Ladrões aproveitam trânsito para assaltar motoristas
Eles também roubam celulares e bolsas de passageiros dentro dos veículos, pessoas nas ruas e ainda invadem comércios na região
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Uma nova modalidade de assalto, pelo menos no Espírito Santo, tem assustado motoristas, pedestres e comerciantes que precisam passar pela BR-101, na Serra. Ladrões estão aproveitando o trânsito da rodovia para puxar celulares e bolsas das vítimas dentro de seus próprios veículos.

Segundo motoristas, comerciantes e funcionários de empresas que ficam próximas à BR-101, as abordagens acontecem em horário de maior movimentação de pessoas, entre os bairros Eurico Salles e Carapina, na Serra, onde está sendo construído o Complexo Viário de Carapina.
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“Aproveitam que os carros ficam muito tempo parados por causa da obra e saem puxando tudo o que conseguem. Na maioria dos casos, são os celulares”, diz o taxista Marivaldo Nepumuceno, de 40 anos.
O taxista conta que já presenciou duas situações onde os bandidos aproveitaram o trânsito para roubar os pertences de um motorista.
“Já tem alguns dias. No primeiro caso, o carro descia a ladeira do hospital. Veio um ladrão, puxou o celular do motorista, ele nem conseguiu ir atrás do bandido. A segunda foi no primeiro semáforo, sentido Serra-Sede, o motorista ainda saiu do carro e tentou correr atrás do ladrão”, disse.
O relato de Marivaldo não é diferente do de outras três pessoas, ouvidas pela reportagem de A Tribuna na manhã de ontem. Um atendente de loja, por exemplo, contou que os roubos não estão acontecendo somente com quem passa de carro, mas também nos pontos de ônibus em frente à BR.
“Tenho duas amigas que foram assaltadas aqui, em frente ao supermercado. Já vi pessoas dizendo que esses ladrões estão puxando celulares dos motoristas e até passageiros de ônibus, mas os roubos a pedestres são altos”, disse o jovem, de 26 anos, que não quis se identificar.
Uma comerciante de 42 anos, que possui um estabelecimento em frente à rodovia, também confirmou os casos de assaltos a motoristas e falou ainda sobre os roubos a comércio.
“Teve comerciante que fechou, foi para outro bairro. Os ladrões não estão só abordando quem passa de carro ou quem está dentro dos ônibus, estão invadindo nossos comércios e levando tudo que conseguem”.
“Não uso mais o porta-celular”

O alto número de reclamações e as cenas que presenciou nas proximidades da BR-101, na Serra, fizeram com que o taxista Marivaldo Nepumuceno, de 40 anos, tomasse algumas atitudes para não se tornar vítima de bandidos.
O autônomo, que trabalha em um ponto de táxi que fica na localidade há anos, diz que chegou a retirar o porta-celular que ficava no carro com medo de ter o aparelho levado.
“Eu já vi duas situações onde os ladrões pegaram o celular de dois motoristas. Em uma delas, o cara saiu do carro e ainda tentou correr atrás do bandido, mas não conseguiu. Fiquei sabendo que esses ladrões estão até puxando o porta-celular junto com o aparelho. Até tirei o meu”, contou o taxista.
Segundo ele, os casos onde vítimas estão sendo abordadas dessa forma por criminosos que chegam a pé na BR são muitos.
“Sem falar nos que eu escuto no ponto de táxi. A gente precisa de mais polícia aqui, esses bandidos fazem isso porque sabem que não tem ninguém monitorando”.
Assaltos na rua e no comércio
Atrasadas desde novembro de 2022, as obras do complexo viário de Carapina estão trazendo transtornos para motoristas que precisam passar pela BR-101, entre os bairros Eurico Salles e Carapina, na Serra.
Além do trânsito, quem passa pelo local precisa tomar cuidado com as abordagens de criminosos que, segundo motoristas, estão puxando celulares e bolsas.
Quem mora na região ou quem trabalha ali perto reclama ainda do alto número de assaltos e crimes contra o patrimônio. Em Eurico Salles, por exemplo, tem comerciante que já foi vítima de quatro arrombamentos.
“Tive um prejuízo de R$ 7 mil. Entraram aqui no meu bar mais de quatro vezes. Na última, levaram os produtos do freezer, cervejas e eletrônicos. Sem falar no buraco que fizeram na parede para entrar aqui”, conta um autônomo, de 42 anos, que não quis se identificar.
Um vendedor, de 36 anos, que afirmou estar ciente dos casos em que bandidos estão rendendo motoristas e puxando seus pertences, afirma que esses mesmos criminosos estão abordando trabalhadores que precisam passar à beira da BR para irem para seus trabalhos.
“Rendem as pessoas na rua. Já socorremos muita gente que é roubada e que corre aqui para o bar. Depois dessa obra e que trocaram o ponto de ônibus de lugar, esses bandidos estão aproveitando para roubar as pessoas também”, disse o homem, que não quis se identificar.
o outro lado
Polícia Militar
A Polícia Militar ressalta que faz a sua parte por meio do policiamento ostensivo no bairro Eurico Salles dia e noite, com patrulhamento preventivo 24h por dia e operações diversas. No entanto, destaca que em rodovias federais a responsabilidade é da Polícia Rodoviária Federal. Ainda assim, a PM atua em apoio sempre que acionada via 190.
Prefeitura da Serra
A Prefeitura da Serra informou que a Guarda Civil Municipal não atua na BR. “Os trabalhos são realizados dentro dos bairros, das 7h às 22h. Para dar mais segurança, a prefeitura conta com sistema de videomonitoramento, com emissão de alertas, reconhecimento facial e identificação de veículos com 95% de precisão”, diz a nota.
depoimentos
“Assim está difícil”
“Eu trabalho no shopping e tenho amigas que passam por aqui, na calçada que fica à beira da BR-101, para ir para o trabalho. Elas já foram assaltadas. Depois que tiraram o ponto que ficava perto do supermercado, a gente tem que andar mais, e é aí que os bandidos aproveitam. Aqui também é escuro à noite, então é mais uma brecha para eles. Sobre os casos que eles estão rendendo quem está no carro ou ônibus, vira e mexe a gente escuta alguém reclamar ou falar que presenciou. Assim está difícil”.
Thiago Pereira dos Santos Ramos, 25 anos, vendedor
"Não sabemos se vamos voltar”
“Eu passo por aqui todos os dias com receio de ser assaltado, porque todo mundo está falando sobre isso. Os ladrões estão rendendo as pessoas dentro de seus carros; passageiros dentro de ônibus. Aqui é escuro à noite e a gente tem que andar muito para chegar no ponto de ônibus. Não sabemos se vamos voltar”.
Nivaldo Felisbino de Oliveira, 42 anos, enfardador
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