Médica agredida por ex-namorado fisiculturista ficou com rosto 'destruído'
Samira teve fratura no crânio e múltiplas fraturas na face, perdendo 50% da visão
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A médica Samira Khouri, agredida pelo ex-namorado Pedro Camilo Garcia em um apartamento em São Paulo, sofreu múltiplas fraturas no rosto e perdeu 50% da visão de um dos olhos. Ela falou pela primeira vez sobre o caso, em entrevista ao Fantástico.
Samira teve fratura no crânio e múltiplas fraturas na face. "Durante as agressões, o Pedro quebrou todas as estruturas que seguram meu globo ocular, além de vários ossos da minha face, principalmente do lado esquerdo", disse a médica.
Foi necessário colocar placas de titânio no rosto, conta Samira. "Eu tive que colocar também placas de titânio onde houve fraturas na minha face. Esse lado esquerdo está com várias placas para estabilizar as fraturas. Tive a maioria dos ossos do nariz quebrados".
Delegada disse que o rosto de Samira "ficou destruído". Segundo Débora Lázaro, as fotos do caso são "tristes de se ver". "Ela está muito agredida. O rosto [ficou] destruído"..
Agressão ocorreu no dia do aniversário de Samira, quando ela e Pedro — que viviam em Santos — estavam em São Paulo para celebrar. Os dois foram a uma festa, onde Samira fez amizade com um casal. "Ficamos eu e mais três meninos, era um casal e um amigo deles também era gay. Ficamos quase a balada inteira juntos."
Pedro viu Samira conversando com outras pessoas, ficou nervoso e foi retirado da festa por seguranças, relembra ela. "Pedro ficou exaltado, quis começar a brigar e os seguranças tiraram ele da balada".
A médica chegou antes ao apartamento onde eles estavam hospedados. "Ele chegou muito nervoso, eu nunca tinha visto assim. Na hora, fiquei com medo. O Pedro me deu um soco, eu caí no chão e não lembro de mais nada."
Samira afirma que perdeu os sentidos; Pedro continuou a agredi-la por cerca de seis minutos. "Quando eu acordei (após perder os sentidos), ele ainda estava me batendo. Ele deu 12 socos quando eu acordei".
A violência das agressões a Samira foi tamanha que Pedro quebrou a mão. Na audiência de custódia, o fisiculturista afirmou que quebrou o metacarpo (osso entre o punho e os dedos) durante "confusão" com a namorada.
Após a agressão, Pedro foi embora do apartamento levando o celular de Samira e dirigindo o carro dela. "Quando ele acabou de me socar, ouvi o barulho da chave do carro. Ele pegou meu celular e foi embora". Imagens gravadas por câmeras de segurança mostram o fisiculturista deixando o prédio mexendo na mão usada nos golpes contra a médica, como se estivesse com dor.
Relembre o caso
Policiais acharam Samira caída na sala do apartamento em 14 de julho. Foram acionados por um vizinho. Os militares entraram no imóvel depois que tocaram a campainha e não tiveram resposta. Segundo o boletim de ocorrência, eles ouviram um som que parecia o de uma respiração ofegante.
Pedro foi preso dirigindo o carro de Samira e disse não lembrar o que aconteceu naquela madrugada. Em um trecho da audiência de custódia ao qual o UOL teve acesso, o fisiculturista afirmou que quebrou o metacarpo (osso entre o punho e os dedos) durante "confusão" com a namorada.
Na audiência de custódia, a prisão em flagrante foi convertida para preventiva por tentativa de homicídio. "O modus operandi denota covardia, descontrole emocional e periculosidade concreta por parte do custodiado, homem fisiculturista de robusto porte físico, que teria socado intensamente o rosto de sua namorada'', escreveu o juiz Diego de Alencar Salazar Primo na decisão.
Aos policiais, Pedro teria confessado o crime e justificado ciúmes como motivação. Ele disse, segundo a polícia, que tinha visto conversas da mulher com outro homem no celular dela.
O que diz a defesa de Pedro
À Justiça, defesa alegou problemas de saúde de Pedro, como Transtorno Alimentar de Bulimia Nervosa. Um relatório psicológico anexado pelos advogados ao processo também cita abuso de anabolizantes, esteroides e medicamentos psiquiátricos. Documento diz ainda que o réu não continuou com o atendimento psicológico.
Qualquer manifestação sobre o caso é prematura, disse o advogado do fisiculturista, à imprensa. Em nota, Danilo Pereira argumenta que ainda faltam etapas burocráticas. "Deverá prevalecer o respeito às partes e seus respectivos familiares, de modo que toda e qualquer manifestação será realizada exclusivamente no bojo dos autos, após franqueada a íntegra da documentação".
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 —Central de Atendimento à Mulher— e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.
Há ainda o aplicativo Direitos Humanos Brasil e através da página da Ouvidoria Nacional de Diretos Humanos (ONDH) do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH). Vítimas de violência doméstica podem fazer a denúncia em até seis meses.
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