Biometria: segurança ou risco?
Biometria: a identidade única que exige proteção redobrada
Em praticamente todos os lugares por onde passamos, deixamos um rastro invisível, mas extremamente valioso: a nossa biometria. Seja para entrar no condomínio, acessar a academia, registrar presença no trabalho, liberar a catraca da escola ou até circular em áreas monitoradas por câmeras inteligentes nas ruas, estamos cedendo parte de nossa identidade mais íntima.
E, na correria do dia a dia, nem nos damos conta de quantas organizações já possuem esse dado guardado – e muito menos quais medidas de segurança elas adotam para protegê-lo.
A biometria é a tecnologia que identifica e autentica uma pessoa com base em características únicas, físicas ou comportamentais. Impressões digitais, reconhecimento facial, leitura da íris, análise da voz, assinatura, até padrões de digitação… tudo isso é biometria.
E, segundo a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), trata-se de um dado pessoal sensível, ou seja, que exige cuidados redobrados no tratamento.
O que preocupa não é apenas a coleta e o armazenamento, mas todo o ciclo de vida desse dado tão crítico. Em muitos casos, a coleta é feita de forma quase automática, sem oferecer alternativas ao cidadão.
No controle de acesso, por exemplo, a biometria virou regra, enquanto outros métodos de identificação – igualmente seguros – foram deixados de lado. A praticidade e a agilidade acabam ofuscando a reflexão sobre riscos e consequências.
E o risco é real. Um vazamento em massa de dados biométricos pode abrir brechas para fraudes sofisticadas, como sequestro de identidade e uso indevido em transações financeiras, contratos ou autenticações on-line.
Ao contrário de uma senha, que pode ser trocada, a biometria não pode ser “resetada” – é parte de quem somos. Uma vez exposta e circulando em fóruns de hackers, não há como recuperá-la.
A própria Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) já manifestou preocupação.
Em evento realizado na última quinta-feira (7), o analista Fabrício Lopes destacou que há um exagero na coleta de biometria para controle de acesso e que essa prática deveria ser opcional, jamais o único meio para garantir a entrada em um local ou confirmar a identidade de alguém.
O mais grave é que, na maioria dos casos, essa coleta não é precedida de uma avaliação de risco que antecipe os impactos de um vazamento em larga escala. Falta planejamento, sobra improviso.
Em nome da agilidade, esquece-se que estamos falando de um dado pessoal sensível, cuja exposição pode gerar danos irreversíveis.
Por isso, fica o alerta: antes de entregar a sua biometria, questione. Pergunte como ela será armazenada, por quanto tempo, com quais medidas de segurança, e se existe um programa robusto de proteção de dados pessoais na instituição que está coletando.
Afinal, a sua biometria é única e insubstituível. Protegê-la é proteger a sua própria identidade – antes que seja tarde demais.
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