Dia dos Pais: pais conectados e participativos
Maior presença paterna se deve, em grande parte, ao movimento social impulsionado pela mudança no papel da mulhes, diz psicóloga
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O papel do pai passou por transformações ao longo dos anos. Segundo especialistas, hoje eles estão mais participativos na vida dos filhos em comparação ao passado.
Sátina Pimenta, psicóloga e colunista de A Tribuna, comentou que essa maior presença se deve, em grande parte, a um movimento social impulsionado pela mudança no papel da mulher.
“Com a inserção da mulher no mercado de trabalho e a consequente sobrecarga nas tarefas domésticas e nos cuidados com os filhos, surgiu uma necessidade de divisão de responsabilidades parentais”.
“Essa exigência não apenas equilibrou funções, mas também proporcionou aos pais um momento inédito de aproximação e encantamento com seus filhos, algo que historicamente não fazia parte do papel paterno”, completou.
Dentro dessa temática, um ponto ressaltado pela psicóloga Luiza Bazoni é a importância de mudar a linguagem de que o pai “ajuda” na criação do filho. “Dizer isso pressupõe que a responsabilidade é da mãe e que ele está ali apenas como um assistente, dificultando assim a divisão de tarefas, o cuidado e o afeto”.
“Precisamos ter em mente que o pai deve exercer sua função parental com igual responsabilidade, atuando junto à mãe. Essa atuação conjunta favorece o desenvolvimento das crianças, o fortalecimento dos vínculos que serão refletidos por toda a vida, a segurança e as responsabilidades familiares”, completou.
Antes, o pai era visto apenas como provedor, uma figura coadjuvante, comentou Sátina. Agora, existem aqueles que não só participam ativamente da vida dos filhos, mas que também assumem a guarda, vão às reuniões escolares, cuidam, levam e buscam, demonstrando envolvimento afetivo e responsabilidade.
“Essa nova realidade criou um comparativo inevitável: filhos que não convivem com pais participativos acabam exigindo a mesma presença daqueles que se posicionam dessa forma”.

Momentos de diversão
O secretário de Estado de Controle e Transparência Edmar Camata, 44, mora sozinho com os filhos Dante e Ravi, de 10 e 14 anos, respectivamente, e cuida da rotina da dupla. Mesmo com sua vida profissional agitada, procura sempre acompanhá-los em suas atividades.
Os momentos de diversão não ficam de fora: Dante pratica beach tennis enquanto Ravi gosta bastante de futebol, e Edmar joga com eles. Além disso, os três andam de bicicleta e cozinham juntos.
“Cada um faz um pouco e no final, temos um banquete! Também saímos muito para tomar sorvete e açaí”, disse Edmar, que sempre teve o sonho e a vontade de ter filhos.

Dedicação
Assistente social no Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam), Valber Ricardo dos Santos, 43, conta que é um pai participativo na vida de seus filhos Cecília, 7, e João, 4.

Eles brincam, leem livros, fazem viagens, além de Valber acompanhar a duplinha em seu dia a dia.
“Sou do tipo que verifico agenda para ver se tem recado da escola ou atividades para casa. Sou presente em reunião de pais. Sou presente quando estão doentes e faço questão de ir às consultas médicas, administrar os remédios, inclusive de madrugada”, destaca.
“Lavo, hidrato e penteio o cabelo da Cecília. Faço questão de deixar claro para minha esposa que todas estas atividades não são exclusivas delas, são minhas também”.
Especialistas ensinam como criar vínculos
Se o pai está distante do filho, o que pode ser feito para fortalecer esse vínculo? Ao jornal A Tribuna, especialistas comentaram sobre o assunto.
Segundo a psicóloga Luiza Bazoni, o mais importante é que o vínculo seja construído com afeto, respeito e constância. Mesmo que a relação tenha sido distante no passado, a disponibilidade emocional no presente pode transformar o relacionamento.
Demonstrar interesse verdadeiro, perguntar ao filho como foi o dia dele, ouvir com atenção e participar de conversas cotidianas são ações importantes, assim como criar rotinas de convivência, como praticar esportes e ajudar nas tarefas escolares, ela pontuou.
A psicóloga da Bluzz Saúde Marília Zanette contou que algumas atividades simples e que criam conexão são brincar, contar histórias, cozinhar juntos, jogar, andar de bicicleta, conversar antes de dormir, assistir a um filme, desenhar e passear no parque.
“O mais importante não é o que se faz, mas estar presente de verdade naquele momento”, disse.
Marília destacou que é fundamental mostrar interesse real e constância, mesmo que aos poucos. “Relação se constrói e fortalece com pequenos gestos contínuos”.
Sátina Pimenta, psicóloga e colunista de A Tribuna, afirmou que um pai que foi ausente por toda a vida de um filho precisa reconhecer que há uma dor acumulada, e que o simples desejo de “ser paizão” não basta.
“O reencontro precisa respeitar o tempo da criança, do adolescente ou até mesmo do adulto. O mais importante nessa equação não é o ego paterno, mas o bem-estar dos filhos. Por isso, é fundamental investir em experiências reais de aproximação, com escuta, cuidado e ações voltadas a conhecer e reconstruir o vínculo de forma autêntica”
Convivência entre pais e filhos
Como o pai pode fortalecer o vínculo com o filho?
Especialistas apontaram que o afeto, constância e respeito ao tempo do filho são necessários para o fortalecimento do vínculo.
Algumas ações importantes: escutar com atenção o que o filho tem a dizer, participar de conversas cotidianas, criar rotinas de convivência, investir em experiências reais e tempo de qualidade.
Carlos Marcelo Assis Souza, psicólogo e palestrante, ressaltou ser fundamental que o pai se desligue de qualquer distração e dedique atenção e energia aos filhos e aquilo que alegra seus corações.
Importância da presença paterna
Segundo a psicóloga Luiza Bazoni, a psicologia do desenvolvimento destaca que presença ativa do pai traz impactos profundos no desenvolvimento dos filhos: estes têm mais autoestima, melhor desempenho escolar e maior capacidade de lidar com frustrações.
A presença paterna fortalece a noção de segurança emocional e ajuda na formação de vínculos saudáveis com outras pessoas. A convivência diária possibilita o desenvolvimento da empatia, da escuta e do afeto recíproco.
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