Queixas de homens e mulheres que os terapeutas mais ouvem
Falta de liberdade, dificuldade de diálogo e no sexo, rotina sufocante e pressão financeira estão entre as principais, dizem especialistas
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Casado no papel ou na prática, chega uma hora em que a “lua de mel” termina e começa a vida real. Nesta reportagem, especialistas contam o que mais incomoda homens e mulheres na convivência: quando o “felizes para sempre” esbarra nas finanças, diferenças de personalidade e o uso (quase conjugal) do celular.
“O número um é a comunicação. Os casais chegam ao meu consultório e reclamam da dificuldade que têm de conseguir se entender. Na maioria dos casos, isso tem origem na forma como foram socializados”, revela Ana Carolina Maffazioli, psicóloga e mestra em Psicologia do Desenvolvimento Humano.
Ela analisa que mulheres são ensinadas a serem vulneráveis, cuidadosas e a conversar sobre sentimentos. Enquanto isso, homens são incentivados a resolver problemas sozinhos ou “esquecer e engolir” suas dores.
“Simplificando é isso. No geral, o comum é que o casal chegue e haja reclamação de que a mulher quer conversar mais, principalmente, quando observa o homem sofrendo. Já ele prefere ficar em silêncio e lidar com os próprios problemas sozinho. Não é o que acontece em todos os casos, mas, na maioria”.
Outra reclamação comum são as redes sociais. Essa, explica, é uma questão com vários desdobramentos. Pacientes reclamam, por exemplo, de curtidas.
“São as formas modernas de ciúme. Outra questão é trocar tempo de qualidade pelo feed infinito do instagram. Em vez de fazer algo juntos, como montar um quebra-cabeça ou assistir um filme, ficam no celular”.
Psicólogo, terapeuta de casal e autor de cinco livros, Ricardo Brandão adiciona outra queixa causada pelo celular: o déficit emocional. “Há muitas reclamações como essa: uma das partes não se sente amada por que o outro é viciado em trabalho e usa o celular para estender a jornada em casa”.
Mulheres também reclamam que o marido evita sexo, ressalta, explicando que há vários motivos. Um deles é a troca da vida íntima a dois pela auto satisfação. “Vício em pornografia também aparece”.
Porém, o mais comum é que seja o contrário, como reforça Marina Simas de Lima, psicóloga e cofundadora do Instituto do Casal.
“Eles gostariam de ter uma frequência maior. Reclamam da falta de priorização para o sexo. Por outro lado, escutamos mulheres onde a libido nem aparece. A sexualidade deixa mesmo de ser prioridade, por exemplo, quando tem o primeiro filho ou na menopausa”.
Jeitos diferentes

Durante a pandemia, a maquiadora Larissa Melo Hill, 27, conta que precisou encontrar outro serviço e acabou dando de cara com o corretor de imóveis João Victor de Oliveira, 28. Ela se apaixonou pela timidez dele e ele pela autentidade dela.
Estão juntos há três anos. Mas, no começo, foi desafiador morar junto, conta João. “Cada um vinha com seus hábitos, manias e jeitos diferentes de lidar com o dia a dia. O mais complicado foi aprender a respeitar o espaço do outro e entender que, às vezes, silêncio também é carinho, ou que pequenas diferenças não são motivo para briga. A gente superou tudo isso com diálogo, paciência e, principalmente, com muito amor e parceria”.
Maiores reclamações dos homens na terapia
1. Falta de liberdade
Sentem-se controlados e sem espaço para individualidade. Não ir ao futebol ou tomar uma cerveja com os amigos são reclamações recorrentes.
2. Rotina sufocante
Reclamam da vida de casados virar uma rotina e que não são prioridade, principalmente, após o primeiro filho.
3. Pressão financeira
Carregam o peso de sustentar a casa e sentem-se cobrados.
4. Sexo em baixa
Gostariam de mais frequência, mas também são afetados por conflitos emocionais.
Maiores reclamações das mulheres na terapia
1. Falta de reconhecimento
Dizem que os homens não valorizam seu esforço com tudo que fazem no dia a dia, como cuidar da casa e dos filhos.
2. Sobrecarga
Acumulam jornada dupla e enfrentam divisão desigual das tarefas. Sentem que não conseguem ter espaço para desenvolver a carreira.
3. Dificuldade de diálogo
Sentem que os parceiros não conversam ou evitam conversas profundas.
4. Relação sexual
Queixam-se da falta de romantismo, do uso excessivo de celular e até de pornografia.
Vocês estão sintonizados?
Cada um deve responder separadamente às perguntas a seguir e não mostre ao seu parceiro até o final.
1. Como vocês gostam de passar o tempo juntos?
a) Programas culturais (museus, teatros, exposições)
b) Viagens e aventuras ao ar livre
c) Jantares sofisticados em casa ou fora
d) Maratonar séries no sofá
2. Quando surge um desentendimento, qual é a primeira reação de vocês?
a) Conversar imediatamente até resolver
b) Dar um tempo para esfriar a cabeça e voltar depois
c) Escrever mensagens ou bilhetes explicando o que sentem
d) Evitar o tema e seguir em frente
3. Com que frequência vocês falam sobre planos de longo prazo (casa, filhos, carreira)?
a) Toda semana
b) Uma vez por mês
c) Raramente; quando algo importante acontece
d) Nunca, preferem viver o dia a dia
4. Qual é a sua “linguagem do amor” predominante?
a) Palavras de afirmação
b) Qualidade de tempo juntos
c) Presentes e pequenos mimos
d) Toque físico e intimidade
5. Quando um de vocês está estressado, como o outro age?
a) Oferece conversa e apoio emocional
b) Dá espaço e cuida das tarefas práticas
c) Surpreende com um gesto carinhoso (flores ou jantar, por exemplo)
d) Propõe uma atividade relaxante, como massagem
6. Como vocês administram as finanças do casal?
a) Conta conjunta e controle compartilhado
b) Cada um paga suas despesas e divide só o essencial
c) Um de vocês centraliza e depois presta contas
d) Evitam falar sobre dinheiro sempre que possível
7. Qual a frequência ideal de encontros românticos?
a) Uma vez por semana
b) Cerca de duas ou três vezes por mês
c) Uma vez por mês
d) Quando sobra tempo na agenda lotada
8. Como vocês lidam com as diferenças de libido?
a) Conversam abertamente e buscam soluções juntos
b) Têm um espaço reservado para intimidade mesmo com frequências diferentes
c) Adaptam-se sem muita discussão (aceitam o fluxo natural)
d) Evitam o tema por constrangimento
9. O quão confortável vocês estão em mostrarem vulnerabilidade um para o outro?
a) Totalmente: compartilham sentimentos profundos
b) Bastante: mas têm algumas barreiras
c) Pouco: evitam assuntos que geram dor
d) Quase nada: mantêm a independência emocional
10. Se pudessem investir em algo hoje, vocês escolheriam:
a) Uma viagem internacional de luxo
b) Um curso ou workshop de desenvolvimento pessoal
c) Reformar/adquirir um imóvel
d) Um hobby ou experiência exclusiva (gastronomia, arte, esportes)
Resultado
Verifique quantas respostas iguais você e seu parceiro responderam.
7 a 10: sintonia alta!
4 a 6: Boa conexão
Que tal aprofundar as respostas que foram diferentes? Diálogo é a chave de uma boa relação.
0 a 3: Desconectados
Seria importante conversar para alinhar expectativas e fortalecer vínculos. Uma terapia pode ajudar.
Fonte: Quiz produzido pelo Instituto do Casal
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