Golpistas usam games para roubar informações de jovens nas férias
Cibercriminosos podem induzir vítima a usar cartão de crédito para comprar itens virtuais ou até mesmo cometer crime de pedofilia
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Achegada das férias escolares é um momento de descanso para crianças e adolescentes, mas os pais e responsáveis precisam ficar atentos neste momento que o uso das telas pode aumentar. É que um dos principais meios de diversão, os jogos on-line, têm sido usados por cibercriminosos.
Segundo um estudo recente da Kaspersky, empresa de segurança digital, os jogos que as crianças mais gostam são: Minecraft, Brawl Stars, Fortnite e Roblox. A mesma empresa já divulgou que esses jogos também estão entre alvos principais de golpistas virtuais.
O especialista em crimes cibernéticos Eduardo Pinheiro observa que cibercriminosos estão cada vez mais atentos aos jovens.
“Dentro dos jogos on-line, crianças e adolescentes são induzidos a usar os cartões de crédito dos pais para comprar itens virtuais, muitas vezes sem perceberem o golpe. Além disso, há um risco ainda mais grave: pedófilos se infiltram nesses ambientes, se passando por outros jogadores, para ganhar a confiança das vítimas e iniciar conversas perigosas”, ressalta.
Eduardo Pinheiro destaca ainda que, além de engenharia social, esses cibercriminosos utilizam códigos maliciosos disfarçados de aplicativo aparentemente útil, divertido ou interessante, para roubar dados dos dispositivos do adolescente ou dos membros da família.
O analista de sistemas e professor universitário de Segurança da Informação Lucas Teixeira Alves lembra que os jogos on-line têm o recurso de bate-papo.
“Existem os chats, em que os usuários podem conversar com uma outra pessoa, ou em grupo. Muitas vezes, só há o avatar do jogador e não é possível saber sua real identidade. Por meio desses chats, os cibercriminosos podem convencer crianças a passarem dados”, observa.
O especialista em Segurança da Informação João Paulo Chamon observa que plataformas de streaming hoje funcionam como as antigas videolocadoras que muitos pais conheceram, há décadas.
“Agora você não precisa necessariamente ser dono do jogo. Você pode assinar um canal, um streaming, mas na verdade é uma loja. E a maioria desses jogos fica on-line. Ou você vai pagar pelo game ou ele vai tentar te vender alguma coisa”, destaca.
Os especialistas alertam para a importância do diálogo com crianças e adolescentes sobre como se comportar de forma segura. “Não significa proibir a diversão, as etapas da conquista dos jogos, os desafios. O ideal é ensinar a identificar os perigos”, diz Lucas Alves.
Cibercriminosos fazem até chantagem após invasões
Um perigo que ocorre quando crianças e adolescentes jogam on-line sem supervisão e orientação também é serem alvos de chantagem por parte de cibercriminosos, por serem vulneráveis do ponto de vista emocional, apesar de terem familiaridade com a tecnologia.
“Pode ser que essa pessoa invada a máquina e ative a câmera remotamente para tirar foto do adolescente ou da criança. A pessoa ativa a webcam, sem a criança saber, na hora que ela está trocando de roupa, tira fotos, depois fica on-line e faz chantagem”, destaca o especialista em Segurança da Informação João Paulo Chamon.

O especialista em crimes cibernéticos Eduardo Pinheiro frisa que “pais que deixam filhos menores livres no ambiente on-line estão criando menores abandonados digitais”. “Não devemos deixar a criança sozinha no ambiente digital sem acompanhamento de perto e orientação”, destaca.
Saiba mais
Golpes em jogos on-line
O número de vítimas em jogos populares entre crianças cresceu 30% no 1º semestre de 2024 em comparação ao 2º semestre de 2023. Ao todo, foram detectados 6,6 milhões de tentativas de ataques.
Roubo de dados pessoais, golpes financeiros e apropriação de contas são as armadilhas mais comuns.
No cenário global, 132 mil pessoas já se tornaram efetivamente vítimas de uma dessas investidas. Ainda segundo a análise, Roblox, Minecraft e Among Us são os jogos infantis mais explorados.
Principais alvos dos bandidos
1º Minecraft: 3 milhões ataques;
2º Roblox: 1,6 milhões ataques;
3º Among Us: 945,5 mil ataques;
4º Brawl Stars: 309,5 mil ataques;
5º Five Nights at Freddy’s: 219 mil ataques;
6º Fortnite: 165,8 mil ataques;
7º Angry Birds: 66,7 mil ataques;
8º The Legend of Zelda: 33,7 mil ataques;
9º Toca Life World: 28,3 mil ataques;
10º Valorant: 28,1 mil ataques;
11º Mario Kart: 14,6 mil ataques;
12º Subway Surfers: 14,2 mil ataques;
13º Overwatch 2: 9 mil ataques;
14º Animal Crossing: 8,2 mil ataques;
15º Apex Legend: 8,1 mil ataques.
Como os cibercriminosos agem
O contato com os usuários é por chats, individuais ou em grupo, ou por convite para acessar links.
Moedas grátis: o golpe solicita os dados do jogo ao usuário, que chega a um site, onde precisa confirmar que “não é um robô” para supostamente ganhar moedas premium. Após essa etapa, eles têm os dados do jogo e bancários roubados.
Recompensas: promete vale-presente aos jogadores, mas, antes de fazer o pagamento do vale, solicitam informações bancárias. Há o risco de fornecerem os dados dos pais.
Skins gratuitas: as skins permitem personalizar o personagem do usuário no jogo e algumas são caras. Os golpistas convidam os jogadores a fazer login em um site, para ganhar o prêmio, e sequestram a conta.
Como proteger seu filho?
Ter diálogo sobre a importância da segurança on-line e como identificar situações perigosas.
Ensiná-los a não compartilhar informações pessoais ou acessar convites para links externos.
Reforçar a importância de respeitar a faixa etária para os jogos.
Alertar para evitarem interações em chats com desconhecidos.
Usar senhas fortes.
Instalar antivírus e ferramentas de segurança.
Fonte: Kaspersky e especialistas.
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