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Famosos

Conheça padre Patrick, capixaba que fala sobre humor e depressão

Sarcedote viralizou após participar da CPI das Bets e responder crítica da mãe da influenciadora Virginia Fonseca


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Imagem ilustrativa da imagem Conheça padre Patrick, capixaba que fala sobre humor e depressão
Capixaba Patrick lidera uma paróquia em Parauapebas (PA), mas vai a muitos outros lugares |  Foto: Reprodução/Instagram

Patrick Fernandes, 38, ainda falava na CPI das Bets quando os memes começaram a pipocar: "Esse aí não é padre de festa junina!".

Ordenado 13 anos atrás em Marabá (PA), o sacerdote já era pop nas redes sociais, com 6,7 milhões de seguidores no Instagram. Mas, para todo um público não religioso, foi ali que padre Patrick nasceu como fenômeno, na comissão do Congresso que investiga efeitos nocivos das casas de apostas digitais.

Esteve lá a convite das senadoras Soraya Thronicke (Podemos-MS), a relatora da CPI, e Damares Alves (Republicanos-DF). O chamado veio após publicar na internet um vídeo em que se coloca à disposição para ajudar a combater o vício popularizado pelo "jogo do tigrinho" e afins.

Diante de senadores, elogiou artistas que não se envolvem com bets. "E tem aqueles que são como Pilatos: lavam as mãos, não estão nem num canto nem num outro. Como diz o Livro do Apocalipse: ou tu és quente ou és frio; se fores morno, estou prestes a te vomitar."

Margareth Serrão concluiu que a carapuça era o número da filha. Mãe da influenciadora Virginia Fonseca, convocada dias antes para explicar seus contratos com empresas do ramo, ela comentou numa rede social que "agora até padre [está] atrás de biscoito".

A reação do sacerdote viralizou. Desejou "apenas muita luz e sucesso" à matriarca de "uma família linda" que respeita "profundamente". Disse esperar "que usem da influência que possuem para fazer o bem" e reforçou que não citou Virginia em instante algum.

O xeque-mate: "Já que está com tempo, assista por completo o vídeo da CPI e se pergunte se em algum momento eu ofendi a sua família. Estive ali para alertar sobre jogos online, se você se sentiu ofendida em algum momento, peço desculpas, mas acho que não fui eu quem a acusou, foi a sua própria consciência. Deus abençoe".

Em videochamada com a Folha, o padre diz que respondeu "de forma educada, e realmente tudo que eu falei lá proveu do meu coração". Ele admite: "Assim, me feriu um pouco porque colocou em xeque o meu sacerdócio, inclusive. Ou seja, [ela disse] que eu tinha que me ocupar de outras coisas, que eu tinha que estar na igreja. Imagine se Jesus ficou somente dentro do templo. Pelo contrário, ele foi às periferias, aos lugares que ele deveria ir".

O capixaba Patrick lidera uma paróquia em Parauapebas (PA), mas vai a muitos outros lugares. Tem uma "agenda non stop" do seu show, "Bença, Padre" —o previsto para este domingo (25), em São Paulo, tinha ingressos entre R$ 40 e R$ 140.

Existem dois tipos de padre: o religioso, que pertence a uma ordem (como franciscanos ou dominicanos), e o diocesano, a serviço de uma diocese. Patrick é do segundo tipo, que não faz voto de pobreza e pode ter bens em seu nome.

"Estou longe de ser rico", ele diz. Mas pobre também não é. "Financeiramente, eu poderia ir numa loja e comprar, sei lá, um tênis de uma grife famosa." Diz que prefere não. "Primeiro porque não me apetece, segundo porque acho que seria pra mim um contratestemunho, mesmo não sendo dinheiro provindo de dízimo. Seria meu dinheiro, de show, de livro."

Ele, contudo, diz que não se sentiria confortável esbanjando uma vida de luxo. "As pessoas que vão à minha igreja não têm condições, ao menos a maioria delas, de ter um tênis, uma camisa de grife."

Mas, como ele mesmo já disse, voto de pobreza esse padre nunca fez. Patrick gosta de viajar. Levou a mãe à Fátima, em Portugal, ponto de peregrinação católica. Um sonho dela. Em janeiro foi à Itália, e de lá respondeu perguntas lançadas por seus seguidores, com o humor que virou sua marca.

A quem o provocou dizendo não saber que padre tira férias, rebateu: "E eu não sabia que satanás vinha tentar até aqui". Outra: "Todos os padres ficam calvos?". Ele: "Melhor que marido, que fica tudo barrigudo, com chulé e com bafo".

É pecado pegar dinheiro do marido quando ele está bêbado? "Não. Pode pegar é tudo inclusive, e você pode até mentir no outro dia, fale que ele gastou tudo com cachaça."

O estilo despachado já o preocupou. "Tinha esse receio das pessoas me verem como um engraçado, simplesmente. Acho que isso me esvaziava." Bobagem, concluiu depois. Sua persona digital virou um trunfo. "Tem que contar o maior número das pessoas que a gente pode alcançar, que são jovens, que costumam não ter um apreço por estar na igreja."

Ele lançou recentemente, com Gabriel Chalita, o livro "Conversas sobre Alegria", pelo BestSeller, selo de autoajuda da editora Record. Patrick superou uma depressão grave seis anos atrás, e logo depois veio a pandemia de Covid-19. Foi nesse período que suas redes sociais decolaram.

Filho de funcionária pública e autônomo, com um irmão PM e uma irmã engenheira, Patrick vem de uma família de "católicos do IBGE", não praticantes da fé —o que foi mudando depois que ele virou padre. Aos 18, foi a um retiro de jovens, e dali quis estudar em seminário. Aos 25, já estava ordenado.

Hoje mora com sete cachorros: Bixiga, Luperca, Xuxão, Alfredo, Nala, Levi, Ambrósio e Joana. Intercala os compromissos eclesiásticos com uma rotina mais mundana. Vai à academia umas cinco vezes por semana, até porque "não serei hipócrita aqui em relação a ‘vou por conta de saúde’, não é só por isso, vou porque eu gosto de me sentir bem com o meu corpo mesmo".

A batina não é nenhuma capa de super-homem, ele frisa. "Apenas no Brasil, nos últimos três anos, mais de 70 padres cometeram suicídio, por exemplo. A gente se pergunta o que está acontecendo."

São sintomas "muitas vezes silenciados, porque você tem a ideia do padre forte, e demonstrar fraqueza parece que é algo absurdo". Daí tantos relatos "de líderes religiosos que estão vivendo essa noite escura da alma, da depressão", diz.

A parceria com Chalita tem a ver com o outro lado da moeda. Numa conversa, os dois perceberam "que precisávamos falar sobre o dom da alegria", e não aquela passageira.

"Você comer uma boa comida, beber uma taça de vinho, isso causa uma alegria. Só que existe algo que dura, mesmo diante das provas. Então o livro é sobre isso, a capacidade do ser humano de esperar em Deus, pelo melhor que ainda está por vir, as coisas que os olhos não viram, que o coração não imaginou."

Taí uma aposta que padre Patrick não vê como pecado.

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