Capital do Atum, Itapemirim busca mercados no México e Índia para venda de pescado
Pescadores de Itapemirim procuram novos mercados após sobretaxa dos EUA, seguindo ações para manter empregos
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Com a sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, pescadores de Itapemirim, conhecida como Capital Capixaba do Atum e do Dourado por ser a maior exportadora de atum da América Latina, já miram no México e na Índia para manter competitividade e preservar empregos.
O movimento acompanha as iniciativas do Governo Federal, anunciadas na última quarta-feira, que incluem missões empresariais nesses países, além de linhas de crédito, adiamento de impostos e estímulo a compras públicas de produtos afetados.
Para o presidente da Associação de Pescadores de Itaipava, Ulysses Vieira Raposo, as ações, embora dependam de regulamentação e definição de prazos, podem ajudar o setor a atravessar o momento.
“É positivo ver a busca por outros mercados, como México e Índia, pois isso pode abrir novas oportunidades. Essas ações do governo ajudam, principalmente o crédito e o adiamento de impostos. Mas, para a pesca artesanal, o desafio é outro: é preciso agilidade e menos burocracia”, disse.

O pescador e associado Jesuel Roberto Lima Pereira reforça a expectativa de novos negócios.
“O mercado dos Estados Unidos sempre foi forte para a gente, mas agora precisamos olhar para frente. Se o México e a Índia abrirem as portas, é mais peixe saindo do mar e mais comida na mesa das nossas famílias”, afirmou.
Para ele, a diversificação é questão de sobrevivência: “A gente não pode depender de um só comprador. O mar é grande e o mundo também. Se tiver oportunidade, a gente vai vender para onde preciso for”.
“Essas ações do governo ajudam, principalmente o crédito e o adiamento de impostos Ulysses Vieira Raposo, presidente da Associação de Pescadores de Itaipava
Com produção anual de cerca de 3 mil toneladas de pescado e aproximadamente 13 mil pessoas vivendo direta ou indiretamente da atividade pesqueira, o distrito de Itaipava concentra uma das frotas mais relevantes da pesca industrial brasileira.
“Temos cerca de 2.400 pescadores registrados no município. Mas o número real é bem maior, porque muita gente ainda atua de forma informal”, afirma o diretor de Serviços Administrativos da Secretaria Municipal de Aquicultura e Pesca de Itapemirim, Nansson Marvila.
Ele lembra que, mesmo em um cenário difícil, o setor continua sendo o motor da economia local. “Itaipava respira pesca. A economia gira em torno disso”, finaliza.
Parceria com mexicanos
Nenhum país abriu tantos mercados para produtos do agronegócio brasileiro nos últimos anos quanto o México. Desde 2023, o país da América do Norte passou a comprar 22 produtos que antes não importava do Brasil, segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária.
A venda destes produtos ao México resultou em US$ 870 milhões ao setor (R$ 4,698 bilhões). O valor corresponde a mais da metade do total das exportações do agro brasileiro para novos mercados ao redor do mundo no período, que foi de US$ 1,7 bilhão (R$ 9,18 bilhões).
O governo federal cogita enviar uma comitiva ao México em agosto para negociar acordos comerciais. A missão seria liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, e aconteceria nos dias 27 e 28.
Entenda
Sobretaxa dos EUA
Os Estados Unidos impuseram uma tarifa extra de 50% sobre produtos brasileiros, incluindo pescado, o que encarece a venda e reduz a competitividade no principal mercado comprador.
O mercado norte-americano sempre foi um destino forte para o pescado de Itapemirim, especialmente atum e dourado, concentrando parte relevante das exportações.
Busca por alternativas
Para não perder vendas nem reduzir a produção, empresários e pescadores buscam diversificar destinos e evitar dependência de um único comprador.
O Governo Federal incluiu México e Índia entre os países-alvo de missões empresariais para ampliar as exportações brasileiras de produtos afetados.
México e Índia têm grande população consumidora e mercados pesqueiros em expansão, oferecendo oportunidade para absorver parte do volume que antes ia para os EUA.
Proteção de empregos
Ao conquistar novos compradores, o setor pretende manter a atividade econômica e os cerca de 13 mil empregos diretos e indiretos ligados à pesca em Itapemirim.-
A diversificação geográfica reduz riscos comerciais e pode abrir caminho para acordos com menos barreiras tarifárias que os impostos pelos EUA.
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