Estudantes se surpreendem com os resultados de testes de carreira
As avaliações ajudam na orientação profissional, mas outras formas de autoconhecimento também devem ser incentivadas
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Escolher uma profissão é um momento delicado. No fim da adolescência, com os hormônios em ebulição e mil dúvidas na cabeça, tomar uma decisão que pode impactar décadas de vida parece ainda mais difícil. Nesse cenário, os testes vocacionais surgem como aliados, mas é bom estar preparado. Jovens têm sido surpreendidos pelos resultados.

Foi o que aconteceu com Lucas de Freitas, de 17 anos, estudante do terceiro ano da Escola Sesi. Ele conta que fez o teste duas vezes e esperava um caminho bem definido.
“O que eu esperava? Um resultado voltado para engenharia. Na minha cabeça isso era garantido. Mas veio um resultado na área de humanas, Psicologia”, conta Lucas. Apesar disso, conta que pretende seguir a carreira de engenheiro.
Jovens que se surpreendem com os resultados dos testes vocacionais são mais comuns do que se imagina, afirma a psicóloga e doutoranda em Educação Renata Massalai, da Faculdade Unisales.
Ela explica que testes vocacionais são uma das ferramentas aplicadas dentro de uma orientação profissional. “Muitos adolescentes se surpreendem com os resultados”, destaca.
Segundo Renata, as surpresas costumam estar ligadas à fase que os jovens estão vivenciando. “Essa é uma fase de desenvolvimento da identidade, fortemente suscetível a influências externas, como pressões familiares, expectativas sociais e tendências do momento. Isso pode gerar frustração e abandono do curso já no primeiro ano”.
A psicóloga escolar Renata Junger concorda. Para ela, é importante dar ferramentas para que os adolescentes desenvolvam o autoconhecimento. “Eles ainda têm pouco repertório emocional e cognitivo. O primeiro passo é ajudá-los a pensar por si mesmos”.
Tadeu Penina, CEO e sócio da Multivix, acrescenta que “esse efeito de 'surpresa' pode ser positivo, pois amplia o leque de opções e estimula o protagonismo: ao conhecer novas possibilidades, o estudante passa a explorar carreiras e cursos antes não considerados”, declara.
Cristiano Carvalho, diretor-geral da Escola Americana de Vitória, adiciona que “só o teste não basta. É preciso considerar o contexto do aluno. O teste pode ser mais uma ferramenta para entender isso isso”.
No que os testes ajudam?
Existem diversos tipos de testes que ajudam os jovens a descobrirem mais sobre si mesmos, desde interesses profissionais até traços de personalidade e habilidades, segundo especialistas.
Um dos mais conhecidos atualmente é o DISC, disponível on-line e aberto ao público.
Ele avalia o perfil comportamental do participante e classifica-o em dominância, influência, estabilidade e conformidade.
“Cada carreira exige competências comportamentais diferentes. O DISC ajuda a traçar esse perfil”, explica a psicóloga Renata Massalai.
“Enquanto os testes vocacionais são privativos da profissão de psicólogo, o DISC pode ser feito livremente”.
Outros testes têm foco em habilidades e áreas de interesse. É o caso do modelo aplicado na Escola Monteiro, em que, após responder a uma série de perguntas, o aluno recebe um gráfico com suas pontuações divididas por áreas, como negócios, ciências biológicas, comunicação, entre outras.
“O objetivo é oferecer um instrumento que subsidie a escolha profissional do estudante”, afirma Ana Rita Gomes, psicóloga e fundadora da Escola Monteiro.
Além dos testes vocacionais, também existem os chamados testes de carreira, como o oferecido pela Multivix.
“O Teste de Carreiras Multivix fornece um diagnóstico inicial das tendências e interesses do participante”, explica Tadeu Penina, CEO e sócio da instituição.
“Mas é fundamental que esse resultado seja complementado com reflexões sobre valores pessoais, contexto familiar, mercado de trabalho e estilo de vida”.
Especialistas reforçam que testes devem ser vistos como uma ferramenta de apoio e não como uma sentença final.
Confirmação da escolha

Marina Bisi, de 18 anos, ex-aluna da escola Monteiro, conta que o teste vocacional serviu de confirmação. “Não me surpreendi por que eu já sabia o que queria. Mas ele me ajudou a ter certeza do caminho. Vou começar Engenharia de Produção na Ufes no 2º semestre”.
Ferramentas para auxiliar na escolha
Pesquisas e vivências permitem conhecer melhor as carreiras
01. Teste vocacionalExistem vários tipos. Alguns ajudam a entender melhor seu perfil, outros a saber em quais áreas você tem mais conhecimento. Há clínicas que oferecem orientação profissional, tendo o teste como uma parte do processo.
02. Palestra
Muitas escolas recebem profissionais para contar sua trajetória. Não fique tímido, essa é sua oportunidade de perguntar tudo o que sempre quis saber, então aproveite para esclarecer todas as suas questões.
03. Pesquise
Use a internet a seu favor. Busque relatos de profissionais, vídeos sobre cursos e dados do mercado de trabalho.
Veja também as possibilidades dentro da profissão, como docência, liderança, empreendedorismo, entre outros.
04. Imersão
Vivenciar a área que você vai escolher, pode te ajudar. Algumas escolas oferecem programas onde os estudantes passam uma semana na área de escolha. O programa jovem aprendiz e observar profissionais também são opções.
05. Visitas guiadas e feiras
Feiras de profissão e visitas guiadas a universidades, como as da Multivix, ajudam a entender o ambiente acadêmico e os cursos. Leve sua lista de dúvidas e converse com coordenadores.
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