Médicos dizem quando se preocupar com o desmaio
Apesar de ser considerado comum em casos de estresse, especialistas alertam que é crucial investigar a causa da síncope

Embora comum em situações de estresse, calor ou jejum prolongado, desmaiar não pode ser considerado algo normal. Estimativas apontam que cerca de 40% das pessoas podem sofrer um desmaio alguma vez na vida.
Mas quando isso deve virar motivo de preocupação? Médicos ouvidos pela reportagem apontam quando desmaiar requer atenção médica.
Antes, a médica de família e comunidade Taynah Repsold, explica que a síncope, também conhecida como desmaio, é uma perda súbita e temporária da consciência, geralmente causada por uma diminuição momentânea do fluxo sanguíneo ao cérebro.
“Caso haja a presença de algum sinal de alarme, a orientação é procurar atendimento médico imediato. Entre esses sinais, destacam-se dor no peito, palpitações, falta de ar, desmaio prolongado, ocorrência durante esforço físico, histórico familiar de morte súbita, presença de convulsões ou confusão mental após o episódio”, alerta.
Justamente o histórico familiar de morte súbita é um dos pontos que a cardiologista Thais Coutinho Nicola chama atenção. “Muitas doenças cardíacas graves têm componente genético. Além disso, pacientes que não apresentam sinais prévios à perda de consciência estão mais sujeitos a traumas, e desmaios seguidos de quedas ou ferimentos também devem ser investigados com urgência”.
A cardiologista destaca que embora existam causas benignas para a síncope, a repetição desses episódios pode estar relacionada a alterações cardíacas, neurológicas ou disfunções do sistema nervoso autônomo. “Por isso, desmaios frequentes devem ser investigados com atenção, pois podem indicar problemas de saúde mais graves”.
E não pense que um único desmaio não significa algo grave. Um único desmaio pode, sim, ser sinal de algo mais grave, mesmo que não haja outros sintomas aparentes, ressalta o neurologista Guilherme Coutinho de Oliveira.
“Embora a maioria dos desmaios seja benigna, é crucial investigar a causa. Um desmaio pode ser sintoma de condições cardíacas, como arritmias, ou outros problemas de saúde que precisam ser avaliados”.
Prevenção para evitar quedas
Nem sempre ao presenciar um desmaio as pessoas sabem como agir. Uma das dicas dos especialistas é, antes de tudo, garantir a segurança da pessoa.
A médica de família e comunidade Taynah Repsold orienta deitar a pessoa no chão para evitar quedas e, se possível, elevando suas pernas para favorecer o retorno do sangue ao cérebro.
“Também é recomendável afrouxar roupas apertadas e manter o ambiente bem ventilado. Em geral, a recuperação ocorre de forma espontânea em segundos a até dois minutos”.
Caso não aconteça, ou se houver sinais de gravidade — como ausência de pulso, dificuldade para respirar, convulsões ou inconsciência prolongada — é essencial acionar imediatamente o serviço de emergência (SAMU – 192) e, se necessário, iniciar manobras de reanimação.
“Mesmo quando há melhora rápida, é importante buscar avaliação médica para investigar a causa, especialmente no primeiro episódio ou em pessoas com fatores de risco”.
Para evitar uma queda repentina, o neurologista Guilherme Coutinho de Oliveira indica ainda aprender a identificar os sintomas que antecedem o desmaio, como tontura, calor, suor frio e visão embaçada e em seguida deitar-se ou sentar.
“Manter-se bem hidratado e evitar longos períodos de jejum são dicas bastante úteis. Se a pessoa souber o que causa seus desmaios, como ficar em pé por muito tempo, calor excessivo ou ambientes abafados, deve-se evitar essas situações”.
FIQUE POR DENTRO
Desmaios por queda de pressão
Os desmaios causados por queda da pressão arterial, conhecidos como síncopes vasovagais, costumam ser benignos e geralmente estão associados a situações que desencadeiam uma resposta exagerada do sistema parassimpático — como calor excessivo, dor intensa, permanecer em pé por muito tempo ou até mesmo durante a micção.
Nesses casos, há uma falha momentânea no reflexo que deveria manter a pressão arterial adequada, levando à perda de consciência.
Antes do desmaio, é comum que o paciente apresente pródromos — sinais de alerta que indicam que o episódio pode ocorrer. Os mais frequentes são tontura, escurecimento da visão, sudorese fria e náuseas.
Desmaio de origem cardíaca
pode ocorrer de forma súbita (sem sintomas prévios) ou vir acompanhada de sintomas como palpitações, dor no peito e falta de ar. Esse tipo de desmaio é potencialmente grave e pode estar relacionado a arritmias, tromboembolismo pulmonar, distúrbios do sistema elétrico do coração, obstruções ao fluxo sanguíneo ou doenças cardíacas estruturais.
Desmaio de origem neurológica
Geralmente se diferencia das demais por uma recuperação mais lenta da consciência. No caso das convulsões, por exemplo, o paciente pode passar por um período chamado “estado pós-ictal”, em que permanece confuso, sonolento ou desorientado após o episódio.
Fonte: Cardiologista Thaís Coutinho Nicola.
MATÉRIAS RELACIONADAS:




Comentários