O passo atrás...
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A tão sonhada união dos clubes em torno de uma só liga voltou a sofrer um revés. Judicializado na quinta-feira (25), o impasse entre Flamengo e Libra na discussão das divisões das receitas obtidas pela audiência nas transmissões dos jogos traz nova barreira à junção dos clubes hoje divididos entre Libra e LFU (Liga União). Grosso modo, significa atraso na reorganização do calendário, na rediscussão de questões técnicos e na criação de novas receitas para os clubes. Uma pena.
A guerra de narrativas entre Flamengo e a Libra, liderada por Palmeiras e São Paulo, é pano de fundo da disputa institucional pelo protagonismo nos bastidores do futebol brasileiro. E já virou um problema pessoal: Leila Pereira, a presidente do clube palestra, e Luiz Eduardo Baptista, BAP, o mandatário rubro-negro, não se toleram. Nos bastidores, acusam um ao outro de “arrogante” e “prepotente”, e quem assiste enxerga similaridade entre as duas personalidades.
Veladamente, Leila espeta o rival elogiando a postura “justa e equilibrada” de Rodolfo Landim, antecessor de BAP, que assinou a afiliação do Flamengo na Libra. E BAP, nem sempre de forma reservada, retruca com a ironia de que o acordo firmado por Landim em 2024 tirou do Flamengo o direito de receber R$ 500 milhões em cinco anos - R$ 100 milhões por ano.
Como se dissesse: “No lugar dela, eu também iria preferir meu antecessor”. O Flamengo tem razão em buscar à Justiça na defesa por critério que julgue ser justo na divisão da receita da audiência do mais popular do País. Mas se equivoca ao alegar que a liminar travando pagamento dos 30% dos direitos de transmissão não asfixia o fluxo de caixa dos clubes (sobretudo) menos abastados.
A Libra, por sua vez, tem razão em defender os interesses de todos de forma equânime. Mas foge da verdade quando se mostra surpresa com a recurso impetrado na Justiça. Afinal, os executivos da bloco já esperavam pelo desdobramento da ação indeferida em primeira instância. O que, aliás, não será surpresa se esta medida cautelar obtida pelo Flamengo for cassada em pouco tempo.
O clube alega que a Libra desrespeita o próprio estatuto ao repassar parte das cotas dos direitos de transmissão sem a unanimidade quanto à fórmula na aferição da audiência discutida em assembléia geral. A entidade diz agir em respeito ao interesse de ampla maioria.
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