Empresários afirmam: “EUA dependem mais do nosso café do que precisamos deles”
Um terço do produto consumido nos EUA sai do Brasil, num mercado de R$ 1,9 trilhão e com 2 milhões de empregos no território americano
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“Os Estados Unidos dependem mais do café brasileiro do que o Brasil depende do mercado americano”. É o que diz o presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Márcio Ferreira.
A dependência do grão brasileiro na economia americana deve causar impacto relevante nos EUA caso o tarifaço de 50% contra o Brasil seja colocado em prática, segundo Ferreira, já que o mercado de café em geral nos Estados Unidos representa 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) americano.
São, ao todo, mais de 2 milhões de empregos envolvidos na dinâmica do café nos Estados Unidos, diz ele.
“Para cada dólar exportado de café pelo Brasil, são gerados US$ 43 (R$ 237) na economia dos EUA. São US$ 343 bilhões (quase R$ 1,9 trilhão) movimentados por ano pelo café”, detalha Ferreira.
Mudar a demanda do café para outras fontes — ou seja, outros países produtores — seria difícil, diz Ferreira. As características da produção brasileira, adaptada ao gosto americano e às exigências das cafeterias existentes no país, torna o café local uma commodity atrativa para o mercado norte-americano.
“A maior rede de cafeterias do mundo está nos EUA. Nós (Brasil) vendemos 33% do café consumido nos EUA. Temos uma variedade de aromas que outros países não têm. Eles não vão abrir mão de comprar o café brasileiro”, aposta.
A produção mundial também dá sinais de que a dependência do café brasileiro pelos EUA será um problema para a tarifa sobre o produto. Depois do Brasil, o maior produtor no mundo é o Vietnã, que fica na Ásia, o que encareceria a logística. Já o terceiro, a Colômbia, tem produção predominante do café arábica.
“Os estoques lá fora não são grandes e estão em preços acima da média. E o mundo não produz mais excedente de café”, lembrou.
A crença é que a importância do café para os EUA seja um peso na mesa de negociação para uma solução. Mas, pelo histórico recente, há a possibilidade de que concessões sejam feitas pelo governo brasileiro. Recentemente, o Vietnã teve sua tarifa de 46% reduzida.
Em negociação, porém, precisou se comprometer a importar aviões americanos.
Saiba mais
ES é um dos maiores fornecedores
Outros mercados
O Brasil vem aumentando as exportações de café para a Ásia, que é vista como um mercado em ascensão para a commodity brasileira, segundo Ferreira.
O crescimento do consumo em países como China, Índia, Paquistão, Indonésia e Nigéria e as condições climáticas e de cultivo favoráveis em território brasileiro colocam o mercado do grão no Brasil em bons patamares.
A China, por exemplo, já é vista como um país forte na balança comercial do café. A perspectiva é que as exportações para o país cresçam nos próximos anos, independente da manutenção ou não da tarifa.
O desenvolvimento econômico e da rede de cafeterias do país asiático e o crescimento populacional do continente, frente ao decréscimo na Europa e nas américas, indicam para fortalecimento da balança comercial.
Café capixaba
O Espírito Santo é o 2º maior exportador de café do País, perdendo apenas para Minas — são 16 milhões de sacas esperadas para a safra 2024/2025, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Fonte: especialista citado e Globo Rural.
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