Mais de 5 mil foram picados por cobras, aranhas e escorpiões este ano no ES
Picadas por escorpiões lideram o ranking, com crescimento de 28,71% quando comparado com o mesmo período do ano passado

De janeiro a agosto deste ano 5.665 pessoas sofreram algum tipo de acidente com animal peçonhento no Espírito Santo. O número representa um aumento de 17,92% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram contabilizados 4.804 casos.
As picadas por escorpiões lideram o ranking, com 3.945 ocorrências, um crescimento de 28,71% quando comparado com o ano passado, em que foram 3.065.
Os dados são do Centro de Assistência e Informação Toxicológica (Ciatox - ES), que mostrou ainda que neste ano 479 pessoas tiveram acidentes com serpentes e 346 com aranhas.
Por conta do alto número, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), por meio do Núcleo Estadual de Prevenção e Atenção às Intoxicações (Nepaint) e Regionais de Saúde, está promovendo a Semana Estadual de Conscientização sobre Acidentes por Animais Peçonhentos para a alertar a população sobre os riscos e formas de prevenção.
Segundo o médico Nixon Souza Sesse, referência técnica estadual do Programa Estadual de Vigilância e Controle de Acidentes por Animais Peçonhentos, o número de casos vai variar de acordo com a região do Espírito Santo.
“Não temos um motivo bem definido (para esse aumento), mas uma das possíveis causas é a alteração climática, ou seja, períodos secos, períodos de muita chuva e altas temperaturas. Tudo isso vem alterando o nosso ecossistema e, consequentemente, repercute nos acidentes com animais peçonhentos”, explicou.

O interior do Estado, de acordo com Nixon, notifica a maioria dos casos, principalmente a Região Norte, como São Mateus, Pedro Canário, Barra de São Francisco e Ecoporanga.
“O Brasil, hoje, está sendo invadido por acidentes com o escorpião. O escorpião tem uma capacidade de adaptação muito grande. Ele se adaptou a convivência urbana”.
Luciano Magno Rodrigues, clínico geral da Rede Meridional, destaca que em caso de acidente com esses animais, a orientação é procurar imediatamente o serviço médico. “Orientamos lavar a ferida com água corrente e sabonete neutro e, se possível, elevar o membro até a chegada ao médico”.

Fique por dentro
Medidas simples como prevenção
Números
2025 (até agosto)
5.665 acidentes com animal peçonhento, sendo:
3.945 por escorpiões
479 por serpentes
346 por aranhas
2024 (até agosto)
4.804 acidentes por animais peçonhentos, sendo:
3.065 por escorpiões
494 por serpentes
424 por aranhas
Em relação ao mesmo período de 2024, houve aumento de 17,92 % nos registros de animais peçonhentos, sendo 28,71% de acidentes com escorpiões, e queda de 3,04% nos acidentes por serpentes e 18,4% nos acidentes por aranhas.
Por que os ataques de escorpiões aumentaram?
O avanço dos escorpiões nas cidades tem explicação. Eles encontram abrigo em entulhos, lixo e esgoto, locais onde também estão suas presas preferidas: as baratas. Outro fator é a elevação das temperaturas, que torna os escorpiões mais ativos.
A reprodução também favorece a expansão: em muitas espécies, as fêmeas conseguem gerar filhotes sem a necessidade de machos, acelerando a proliferação.

“Estamos tendo períodos mais quentes, e os escorpiões são mais ativos quando há mais calor Marcelo Tavares, Professor do Departamento de Ciências Biológicas da Ufes
Prevenção em áreas urbanas
Dentro das cidades, algumas medidas simples ajudam a reduzir os riscos. É importante evitar o acúmulo de lixo, entulho, madeira e vegetação alta nos terrenos. Ralos devem ser tampados e caixas de gordura, limpas. Vedadores em portas e janelas também ajudam a impedir a entrada dos animais.
Prevenção no campo
Nas áreas rurais, a proteção depende do uso correto de equipamentos. Botas de cano alto, perneiras e luvas de raspa de couro são fundamentais para quem trabalha diretamente no campo, especialmente em regiões de maior incidência de acidentes.
O que fazer em caso de acidentes
Em caso de picada ou ferroada, a orientação é procurar imediatamente um serviço de saúde. O paciente será avaliado e, se necessário, o Ciatox (0800 283 9904) será acionado.
O tratamento pode envolver o uso de soros específicos contra escorpiões, cobras (como a jararaca) e aranhas (armadeira e marrom).
O que não fazer
Algumas práticas populares ainda persistem, mas são perigosas. Não se deve sugar o local da picada, fazer cortes ou incisões, aplicar garrotes ou substâncias caseiras como café, açúcar ou fumo. O consumo de álcool também deve ser evitado.
Fonte: Sesa e especialistas consultados.
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