O que diz a ciência sobre viver até os 150 anos
Presidentes da Rússia e da China foram flagrados conversando sobre a possibilidade do ser humano prolongar a vida

É possível viver até 150 anos? A dúvida surgiu após um diálogo entre o presidente russo Vladimir Putin e o presidente da China, Xi Jinping, ser divulgado na última quarta-feira (03).
Durante uma caminhada, os dois líderes mundiais conversam sobre essa possibilidade, além de mencionar transplante de órgãos como uma forma de prolongar a vida. A informação foi divulgada pela imprensa internacional.
Segundo José Geraldo Mill, professor do Departamento de Ciências Fisiológicas da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), atualmente não é possível viver até 150 anos.
“Cada espécie tem uma longevidade que é considerada natural. Esse é o limite de idade que você tem para indivíduos daquela espécie. Humanos vivem até 122 anos. Não há registros disso ter sido ultrapassado na história recente”.

Mas ele explica que há uma diferença entre limite da espécie e expectativa de vida. “A expectativa é quanto uma pessoa tem de esperança média de viver. Isso está aumentando, assim como a quantidade de indivíduos que vão viver mais de 100 anos”.
Mas a conversa entre Putin e Xi tem fundamento. Nos últimos anos, o progresso da tecnologia possibilitou aumento na expectativa de vida e na qualidade desta.
“Antes dos antibióticos e do saneamento básico, a expectativa de vida era abaixo de 50 anos”, afirma Daniela Barbieri, presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia do Estado. “Hoje está em 76,4 anos”.
Alguns exemplos das possibilidades abertas pela tecnologia, segundo a geriatra, são tratamento para doenças que eram debilitantes ou fatais, mapeamento genético, produção de medicamentos e vacinas. “O mapeamento genético foi algo revolucionário na medicina, e pode proporcionar tratamento e cura de inúmeras doenças”.
Mas hoje o transplante ainda não representa um caminho para a imortalidade, afirma Larissa Kruger, nefrologista. “Um transplante renal, por exemplo, melhora a qualidade de vida e longevidade do paciente, mas não o cura”.
A conversa
"Com o desenvolvimento da biotecnologia, órgãos humanos podem ser continuamente transplantados, e as pessoas podem viver cada vez mais jovens, até mesmo alcançar a imortalidade”
Vladimir Putin, presidente da Rússia
"Antigamente, as pessoas raramente viviam até os 70 anos, mas hoje em dia, aos 70 anos você continua sendo uma criança... As previsões indicam que, neste século, há uma chance de se viver até os 150 anos”
Xi Jinping, presidente chinês
Fique por dentro
Exercício regular é fator de proteção
Longevidade
Depende de vários fatores. Entre eles genética, estilo de vida, doenças, alimentação e atividade física. O local onde a pessoa vive também interfere.
122 anos é o “limite”
Até hoje só existem registros oficiais dessa idade ter sido alcançada por uma mulher, a francesa Jeanne Calment, morta em 1997.
Genes
No futuro, é possível que a expectativa de vida possa ser aumentada através dos genes.
O professor José Geraldo Mill, da Universidade Federal do Espírito Santo, explica que já há estudos onde foi possível usar genes para modificar a expectativa de vida de animais. “Em humanos, ainda não existem aplicações seguras e práticas”.
Desativados
Ele explica que os genes são como sistemas que ligam e desligam em determinados momentos da vida. Um exemplo é a elastina, que é o que dá elasticidade aos tecidos, sendo que sua produção cai após a primeira infância, entre 6 e 9 anos.
“Você puxa a pele de uma criança e ela volta rapidamente. Esse é o efeito da elastina. Quando você cresce, esse gene é desativado. Órgãos, artérias, tudo no seu corpo tem um ritmo de envelhecimento que depende da ativação ou não dos genes. Esse é um campo sendo estudado”.
É mesmo o limite?
Alguns especialistas discordam de que esse seja o limite. Em entrevista para o podcast Moonshots, o geneticista David Sinclair afirmou que “a primeira pessoa que viverá até os 150 anos já nasceu”.
Referência mundial em estudos sobre longevidade, David pesquisa uma forma de “reprogramar” os genes para que funcionem como se fossem jovens.
Para envelhecer bem
Alimentação saudável desacelera o envelhecimento.
Largue maus-hábitos, como fumar.
Exercício físico
É o recurso que mais tem ganhado evidências científicas na prevenção de inúmeras doenças degenerativas e no declínio funcional.
Exercício regular é fator de proteção contra Alzheimer, câncer, osteoporose, infarto, derrame, depressão, dor crônica, diabetes, hipertensão, obesidade, insônia, entre outros.
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