Planos de saúde vão dar remédio para doença que afeta imunidade
ANS aprovou a inclusão do belimumabe e do anifrolumabe no rol de procedimentos para tratamento de lúpus a partir de novembro
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aprovou a inclusão de dois medicamentos para o tratamento de lúpus no Rol de Procedimentos em Eventos, tornando obrigatória a cobertura deles para os beneficiários de planos de saúde a partir de 3 de novembro.
Os medicamentos são o anifrolumabe e belimumabe. Ambos são indicados ao tratamento do Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) para pacientes adultos que apresentam frequentes episódios da doença, com alta incidência de sintomas, apesar do uso da terapia padrão, segundo o Ministério da Saúde.
O reumatologista Luiz Fellipe Genelhu explicou que o objetivo deles é controlar a doença e mantê-la em remissão, termo usado quando o processo inflamatório causado pelo lúpus é interrompido, não significando sua cura.
“Ambos são anticorpos monoclonais. O belimumabe atua bloqueando uma proteína chamada Blys que é responsável pela ativação de linfócitos que produzem auto-anticorpos que causam a doença. O anifrolumabe bloqueia uma citocina chamada interferon tipo 1 (IFN 1) que é uma das responsáveis por causar manifestações do lúpus”, disse o médico.
Para a reumatologista Andressa Silva Abreu Pinasco, a inclusão dos dois medicamentos no rol da ANS representa um avanço significativo no tratamento do LES.
“Até então, pacientes com a forma moderada a grave da doença, que não respondiam bem à terapia convencional, tinham opções limitadas, muitas vezes precisando arcar com custos elevados ou recorrer a processos judiciais”.
“Com essa mudança, os planos de saúde passarão a oferecer esses tratamentos, garantindo acesso mais amplo, equitativo e seguro. Isso pode significar melhor controle da doença, redução de internações, e melhora na qualidade de vida dos pacientes”, completou.
Por nota, a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) afirmou que “orienta suas 140 operadoras associadas a seguirem as normas definidas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)”.
“A Abramge reafirma seu compromisso com o fortalecimento do sistema de saúde suplementar, garantindo a continuidade da assistência aos 52,9 milhões de beneficiários de planos de saúde e a expansão do setor com sustentabilidade e qualidade”.
Diagnóstico
Importância do tratamento

A cerimonialista Stephanie Fabre, 40, descobriu que tinha Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) aos 25 anos. Na época, vivia passando mal e demorou cerca de dois anos para ter o diagnóstico.
“Primeiro eu perdi a função dos rins, e depois trataram o meu problema como falência dos rins”.
“Como sou de ler muito, tudo que sentia eu procurava no Google aí vi todos os sintomas que sentia e ninguém descobria e fui atrás de uma consulta com a reumatologista”.
Convivendo com a doença, Stephanie ressaltou a importância de seguir o tratamento corretamente. “Faço acompanhamento pelo SUS e todo medicamento eles me fornecem. Uso hidroxicloroquina há muitos anos”.
Opiniões


Fique por dentro
Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES)
O que é?
A reumatologista Andressa Silva Abreu Pinasco afirmou que o Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença autoimune crônica na qual o sistema imunológico ataca os próprios tecidos do corpo, provocando inflamações que podem afetar articulações, pele, rins, cérebro, coração, pulmões e outros órgãos.
As causas da doença são desconhecidas.
Se não tratado corretamente, o lúpus pode desenvolver complicações graves a diversos órgãos e tecidos do corpo humano, podendo provocar, inclusive, a morte da pessoa.
Afeta, principalmente, mulheres jovens, entre os 20 e os 45 anos. Embora possa se manifestar em qualquer idade, é menos comum em crianças e idosos.
Sintomas
Andressa disse que os sintomas são variados, mas os mais comuns incluem: fadiga extrema, dores nas articulações, manchas avermelhadas na pele, especialmente no rosto (em forma de “asa de borboleta”), febre, queda de cabelo, sensibilidade ao sol, inflamação nos rins ou outros órgãos, em casos mais graves.
Prevalência
De acordo com a Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), o número de pessoas com Lúpus Eritematoso Sistêmico no Brasil varia entre 150 mil e 300 mil pessoas.
No entanto, os dados sobre a prevalência da doença no país não são exatos e há uma carência de estudos epidemiológicos para entender o real impacto da doença na população brasileira.
Tratamento
Oferta
Os medicamentos anifrolumabe e belimumabe deverão ser ofertados obrigatoriamente pelos planos de saúde a partir de 3 de novembro para pacientes adultos que apresentam frequentes episódios da doença, com alta incidência de sintomas, apesar do uso da terapia padrão.
Durante o processo de avaliação das tecnologias, a área técnica da ANS estimou que cerca de 2?mil pessoas que têm plano de saúde serão beneficiadas com os tratamentos que serão incorporados.
Primeira vez
Segundo o Ministério da Saúde, o anifrolumabe e o belimumabe são as primeiras tecnologias a fazerem parte do rol com o objetivo exclusivo de tratar a doença. Em 2024, contudo, a ANS já havia incorporado às coberturas obrigatórias o belimumabe, mas para tratar pacientes com nefrite lúpica, uma complicação renal decorrente do lúpus.
Outros
É válido pontuar que esses dois medicamentos não são os únicos que tratam o lúpus. Hidroxicloroquina, azatioprina, micofenolato mofetil são alguns exemplos de outras opções que têm ações imunomoduladoras e imunossupressoras que auxiliam no controle da doença.
Fonte: Especialistas consultados e Ministério da Saúde.
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