IA e realidade virtual ajudam nos tratamentos de saúde
Avanços como inteligência artificial, realidade virtual e espelhos inteligentes revolucionam os tratamentos estéticos e projetam o futuro da medicina
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Nas guerras antigas, as pessoas morriam dias depois de levar um tiro ou uma facada. A causa da morte não era o ferimento, mas infecção ou grangrena decorrente deles. Na época, a medicina não tinha nem antibiótico, nem salas esterelizadas.
Hoje o mundo parece ter entrado na velocidade 3x. A inteligência Artificial (IA) e a Realidade Virtual, recém-chegadas ao mundo, já transformam o dia a dia dos tratamentos estéticos no Estado.
No consultório do cirurgião plástico Victor Kiefer, por exemplo, a paciente consegue visualizar como a prótese mamária vai ficar através de um óculos de realidade virtual.
“Conseguimos montar um modelo 3D utilizando um programa que associa IA e realidade virtual. Nesse modelo, a paciente pode visualizar diferentes tamanhos e formatos antes de operar”.
Já a dermatologista Karina Mazzini utiliza a IA como auxiliar nos tratamentos. Ela conta que envia uma foto do paciente e pede sugestões de melhorias e indicação de tratamentos. “É um recurso bacana para se ter como aliado e acho que pode ser muito bom se a gente souber usar”.
Outro aplicativo já disponível são os espelhos inteligentes que avaliam a pele em casa, conta. “Funcionam por meio de câmeras de alta resolução e algoritmos que analisam a textura da pele, detectando manchas e rugas. Eles também dão algumas recomendações e dicas personalizadas para cuidados e melhorias”.
Diante de tantos avanços, o cirurgião plástico Ariosto Santos reflete sobre o impacto da tecnologia no futuro da medicina estética. “Quando eu era criança, tinha um gibi onde o personagem principal falava com o relógio. Todo mundo pensava que isso nunca ia acontecer. Mas a tecnologia está aí e cada dia vai aprimorar mais. O antibiótico tem menos de 100 anos. Um dia, dez, trinta anos à frente, as pessoas vão olhar para trás e achar um absurdo cortar outras pessoas para fazer uma cirurgia”.
Produtos personalizados
A tendência são produtos naturais e personalizados para cada tipo de pele, afirma a dermatologista Karina Mazzini.
“Acredito que o cuidado com a pele no dia a dia é muito importante. Os cremes fermentados, por exemplo, estão super em alta, assim como os produtos coreanos”.
Já para a médica Renata Melo, a personalização é uma realidade que deve crescer ainda mais, com fórmulas feitas sob medida para cada tipo de pele, estilo de vida e até genética. “Deve crescer ainda mais, com produtos manipulados de forma exclusiva ou com tecnologia de análise digital da pele”.
O futuro está cheio de possibilidades, mas não podemos esquecer que o envelhecimento é um processo natural, destaca a geriatra Daniela Barbieri.
Ela ressalta que é importante aproveitar cada fase da vida.
Brasil no topo do ranking de cirurgias plásticas
Mais de 2,3 milhões de cirurgias plásticas foram realizadas no Brasil em 2024, segundo dados atualizados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS).
O número representa um crescimento de 7,5% em relação ao ano anterior e consolida o País como líder mundial em procedimentos cirúrgicos estéticos.
“O Brasil é o número um de novo. Batemos recorde. A cirurgia plástica é uma das áreas da medicina onde estamos na vanguarda do mundo”, afirma o cirurgião plástico Ariosto Santos.
Segundo o levantamento, os procedimentos saltaram de 2,185 milhões em 2023 para 2,354 milhões em 2024. Ariosto acredita que o avanço da tecnologia vai transformar a área.
“No futuro, teremos resultados melhores, com menos dor, roxidão e inchaço”.
Entre os avanços, destaca novas abordagens para implantes mamários, como o uso de gordura do próprio paciente ou a preparação dessa gordura com células-tronco.
“A prática do silicone tende a ser substituída. Uma tendência já observada é o uso de próteses vazias, que são preenchidas dentro do próprio corpo”.
Alguns procedimentos
Nanofat
É uma técnica da medicina regenerativa que utiliza a própria gordura do paciente, processada para concentrar células-tronco e fatores de crescimento. O resultado é uma revitalização profunda da pele, com melhora na firmeza, textura e viço.
Eladerm
É um aparelho de radiofrequência microagulhada que atinge até 7 milímetros de profundidade. O diferencial está na ponteira com gás criogênico, que reduz significativamente a dor durante o procedimento. Indicado para tratar flacidez, rugas e gordura localizada, ele também promove intensa estimulação de colágeno, com mínimo desconforto e downtime reduzido.
Oligio X
É uma tecnologia coreana de última geração, é um dos poucos aparelhos do tipo com aprovação do FDA, o que atesta sua segurança e eficácia. Ele atua com precisão no rejuvenescimento da face, pescoço e principalmente da área dos olhos – região delicada e de difícil tratamento. Estimula a produção de colágeno e melhora a flacidez e as rugas com naturalidade, sem necessidade de tempo de recuperação.
PRP
Técnica que utiliza o próprio sangue do paciente. O plasma, rico em plaquetas (PRP), é separado por centrifugação e aplicado na pele. Estimula a regeneração celular, a produção de colágeno e melhora a textura da pele. Também usado para queda de cabelo e olheiras.
Segundo a dermatologista Oliete Guerra, essa técnica ainda está em fase de pesquisa, não tendo autorização da Agência Natural de Vigilância Sanitária (Anvisa). Alguns locais no Brasil estão aplicando, porém, em forma de pesquisa. Destaca ainda que os resultados estão sendo bons. Algo para olhar no futuro.
Laser de CO2 fracionado
Continua sendo uma opção eficaz e segura. Segundo especialistas, ele estimula a regeneração da pele, melhora a textura, suaviza rugas e contribui para a produção de colágeno.
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