38 bebês internados por infecção generalizada este ano no ES
Segundo especialistas, uma das principais causas é que, ao nascer ou nos primeiros dias de vida, a infecção pode vir da mãe

Doença perigosa e que merece atenção, a sepse, conhecida como infecção generalizada, já causou a internação de 38 recém-nascidos de janeiro a julho deste ano, sendo que ao longo de todo 2024, 53 bebês passaram pelo problema.
Os números da Secretaria de Saúde (Sesa), que refletem apenas os casos em que a sepse foi a causa principal registrada na Autorização de Internação Hospitalar (AIH), ao serem comparados, sugerem uma tendência de aumento da enfermidade no Espírito Santo.
Em entrevista ao jornal A Tribuna, especialistas comentaram sobre o quadro. Segundo o infectologista pediátrico Pedro Peçanha, a sepse acontece quando o sistema imunológico reage de uma maneira muito intensa e desorganizada a uma infecção, o que acaba prejudicando o próprio corpo.
No caso de recém-nascidos, estes estão suscetíveis à sepse por várias razões, sendo que uma das principais é que, logo ao nascer ou nos primeiros dias de vida, a infecção pode vir diretamente da mãe.
“Isso acontece quando bactérias presentes na mãe, por exemplo, no trato vaginal, são transmitidas para o bebê durante o parto, ou quando há uma infecção no líquido amniótico ainda na barriga”, afirmou.
“Por isso, o rastreamento de bactérias como o Streptococcus do Grupo B (GBS) na gravidez e, se necessário, o uso de antibióticos na hora do parto, são medidas cruciais de prevenção”.
Claudia Vidal, infectologista e membro da Sociedade Brasileira para a Qualidade do Cuidado e Segurança do Paciente (Sobrasp), disse que, no caso de bebês, o grande desafio é o diagnóstico rápido para a instituição de um tratamento apropriado.
“Na maioria das vezes, os sintomas são inespecíficos: choro fácil, a criança tem recusa alimentar, náuseas, vômitos, diarreia ou dificuldade respiratória. Ao menor sinal, os pais e familiares precisam levá-la para uma avaliação médica”.
Se um bom pré-natal é fundamental para os recém-nascidos, Carolina Frizzera, médica infectologista pediátrica do Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), ressaltou que as crianças maiores precisam ter o acompanhamento com o pediatra.
Além disso, ter as vacinas em dia e ter uma alimentação adequada são muito importantes para prevenir a sepse na faixa etária mais velha, pontuou ela.
Fique por dentro
Dados do Estado
Internações SUS por septicemia (recém-nascidos)
2024 53
2025 (janeiro a julho) 38
Internações SUS por septicemia (<1 ano até 9 anos)
2024 134
2025 (janeiro a julho) 106
Mortes por septicemia (recém-nascidos)
2024 (janeiro a dez.) 64
2024 (janeiro a agosto) 34
2025 (janeiro a agosto) 26
Mortes por septicemia (<1 ano até 9 anos)
2024 (janeiro a dez.) 01
2025 (janeiro a agosto) 03
Observação: Os números de internações por septicemia refletem apenas os casos em que essa foi a causa principal registrada na Autorização de Internação Hospitalar (AIH).
Muitos pacientes desenvolvem sepse após internação por outro motivo, o que não entra nessa estatística. Por isso, os dados informados representam um recorte oficial, mas não o total de casos de internação por sepse.
Em recém-nascidos
Motivos
A sepse pode acontecer em bebês quando a infecção vem diretamente da mãe. As bactérias que estão presentes na mãe podem ser transmitidas ao longo do parto.
Além disso, segundo o infectologista pediátrico Pedro Peçanha, o sistema de defesa de um recém-nascido, principalmente se for prematuro, ainda não está totalmente desenvolvido, e suas barreiras físicas, como a pele e as mucosas, são muito finas e delicadas. Isso facilita a entrada de germes.
Cuidados
Pedro Peçanha comentou que um pré-natal completo e de qualidade é muito importante. Isso inclui identificar e tratar infecções na mãe e realizar a profilaxia, como o tratamento para GBS durante o parto, o que reduz muito o risco.
No ambiente hospitalar, especialmente em UTIs, a higiene rigorosa das mãos de todos que têm contato com o bebê e a adesão a protocolos de controle de infecção são fundamentais para evitar infecções hospitalares.
A amamentação também é uma grande aliada, pois o leite materno transfere defesas importantes para o bebê.
Em crianças
Motivos
Em crianças de 1 a 9 anos, a sepse geralmente surge a partir de infecções comuns que acabam se tornando muito graves ou desencadeiam aquela resposta inflamatória desregulada do corpo.
Exemplos: Pneumonia, infecção urinária, meningite, infecção de pele, entre outros.
Crianças que já têm alguma condição de saúde que afeta o sistema imunológico ou aquelas que não estão com a vacinação em dia podem ser mais vulneráveis.
Cuidados
Segundo Pedro Peçanha, para crianças maiores e os próprios recém-nascidos após a alta, a prevenção se baseia em algumas práticas essenciais. Manter a carteira de vacinação sempre atualizada é uma das defesas mais eficazes, protegendo contra doenças que podem desencadear a sepse.
A higiene pessoal, como a lavagem frequente das mãos com água e sabão, e a limpeza do ambiente doméstico, também são medidas fundamentais.
Pedro disse ainda que é crucial procurar atendimento e seguir as orientações para o tratamento de qualquer infecção que a criança venha a ter.
Fonte: Sesa, especialistas entrevistados e pesquisa A Tribuna.
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