Venda de remédios à base de cannabis dispara no País
Nos últimos quatro anos, o aumento foi de 342,3%, com liberação das marcas, na Anvisa, e pela quantidade de indicações, que cresceu
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A venda dos produtos à base de canabidiol, substância extraída da planta conhecida como maconha (Cannabis sativa), registrou um aumento expressivo nos últimos quatro anos. De 2018 até o ano passado, o crescimento foi de 342,3% nas farmácias brasileiras.
Só de 2021 para 2022, a comercialização desses produtos cresceu em 156%, o que representou um movimento de mais de R$ 77 milhões em vendas. Os números foram divulgados pelo portal Cannabis e Saúde, a partir de uma pesquisa sobre o tema no País.
Atualmente, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), existem 25 produtos de cannabis autorizados para a venda, além de um medicamento registrado, o Mevatyl. Todos os produtos só podem ser comprados com prescrição médica.
“Os dois principais motivos do aumento nas vendas são a liberação das marcas pela Anvisa nos últimos anos e a quantidade de indicações possíveis para tratamento de várias doenças”, disse a neurologista Soo Yang Lee.
Tratamentos contra dor, redução dos efeitos colaterais da quimioterapia e melhora das crises epilépticas, de ansiedade e de insônia são algumas das utilidades dos produtos, ofertados em gota, comprimido, spray e até em creme.
Os medicamentos ainda não estão disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). Os frascos importados mais baratos chegam a custar R$ 300. Para os pacientes que não conseguem arcar com os custos, a opção alternativa à compra é solicitar judicialmente que o Estado forneça o remédio.
A cannabis medicinal tem se popularizado nos consultórios. As prescrições médicas cresceram 487,8% no último ano.
Das especialidades médicas que prescrevem o canabidiol, como neurologistas, psiquiatras, geriatras, pediatras, clínicos gerais e ortopedistas, o número de médicos prescritores saltou de 6.300 em 2021 para 15.400 no ano passado, um aumento de 146%.
“Hoje, essas medicações não fazem parte do arsenal terapêutico do médico. No entanto, novos conceitos e novas fases da medicina canábica vão contribuir para que a utilidade desses remédios seja melhor compreendida e aplicada”, defendeu o neurocirurgião e professor universitário Walter Fagundes.
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“Um dos principais motivos do aumento nas vendas é a liberação das marcas no Brasil pela Anvisa nos últimos anos Soo Yang Lee, Neurologista
“É um equívoco acreditar que o paciente ficará dependente ou sentirá algum efeito psicotrópico. As medicações utilizam substâncias isoladas ou em baixa concentração Walter Fagundes, Neurologista
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Tratamento contra ansiedade e dores
Os números
Vendas nas farmácias cresceram 342,3% de 2018 a 2022. De 2021 a 2022, o aumento foi de 156,1%, movimentando R$ 77.008.596.
As prescrições cresceram 487,8% no último ano. O número de médicos que prescrevem produtos à base de canabidiol para compra em farmácia passou de 6,3 mil em 2021 para 15,4 mil no ano passado, um aumento de 146%.
As autorizações concedidas para importação desses produtos aumentaram de 850, em 2015, para 153.671, em 2022.
Tratamentos
Os medicamentos podem ser usados nos tratamentos contra dor crônica, fibromialgia, endometriose, efeitos colaterais da quimioterapia em pacientes com câncer e Mal de Alzheimer, melhora das crises epilépticas e do comportamento agressivo em autistas, controle da ansiedade, depressão e insônia e contra a rigidez dos músculos em pacientes com Parkinson.
Como adquirir
Compra nas farmácias, por meio de importadoras ou pelas associações que possuem autorização judicial para plantar e extrair a substância.
Para os pacientes que não conseguem arcar com os custos, a opção alternativa à compra é solicitar judicialmente que o Estado forneça.
Propriedades
A cannabis sativa possui mais de 150 princípios ativos. Desses, 20 são considerados principais para o tratamento de doenças.
As medicações ofertadas no País utilizam substâncias isoladas, como o canabidiol, também chamado de CDB, ou em porcentagens bem baixas, como o Tetrahidrocanabinol (THC).
Responsável pelo efeito psicotrópico, o THC tem sua concentração limitada. A Anvisa libera somente até 0,3% de THC na composição desses produtos.
Projeto de Lei
Tramita na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) um projeto de lei (77/2023) que prevê o fornecimento de medicamentos à base de canabidiol nas unidades de saúde do Estado e nas redes privadas conveniadas ao SUS.
Em São Paulo, uma lei semelhante, que regulamenta a distribuição pelo SUS, foi sancionada pelo governo estadual em janeiro deste ano.
Fonte: Especialistas entrevistados e pesquisa A Tribuna.
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