Tarifaço dos EUA afeta ovo produzido no Espírito Santo
Produtores exportam para os americanos e afirmaram que vão parar os investimentos. Findes apontou que 74 itens capixabas estão isentos
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Os ovos in natura produzidos no Espírito Santo, que ficaram de fora da lista de produtos isentos, sofrerão o impacto da ampliação para 50% da tarifa de importação de produtos brasileiros nos Estados Unidos.
É o que afirma o diretor-executivo da Associação dos Avicultores do Estado (Aves), Nélio Hand.
Como consequência, a indústria do setor deve paralisar investimentos, visto que eles estavam ocorrendo com foco na exportação, explica Hand.
“Os produtores investiram em estrutura e insumos que são específicos para produtos destinados à exportação. Novos investimentos certamente serão suspensos se a medida persistir, pois irá inibir a comercialização para os EUA”, disse Nélio Hand.
Os ovos produzidos no Brasil ganharam o mercado do país norte-americano com intensidade após a instalação de uma crise sanitária nos EUA que praticamente inviabilizou a produção local.
A situação, embora trágica, animou os produtores locais, que enxergaram a oportunidade como uma forma de ampliar esses tipos de negócios.
Lista
Elaborado pelo Observatório da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), um estudo apontou que dos 694 produtos da lista de isentos da tarifa adicional da taxação, 74 foram exportados pelo Estado em 2024. Essas exceções representaram 47,1% do total comercializado com os EUA.
Entre os itens produzidos no Estado que entraram na lista de produtos com menor taxação estão pedras de cantaria, celulose, minério de ferro e ferro fundido. Já aço, granitos trabalhados, mármores, travertinos, e café ficaram de fora.
O presidente da Findes, Paulo Baraona, disse que a Federação seguirá em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e com o Comitê de Enfrentamento das Consequências do Aumento das Tarifas de Importação, atuando para reduzir ou, até mesmo, reverter os impactos da taxação sobre os produtos capixabas não contemplados na lista das exceções.
Além disso, continuará monitorando o caso, mobilizando estrutura técnica e institucional para apoiar as indústrias capixabas na avaliação dos impactos e na construção de alternativas.
Os produtos mais afetados
Café
Um dos principais produtos do Espírito Santo, o café ficou de fora da lista de exceções do tarifaço, ao menos num primeiro momento.
A Associação da Indústria de Café (Abic) considera ainda ser bastante provável uma negociação para incluir o produto na lista de exceções, já que o Brasil representa 30% do mercado norte-americano nesse setor.
Carnes
Também foram excluídas da lista de exceções.
O Brasil é o principal exportador de carne bovina do mundo, e os Estados Unidos representam 12,1% do consumo dessas exportações.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) avalia que, caso não haja sucesso em uma negociação para incluí-la na lista de exceções, o volume de carne será distribuído ao redor do mundo, o que consequentemente também significa uma queda nos preços para o consumidor final no Brasil.
Gengibre
Também foi excluído da lista de exceções. Maior produtor de gengibre do País, o Espírito Santo é responsável por 75% da produção nacional, que se concentra nos municípios de Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá e Domingos Martins.
Ao todo, 3.500 famílias produtoras podem ser afetadas pelo tarifaço, já que um terço do gengibre produzido no Espírito Santo vai para os Estados Unidos.
A maior parte dos produtores são pequenos agricultores.
O tarifaço ainda não entrou em vigor, mas desde o anúncio, pelo menos 800 toneladas de gengibre deixaram de ser exportadas para os Estados Unidos.
Segundo o coordenador do Incaper em Domingos Martins Raoni Ludovino Sá, a tendência é de que o produto fique mais barato para o consumidor final.
Mamão
As frutas não entraram na lista de exceções do Tarifaço. Segundo José Roberto Macedo Fontes, presidente da Brapex, associação brasileira que representa os produtores e exportadores de mamão, o Espírito Santo é hoje o principal produtor e exportador da fruta do País, sendo o principal responsável pelas exportações para os EUA.
Mesmo assim, o impacto seria reduzido: 94% do mamão capixaba vai para a União Europeia.
O mamão já enfrenta uma taxa de 10% nos Estados Unidos e a nova taxa pode tirar a competitividade do produto capixaba no País.
Depoimentos


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