Casa ecológica une ressocialização e dignidade em Viana
Após perder tudo em incêndio, casal é contemplado com moradia feita por internos com tijolos sustentáveis
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Tijolos ecológicos produzidos no sistema prisional agora têm um novo objetivo além da sustentabilidade e da menor geração de entulhos: serem usados para moradia. A Secretaria da Justiça (Sejus), em parceria com a Prefeitura de Viana, entregou, neste mês de julho, uma casa popular a um casal vianense. O imóvel integrará o programa habitacional do município.
Localizada no bairro Campo Verde, a residência foi erguida com 44 metros quadrados, utilizando como principal matéria-prima os tijolos produzidos por internos da Penitenciária Agrícola do Espírito Santo (Paes). A propriedade é composta por cinco cômodos: dois quartos, uma sala integrada com a cozinha e um banheiro.
Cerca de 30 internos atuaram na construção em diversas frentes de trabalho, desde a fundação até o acabamento do imóvel. Para a obra, foram utilizados, aproximadamente, 13 mil tijolos ecológicos. As construções foram iniciadas há oito meses, em parceria com o município.
O secretário de Estado da Justiça, Rafael Pacheco, destacou a parceria com a Prefeitura de Viana e os benefícios da iniciativa para a ressocialização, sustentabilidade e bem-estar social. "Este projeto é uma prova concreta de que o sistema prisional pode ser uma verdadeira fonte de transformação social. A construção da casa ecológica, feita por internos capacitados e envolvidos em uma ação sustentável, demonstra o potencial de ressocialização, solidariedade e bem-estar social do projeto”, pontuou Rafael Pacheco.
Para o prefeito de Viana, Wanderson Bueno, essa ação é mais do que um lar: é a possibilidade de devolver dignidade, esperança e uma nova história.
“Hoje entregamos mais do que uma casa — entregamos dignidade, esperança e uma nova história para uma família vianense. Essa parceria mostra que é possível transformar vidas com solidariedade, sustentabilidade e união de forças. É Viana construindo um futuro mais justo para todos”, afirmou o prefeito.
Segundo a diretora da unidade prisional, Leizielle Marçal, a iniciativa faz parte do projeto Ressocializar Sustentável, desenvolvido na Penitenciária Agrícola do Espírito Santo (Paes). “Durante o processo de construção da casa, vivenciamos diversas experiências satisfatórias — desde a oferta de trabalho digno às pessoas privadas de liberdade, atrelado ao altruísmo, até o acompanhamento dos futuros moradores, que compareciam diariamente para acompanhar a obra e agradecer pela moradia. Atualmente, eles residem em uma casa de lona. Por isso, essa entrega é tão especial”, disse.
Depois de perderem tudo em um incêndio acidental, a família encontra um novo começo com a entrega da primeira casa ecológica do projeto. O lar foi pensado com carinho: o jardim externo ganhou vida com flores e plantas cultivadas por internos da penitenciária, e cada detalhe da construção foi projetado voluntariamente pelo arquiteto Nilson Freire.
Mobília
Por meio da Marcenaria Jequitibá, instalada na Penitenciária Estadual de Vila Velha 3 (PEVV3), a Secretaria da Justiça (Sejus) também produziu móveis que foram doados aos moradores e já estão montados na casa popular.
Entre os itens estão: cama de casal, jogo de mesa com quatro cadeiras, cômoda com gavetas e armário de cozinha, além de estante, banco e baús organizadores. Todos os móveis foram produzidos por internos participantes do projeto de marcenaria.
Produção de tijolos
Os tijolos ecológicos são feitos a partir da mistura de saibro, areia e cimento. O processo de fabricação é realizado em prensa hidráulica e, após essa etapa, os tijolos são curados com água. Têm um formato inovador e autoencaixável, que permite assentamento com pouca argamassa AC3, dispensando acabamento e rejuntamento convencional. Além disso, a produção utiliza menos cimento e elimina a necessidade de queima, como ocorre na fabricação dos tijolos tradicionais, tornando o processo mais sustentável e de baixo custo.
*Estagiária sob supervisão de Weslei Radavelli.
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