Novo tratamento contra Alzheimer começa a ser aplicado no Brasil
Com o nome comercial de Kisunla, o remédio não cura, mas pode retardar em 35% os sinais da doença em estágio inicial

Um novo medicamento para tratar a doença de Alzheimer em estágio inicial começa a ser vendido no Brasil este mês. Especialistas afirmam que o remédio não cura, mas pode retardar em 35% os sinais da doença.
Com o nome comercial de Kisunla, o donanemabe é um medicamento injetável, administrado mensalmente (a cada quatro semanas) por via intravenosa. Ele foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em abril deste ano.
O geriatra Roni Mukamal explica que o tratamento com o medicamento precisa ser acompanhado por um especialista e descreve sua chegada como “revolucionária”. “É um medicamento que muda o paradigma do tratamento do Alzheimer porque vai na causa”.
Isso significa que o Kisunla tem como princípio uma terapia chamada anti-amiloide, ou seja, o medicamento atua nas placas amiloides, auxiliando o sistema imunológico a eliminá-las
“São essas placas que vão se acumulando e destruindo o cérebro. O donanemabe se liga nelas e ajuda o organismo a eliminar”.
A neurologista Soo Yang Lee destaca que o medicamento não cura, mas lentifica a progressão da doença.
“Não há como quantificar exatamente, mas os estudos estimam em 35%”, destaca.

O Kinsula não é para todos os casos, apenas para os pacientes em estágio inicial, reforça Guilherme de Oliveira, coordenador do Serviço de Neurologia do Hospital Santa Rita. “É importante ficar atento aos sinais e fazer o diagnóstico precoce”.
Ele destaca ainda que o acesso ao medicamento pode ser um grande desafio, principalmente devido ao alto custo.
Especialistas estimam que o valor fique entre R$ 20 mil e 30 mil para um mês de tratamento.
“Nos Estados Unidos, o valor alcança US$ 32 mil por ano (aproximadamente R$ 174 mil). O medicamento ainda não está sendo comercializado no Estado”, ressalta Guilherme.
Outro desafio é a necessidade de exames complexos para a confirmação da doença e durante o tempo de tratamento.
“O tratamento requer monitoramento contínuo e exames frequentes, como ressonâncias magnéticas, além de PET amiloide repetidamente, para identificar e gerenciar possíveis efeitos colaterais, como edema cerebral ou microssangramentos, e também os resultados do tratamento”, acrescenta a neurologista Vanessa Loyola.
Prolongar a autonomia e a qualidade de vida dos pacientes é uma das principais vantagens, destaca a profissional.
Fique por dentro
Tratamento

É feito por infusão intravenosa, geralmente em um ambiente clínico especializado.
A dosagem é administrada a cada quatro semanas, seguindo um esquema de dosagem inicial (dose de ataque) e de manutenção.
Por quanto tempo?
Segundo a neurologista Vanessa Loyola, não há consenso científico de quando parar a terapia. Ela explica que alguns estudos falam de parar ou mudar a via (para subcutânea) quando as placas de beta amiloide desaparecem dos exames específicos de imagem.
Outros especialistas apontam que o tratamento deve ser mantido até 18 meses.
É indicado para todos os casos de Alzheimer?
Não. É indicado especificamente para pacientes com diagnóstico de comprometimento cognitivo leve ou doença de Alzheimer leve, ou seja, em estágios iniciais.
Tem contraindicações?
Pacientes que tenham duas cópias do gene ApoE e4 (homozigotos), pois apresentam maior risco de efeitos colaterais.
pessoas com Angiopatia Amiloide Cerebral (AAC) grave, uma condição que aumenta o risco de hemorragia intracerebral.
Deve-se ter cautela em pacientes com outros fatores que aumentem o risco de sangramentos no cérebro.
Precisa de exame para usar o medicamento?
Primeiro, o paciente deve ser avaliado por um médico para determinar se o medicamento é adequado.
Além disso, existe a necessidade de realizar exames para comprovar a doença através de biomarcadores no liquor ou presença de acúmulo da substância beta-amiloide visto no PET-Amiloide.
O que é a doença de Alzheimer?
É um transtorno neurodegenerativo progressivo e fatal. A causa ainda é desconhecida, mas acredita-se que seja hereditário.
Sinais de Alzheimer
Falta de memória para acontecimentos recentes, repetição da mesma pergunta várias vezes e dificuldade para acompanhar conversações ou pensamentos complexos são sinais.
Assim como incapacidade de elaborar estratégias para resolver problemas.
Dificuldade para dirigir automóvel, encontrar caminhos conhecidos ou palavras que exprimam ideias ou sentimentos pessoais.
Irritabilidade, suspeição injustificada, agressividade, entre outros sinais.
Prevenção
Segundo a neurologista Soo Yang Lee, mesmo com a chegada do medicamento, o estilo de vida deve ser direcionado para a prevenção.
protegem o cérebro: Atividade física (se puder associar aeróbico com musculação, ou musculação com esportes diversos), alimentação saudável, sono reparador e uma vida social e familiar rica.
MATÉRIAS RELACIONADAS:




Comentários