Trabalho por aplicativo: flexibilidade é a chave para atrair profissionais
Especialistas avaliam que a flexibilização da legislação trabalhista e de modelos de trabalhos é necessária para voltar a atrair os profissionais
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A flexibilização da legislação trabalhista e de modelos de trabalhos nas empresas é necessária para voltar a atrair os profissionais para o mercado formal, avaliam especialistas.
A advogada Caroline Bonacossa destaca que aceitar um emprego de carteira assinada no Brasil significa abrir mão de auxílios que garantem uma renda básica, o que leva muitos a optarem pela informalidade ou pelo trabalho por conta própria, como é o caso dos motoristas de aplicativo.
“Além disso, a relação entre empregador e empregado, especialmente nas pequenas e médias empresas, está bastante engessada. A insegurança jurídica, principalmente com uma Justiça do Trabalho que tende a ser muito protetiva ao empregado, dificulta inovações ou flexibilizações nas relações de trabalho, que poderiam ser benéficas para ambos”, afirma.
Ela avalia que as empresas podem atrair esses profissionais novamente oferecendo modelos híbridos, mais flexíveis, programas de capacitação internos e um ambiente mais transparente e colaborativo. Também é fundamental que haja uma modernização na legislação trabalhista, que permita relações mais equilibradas e menos litigiosas.
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Já o advogado Leonardo Ribeiro considera que as empresas precisam modernizar sua gestão, oferecendo condições que rivalizem com o que atrai esses trabalhadores para o trabalho por aplicativo: flexibilidade, autonomia e valorização.
“Isso inclui a adoção de jornadas flexíveis, uso do banco de horas previsto na CLT, escalas ajustáveis, plano de carreira transparente e um ambiente de trabalho mais participativo. O modelo tradicional, muitas vezes hierarquizado e rígido, tem perdido espaço justamente por não atender a essas demandas contemporâneas”, afirma.
O advogado Dilson Carvalho acrescenta que as empresas também deveriam pensar em se antecipar às tendências envolvendo mudanças na legislação trabalhista, como a redução da carga horária. “Além disso, é imperativo oferecer melhores condições salariais ou de progressão salarial para a reversão desse fenômeno”.
Já o advogado Josmar de Souza Pagotto comenta que, apesar da necessidade de maior flexibilização, é preciso encontrar um meio termo para não prejudicar o próprio trabalhador.
“Há motoristas que relatam trabalhar mais do que 11 horas por dia para terem os ganhos que desejam, o que pode ser prejudicial à saúde e levar à exaustão. Há uma precarização do trabalho sem vínculo, uma realidade que poderia ser prejudicial se trazida totalmente para as outras modalidades de emprego”.
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