turva, perda da visão ou “manchas” na visão), respiração acelerada, convulsões e perda de consciência.
“A intoxicação por metanol pode levar à cegueira permanente e até à morte”, alertou a médica toxicologista do Centro de Informação e Assistência Toxicológica – Ciatox-ES, Rinara Angélica de Andrade Machado.
Em caso de suspeita de intoxicação, a pessoa deve procurar imediatamente o serviço de saúde mais próximo e, se possível, levar a embalagem ou amostra da substância ou bebida ingerida.
A população também pode entrar em contato com o Centro de Informação e Assistência Toxicológica – Ciatox-ES pelo telefone 0800 283 9904.
Entenda
No Brasil
O número de notificações de intoxicação por metanol após ingestão de bebida alcoólica subiu para 113 no Brasil, segundo balanço do Ministério da Saúde divulgado ontem. As notificações incluem casos confirmados e suspeitos, além de mortes.
Bahia, Paraná e Mato Grosso do Sul notificaram seus primeiros casos em investigação. Em todo o País, são 11 casos confirmados e 102 em investigação.
Do total de 113 notificações por esse tipo de intoxicação, 101 são em São Paulo (11 confirmados e 90 em investigação), 6 casos em investigação em Pernambuco, 2 em investigação na Bahia e no Distrito Federal, e um caso está sendo investigado no Paraná e Mato Grosso do Sul.
Dessas notificações, 12 são de mortes. Uma confirmada em São Paulo e 11 estão sendo investigadas: 8 em São Paulo, uma em Pernambuco, uma na Bahia e um no Mato Grosso do Sul.
As notificações foram informadas até as 16h de ontem para o Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde Nacional.
No Estado
Sem casos em investigação
A Secretaria da Saúde (Sesa) garantiu ontem que não há casos de intoxicação por metanol em investigação no Estado até o momento.
No passado, três pessoas morreram intoxicadas por metanol. Dois casos foram em 2016, do sexo masculino (um deles era usuário de droga), e o terceiro em 2018 (uma mulher estilista e usuária de drogas), segundo o Laboratório de Toxicologia Forense da Polícia Científica do Estado.
Operação e prisão
na ultima quinta-feira, um jovem foi preso em flagrante por suspeita de comercialização de bebidas alcoólicas falsificadas. A operação Brinde Amargo foi realizada pela Polícia Civil, por meio do Centro de Inteligência e Análise Telemática com o apoio da Polícia Científica do Espírito Santo e da Associação Brasileira de Bebidas.
Produtos apreendidos passarão por análises que identificarão se há ou não presença de metanol. O acusado pode pegar até 8 anos de reclusão, se condenado.
Fonte: Polícia Civil, Ministério da Saúde e G1.
MATÉRIAS RELACIONADAS:




Comentários