Vacina contra bronquiolite chega ao SUS em novembro
Imunizante é voltado para gestantes, sendo de dose única e aplicado a partir da 28ª semana de gravidez, diz Ministério da Saúde

A vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR), um dos principais causadores da bronquiolite, estará disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) ainda neste ano.
Mais de 1,8 milhão de doses foram adquiridas por meio de um acordo envolvendo o Instituto Butantan e a farmacêutica Pfizer e, segundo o Ministério da Saúde, a distribuição do imunizante na rede pública começa na segunda quinzena de novembro.
O órgão divulgou ainda que, por meio de uma parceria de transferência de tecnologia, o Brasil passará a produzir o medicamento, garantindo a sua oferta no SUS.
De acordo com a pasta, a vacina é voltada para gestantes, sendo de dose única e aplicada a partir da 28ª semana de gravidez.
“Ela vai induzir o bebê a nascer com anticorpos que vão garantir para ele 80% de proteção contra as formas graves de bronquiolite durante os seis primeiros meses de vida”, explicou Lucas Donateli, ginecologista e obstetra.
E atenção: não é só porque a mulher tomou a dose uma vez que estará protegendo outros filhos que virá a ter.
“O bebê precisa estar intraútero para receber a imunização por meio da mãe. É importante que ela converse sempre com o obstetra, tenha um pediatra de confiança para fazer a prevenção”, afirmou Bruna Guaitolini, alergista e imunologista pediátrica e professora do Unesc.
Doença
A pediatra Bruna de Paula explicou que o VSR é o causador mais comum da bronquiolite, embora outros vírus também possam provocar. Ele ataca as partes finais do pulmão, os bronquíolos, causando inflamação e acúmulo de secreção.
Como consequência, esses bronquíolos ficam inchados, cheios de muco, dificultando a passagem do ar.
Por isso, a criança passa a ter tosse, chiado, respiração rápida e esforço para respirar.
“A bronquiolite, na maioria das vezes, é uma doença que melhora sozinha em alguns dias, como se fosse uma gripe mais intensa. Mas em crianças pequenas, especialmente em bebês menores de seis meses, os riscos são maiores”.
“Isso porque o pulmão deles ainda é muito pequeno, e qualquer inchaço na via aérea, ou secreção, atrapalha a respiração”, completou a médica.
“Oferta vai proteger muitos bebês”

A bancária Jéssica Costa de Lima Silva, 32, recorreu à rede privada para se imunizar contra o vírus sincicial respiratório (VSR) quando estava na 33ª semana de gestação de sua bebê Heloísa, que hoje tem três meses de vida.
“Decidi tomar a dose após ter conhecimento da proteção para minha bebê. Com a vacina eu passaria para ela os anticorpos através da placenta”, explicou.
“Acredito ser extremamente importante essa vacina ser ofertada pelo SUS. De forma gratuita, poderá atingir maior quantidade de gestantes e assim proteger muitos bebês da bronquiolite”, ressaltou.
Fique por dentro
Vírus sincicial respiratório (VSR)
O VSR é responsável por 80% dos casos de bronquiolite e 60% de pneumonias em crianças menores de 2 anos.
A cada cinco crianças infectadas pelo VSR, uma necessita de atendimento ambulatorial e, em média, uma em cada 50 acaba hospitalizada no primeiro ano de vida.
No Brasil, cerca de 20 mil bebês menores de um ano são internados anualmente.
Bronquiolite
É causada principalmente pelo VSR. Este vírus ataca as partes finais do pulmão, os bronquíolos, causando inflamação e acúmulo de secreção. Como consequência, esses bronquíolos ficam inchados, cheios de muco, dificultando a passagem do ar.
A pediatra Bruna de Paula afirmou que, em situações graves e sem o tratamento adequado, a bronquiolite pode levar à morte, principalmente em bebês menores de um ano ou em crianças com fatores de risco, como prematuridade, doenças cardíacas ou pulmonares e baixa imunidade.
Vacinação
Segundo o Ministério da Saúde, a vacina tem potencial para prevenir cerca de 28 mil internações por ano e beneficiará aproximadamente 2 milhões de bebês nascidos vivos.
Distribuição
Segundo o Ministério da Saúde, em novembro serão enviadas as primeiras 832,5 mil doses da vacina contra o VSR e, até dezembro, mais 1 milhão para todo SUS.
O órgão destacou que a distribuição aos estados e municípios permitirá a organização de calendários locais. Sobre o funcionamento da imunização no Estado, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) disse que o Programa Estadual de Imunizações aguarda as diretrizes do Ministério da Saúde para o início da vacinação.
Como funciona?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda uma dose a partir da 28ª semana de gestação.
Bruna de Paula afirmou que, quando a gestante recebe a vacina, o corpo dela produz anticorpos contra o vírus, e esses anticorpos atravessam a placenta, chegando até o bebê.
Assim, quando ele nasce, já estará protegido nos primeiros meses de vida, que são os mais críticos.
A pediatra disse que isso é fundamental porque o sistema imunológico do recém-nascido ainda não está maduro o suficiente para responder bem a algumas vacinas.
Fonte: Especialistas entrevistados, Ministério da Saúde e Sesa.
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