Cigarro eletrônico vai criar nova geração de pacientes com doença no pulmão
Enfisema pulmonar e bronquite crônica estão entre as doenças que devem afetar usuários de vape cada vez mais cedo

Enquanto vapes coloridos e com sabor de chiclete se popularizam e atraem jovens, a saúde pede socorro e especialistas reforçam a importância de parar com o uso da substância.
Médicos como o pneumologista Bernardo Maranhão, por exemplo, apontam a possibilidade do dispositivo fazer com que usuários sejam vítimas da Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) cada vez mais cedo, o que pode criar uma nova geração de pacientes com doença crônica no pulmão.
“Nós, da área da saúde, esperamos que nos próximos anos uma quantidade crescente de pacientes mais jovens venham apresentar DPOC, uma vez que tradicionalmente é uma doença que envolve pessoas acima dos 45 anos”, afirmou Bernardo, que é gerente de grupo médico da GSK.
Essa é uma condição que causa obstrução do fluxo aéreo e engloba duas doenças: enfisema pulmonar e bronquite crônica.
Sobre sintomas, Bernardo disse que a pessoa com DPOC pode ter falta de ar em repouso ou também realizando atividades habituais.
“A falta de ar pode progredir à medida que a doença vai evoluindo. O paciente pode ter tosse com catarro frequentemente, principalmente na parte da manhã, pigarros e chiado no peito”.
A pneumologista Marli Lopes destacou que a DPOC é a terceira causa de morte no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). “Só em 2019, foram mais de 3,23 milhões de óbitos. O que é grave e preocupa é que só 12% dos casos são diagnosticados no Brasil”.

A médica disse ainda que a bronquiolite obliterante, conhecida como “pulmão de pipoca”, é outra doença causada pelo uso do cigarro eletrônico, com sintomas parecidos aos da DPOC. É um quadro grave, que não tem cura e também pode levar à morte.
Por fim, Carla Bulian, pneumologista e professora de Medicina, contou os motivos que levam os jovens a se interessarem pelo vape.
“O uso é devido à desinformação dos males associados a ele (fala-se que é inofensivo, mas não é), associação a imagens em internet (com pessoas famosas fazendo o uso) e conteúdos digitais estimulando a curiosidade entre essa geração, além da influência de amizades em grupos que pertencem”.
O Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (LENAD III) apontou que no ano passado, 8,7% dos adolescentes de 14 a 17 anos consumiram o dispositivo no Brasil.
Fique por dentro
Doença é a 3ª causa de morte no mundo
O que é DPOC?
É uma condição pulmonar que dificulta a respiração e engloba duas doenças: enfisema pulmonar (destruição dos alvéolos) e bronquite crônica (inflamação persistente nos brônquios).
Embora seja de caráter progressivo e não tenha cura, pode ser interrompida em sua evolução ao parar de fumar e também fazer o tratamento por meio de medicações.
Sintomas
Falta de ar, produção de catarro, chiado no peito e tosse são alguns sintomas.
Causas
A DPOC é resultante da combinação de múltiplos fatores, podendo envolver tanto aspectos hereditários quanto ambientais. O cigarro é considerado o principal fator de risco ambiental.
Há médicos que afirmam que cigarros eletrônicos causam DPOC e que pessoas cada vez mais jovens vão desenvolver a condição.
Carla Bulian, pneumologista e professora de Medicina, comentou que estudos estão sendo feitos para afirmar que o vape desenvolve DPOC. Para ela, é uma possibilidade, já que ocorrem as mesmas alterações celulares pulmonares de quem usa cigarro comum.
Mortalidade
A deteriorização da função pulmonar tem consequências. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a DPOC é a terceira causa de morte no mundo. Só em 2019, foram mais de 3,23 milhões de óbitos.
Uso de vape
Segundo Carla Bulian, os cigarros eletrônicos possuem mais de 1.500 substâncias tóxicas conhecidas que causam alteração inflamatória e estresse oxidativo nas vias aéreas. São alterações semelhantes às causadas pelo cigarro de papel.
No Brasil, a fabricação, o uso e a propaganda de cigarros eletrônicos são proibidos.
De acordo com estudos, o uso de cigarros eletrônicos aumenta o risco para o uso de cigarro branco em 30 vezes.
Fonte: Pesquisa A Tribuna e especialistas consultados.
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