Psicóloga explica brigas com vizinhos e familiares: "Valores diferentes"
Pesquisa aponta que conflitos são comuns e causados por dificuldade de diálogo e choque de gerações
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A pesquisa da Universidade Vila Velha (UVV) em parceria com o jornal A Tribuna revelou ainda que todo mundo já teve um conflito com um familiar (100%) e com um vizinho (100%). Na origem das desavenças está a comunicação, revela a psicóloga Naira Araújo.
“A dificuldade de diálogo provoca brigas tanto entre vizinhos quanto entre familiares”.

Segundo ela, um dos principais fatores por trás desses desentendimentos é o choque de gerações. “Cada geração carrega valores diferentes, moldados pelas condições da época. Antigamente, o acesso à informação, à comunicação e ao consumo era limitado, e as pessoas aprendiam a lidar com a vida de forma mais difícil”.
Com o tempo, esse cenário mudou. O acesso facilitado transformou as relações humanas – inclusive a forma de se comunicar e de se relacionar. “Muitas vezes, não conseguem dialogar de forma clara porque, por assim dizer, falam línguas diferentes”.
A psicóloga observa um aumento do distanciamento social e dos distúrbios de saúde mental, em grande parte originados pela inabilidade de estabelecer diálogos significativos nas famílias.
Destaca ainda que o problema é agravado pelo uso excessivo da tecnologia. “A dependência de telas e redes sociais prejudica ainda mais a comunicação”.
Entre vizinhos, os conflitos podem crescer a ponto de gerar inimizades e até agressões. “É comum, mas não deve ser considerado normal”.
A maioria das pessoas (56,4%) recorre ao síndico para resolver conflito, segundo a pesquisa da UVV. Em 27,2% dos casos, a prefeitura foi acionada. E em 12,1%, a polícia precisou ser chamada.
Aline Moraes, síndica profissional, conta que há conflitos simples que podem ser resolvidos por meio da comunicação. Em um momento, conta, convocou dois moradores de um condomínio em Vila Velha para conversar.
“Teve um caso em que um morador reclamava de um barulho recorrente. Chamamos os dois para conversar e descobrimos que o ruído era o arrastar das cadeiras pelas crianças na hora do jantar. Também havia um som de manhã que vinha do socador de alho”, conta.
O conflito, explica a especialista, foi resolvido. O vizinho se comprometeu em colocar feltro nas cadeiras para minimizar o barulho. Já o alho, o outro vizinho entendeu que não havia solução. “Eram duas coisas bem simples que conseguimos resolver com uma reunião”.
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