Estudo estima que número de mortes por câncer colorretal pode aumentar em 36,3%
Mortalidade por câncer que vitimou a cantora Preta Gil é alta e especialistas alertam para importância do rastreamento precoce
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O câncer colorretal (intestino e reto) é o terceiro mais incidente no País – sem considerar os tumores de pele não melanoma. A mortalidade por esse tipo de câncer, que vitimou a cantora Preta Gil, aos 50 anos, deve crescer nos próximos anos no Brasil.
A estimativa é que, em 15 anos, as mortes por esse tipo de tumor cresçam 36,3%, de acordo com projeção do 9º volume do Boletim Info.oncollect, da Fundação do Câncer, divulgado na terça-feira (05).
A região Sudeste deverá concentrar a maior parte das mortes, com 34% do total. Até 2040, as mulheres serão as mais vitimadas pela doença (37,63% de mortes), contra 35% dos homens.
“Se percebeu um aumento próximo a 60% na incidência de câncer de cólon e reto em pessoas com menos de 50anos. Parece que a obesidade, dieta rica em açúcar na primeira infância, sedentarismo e até mesmo o uso de antibiótico pode justificar esse aumento. Já 10% a 15% dos casos são hereditários (herança familiar)”, explicou o oncologista do Hospital Santa Rita Loureno Cezana.
A pesquisa mostrou ainda um dado que preocupa os médicos: a maioria dos diagnósticos acontece em fases muito avançadas da doença. Um dos fatores que contribui para isso é que o câncer de intestino, inicialmente, pode não dar sintomas, e quando eles aparecem podem ser negligenciados ou confundidos com problemas menos graves, conforme destaca a oncologista Juliana Alvarenga.
A gastroenterologista e presidente da Sociedade de Endoscopia Digestiva, Sarah Pilon, aponta que existem dois exames de porta de entrada para o rastreamento: a colonoscopia e a pesquisa de sangue nas fezes.
“A colonoscopia é o exame de preferência, porque, por meio dele, conseguimos fazer a retirada de lesões que vão evoluir para um câncer. Já na pesquisa de sangue nas fezes, o paciente faz um exame simples de fezes e ele acusa se tem sangue ou não. A vantagem é que é um exame simples, barato e acessível”, explica.
No País, a indicação para rastreamento do câncer colorretal, por meio da colonoscopia, é a partir dos 45 anos de idade.
“No Brasil, observa-se que o rastreamento é pouco incentivado, principalmente considerando o Sistema Público de Saúde, que carece de campanhas específicas de conscientização de maior impacto e convocação populacional para tal”, analisa Luana Pescuite, oncologista do Vitoria Apart Hospital.
Pólipo afeta até 20% da população, dizem médicos
Estima-se que de 15% a 20% da população apresente pólipos intestinais – alterações provocadas pelo crescimento anormal da mucosa do intestino grosso, que inclui o cólon e o reto –, segundo a Sociedade Brasileira de Coloproctologia.
Em sua fase inicial, os pólipos são pequenos e benignos (adenomas), mas podem crescer e sofrer transformação maligna, evoluindo para câncer (adenocarcinoma).
“A maioria leva mais de cinco anos (para se transformar em um câncer), porém, em situações de câncer familiar, isso pode ocorrer em até um ano”, destacou o oncologista Loureno Cezana, do Hospital Santa Rita, que atende, em média, 350 e 400 casos de câncer de colorretal por ano.
Segundo médicos, a identificação e a remoção precoce são fundamentais para a prevenção do câncer colorretal.
Quanto ao tratamento, a oncologista Luana Pescuite, do Vitoria Apart Hospital, diz que depende do estágio em que a doença é diagnosticada. Em fases iniciais, com tumores localizados e operáveis, a cirurgia é o primeiro passo, seguida da avaliação para possível quimioterapia com intenção curativa.
Nos casos avançados, com metástases em órgãos como fígado, pulmão ou linfonodos, a médica aponta que as chances de cura diminuem, sendo necessário o uso de tratamentos mais intensos, como quimioterapia, terapias-alvo e imunoterapia.
Saiba mais
Câncer colorretal
O câncer colorretal é o terceiro tipo de câncer mais frequente no Brasil.
A mortalidade por esse tipo de tumor deve aumentar 36,3% até 2040, sendo 35% entre homens e 37,63% entre mulheres, segundo estudo.
A região Sudeste deve concentrar o maior número absoluto de mortes, com aumento de 34%.
Dados da OMS relacionam o aumento da incidência ao consumo de carne vermelha e processada, além do álcool, tabagismo, obesidade e sedentarismo.
Como se desenvolve
O câncer colorretal se desenvolve, na maioria dos casos, a partir de pólipos intestinais — pequenas alterações na mucosa do intestino grosso (cólon e reto), que afetam de 15% a 20% da população.
Esses pólipos, geralmente benignos no início, podem crescer e se transformar em adenocarcinomas, que é um tipo maligno de tumor. Por causa disso, a detecção e remoção precoce dessas lesões são essenciais para a prevenção.
Exame
A recomendação atual é que homens e mulheres iniciem o rastreamento aos 45 anos, mesmo que estejam assintomáticos.
O exame de colonoscopia é o método preferencial, por permitir a retirada de pólipos durante o próprio procedimento. Já a pesquisa de sangue oculto nas fezes é uma alternativa mais simples, porém menos específica.
Para pessoas abaixo dessa faixa etária, é fundamental estar atento a sinais como alterações no hábito intestinal (prisão de ventre ou diarreia persistente), fezes finas, sangue nas fezes, dor abdominal, perda de peso ou fraqueza. Nesses casos, a avaliação médica é indispensável.
Tratamento
varia conforme o estágio da doença. Em casos iniciais, a cirurgia é o primeiro passo, seguida da análise da necessidade de quimioterapia com intenção curativa.
Quando há metástases — ou seja, quando o tumor já se espalhou para órgãos como fígado, pulmões ou linfonodos —, as chances de cura diminuem. Nesses casos, são utilizados recursos como quimioterapia, terapias-alvo e imunoterapia.
Prevenção
Alimentação rica em fibras, prática regular de atividade física, evitar cigarro e álcool, além de controle do peso, são medidas de prevenção.
Alterações no microbioma intestinal, influenciadas desde a infância, também são estudadas como possíveis causas para a doença, assim como o uso de antibióticos.
Fonte: Boletim Info.oncollect e especialistas consultados.
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