Cineasta morto em queda de avião dirigiu série sobre acidente aéreo da Chapecoense
Acidente ocorreu na noite desta terça-feira no Pantanal; Luiz Fernando Feres da Cunha viajava junto com o arquiteto e urbanista chinês Kongjian Yu

O cineasta brasileiro Luiz Fernando Feres da Cunha é uma das quatro vítimas da queda de uma avião de pequeno porte no Pantanal de Mato Grosso do Sul, na região de Aquidauana. O acidente ocorreu na noite desta terça-feira, 23. Ele viajava junto com o arquiteto e urbanista chinês Kongjian Yu, considerado um dos maiores do mundo para gravação de um documentário.
Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz era sócio da Olé Produções. Ele foi responsável pela direção da série “Dossiê Chapecó: O Jogo por Trás da Tragédia” pela Pacha Films, que retrata o acidente aéreo que ocorreu em novembro de 2016 na Colômbia.
O voo transportava a equipe da Chapecoense saiu de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, em direção a Medellín. A aeronave da companhia aérea Lamia, da Venezuela, teria perdido contato com a torre de controle entre as cidades de La Ceja e Abejorral, e caiu ao se aproximar do Aeroporto José Maria Córdova, em Rionegro, perto de Medellín. 71 pessoas morreram no acidente, que teve seis sobreviventes.
A produção foi indicada ao Emmy Internacional para WBD/HBO. Ferraz também esteve à frente da direção da série “To Win or To Win”, sobre a história do time Al Nassr FC.
As outras três vítimas são:
- O arquiteto chinês Kongjian Yu, reconhecido mundialmente pelo conceito das “cidades-esponja”. Sua proposta explicava como era possível ajudar a combater as enchentes. Segundo o instituto, Yu acumulou mais de 20 livros publicados e mais de300 artigos científicos;
- O documentarista Rubens Crispim Jr, dono da Posei´dos, produtora audiovisual especializada em filmes de arte, e dirigiu o longa “O Bixiga é Nosso!”, que foi o vencedor de Melhor Filme pelo Público na Mostra Competitiva Territórios e Memórias, dentro na Mostra Ecofalante 2024;
- Marcelo Pereira de Barros, piloto e dono do avião. Natural de SP, ele era apaixonado pela região pantaneira e, segundo a imprensa local, costumava sobrevoar as áreas naturais de Aquidauana. Foi um dos fundadores da Aerotrip, empresa que oferecia voos panorâmicos e experiências aéreas na região.
Avião podia fazer apenas operação diurna
A aeronave Cessna prefixo PT-BAN tinha registro para serviços aéreos privados, mas não tinha autorização para operar como táxi aéreo, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Segundo o Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB), o avião foi fabricado em 1958 e adquirido em 2015 pelo atual proprietário, o piloto Marcelo Pereira de Barros, que morreu no acidente. A aeronave tinha capacidade para um tripulante e três passageiros, mas estava habilitado apenas para operação diurna. O Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) tinha validade até 9 de dezembro.
Em 2015, a aeronave foi apreendida e ficou quase quatro anos sem operar por causa do transporte irregular de turistas. Na época, as autoridades interditaram 46 aeronaves (a maioria da categoria agrícola) e uma oficina clandestina de manutenção de aviões foi fechada. O Cessna foi liberado após cumprir as exigências da Anac.
Equipes da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, incluindo peritos criminais, estão no local para levantar dados preliminares. A Polícia Civil foi acionada por intermédio do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado e da Delegacia de Polícia de Aquidauana sobre esse acidente em uma zona rural do município.
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