Golpe do consignado faz 14 vítimas por dia no ES, alerta Procon
Criminosos operam como agentes de financeiras e autorizam o crédito. Dinheiro cai na conta, porém com parcelas e juros altos
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O golpe do empréstimo consignado faz 14 vítimas por dia no Espírito Santo. O dinheiro, que pode ser solicitado por aposentados, pensionistas e funcionários públicos, é transferido para a conta de uma pessoa, que nem sempre percebe as movimentações feitas em seu nome.
Assim, até que perceba a fraude, o prejuízo pode ser muito alto. O titular da Delegacia de Crimes de Defraudações e Falsificações (Defa), delegado Douglas Vieira, explicou como o golpe funciona.
É assim: por telefone, agentes bancários que representam uma instituição informam que há um valor disponível, que lhe é de direito, referente à sua aposentadoria ou outro benefício do INSS.
Dias depois, os idosos são surpreendidos com valores que variam de R$ 10 mil a R$ 40 mil em suas contas, que podem ser adicionados diretamente ou descontados na folha de pagamento. Para o delegado, o importante é não ter pressa para devolver o dinheiro e seguir à risca o protocolo pós golpe.
“Percebeu que tem um dinheiro indevido na conta? Deixe lá, procure o Procon, registre um boletim de ocorrência e siga as orientações”. Vieira comenta que os golpistas são muito bem organizados e que tudo é feito para parecer correto.
“É importante desconfiar de ofertas muito atrativas, como de redução do consignado já contratado e não se deixar levar pelas aparências. Consulte a empresa antes de fechar qualquer negócio”, indica o delegado.
Uma fonte que pediu para não ser identificada disse à reportagem do Jornal A Tribuna que percebeu que havia R$ 3.800 em sua conta. “Fui ao banco e descobri que o depósito tinha sido feito por um banco, fui ao Procon e então os golpistas disseram que teria que pagar R$ 200 para devolver o dinheiro”, relata.
Hoje, a idosa sabe que terá que investir tempo e dinheiro para resolver o problema. “Achei um grande desrespeito, meu sentimento foi de tristeza, mas espero que ninguém fique envergonhado e denuncie, assim como eu fiz”.
O Procon-ES informou que o indicado é fazer um boletim de ocorrência na Polícia Civil, formalizar uma reclamação no Banco Central (através do telefone 145 ou pelo site da instituição), entrar em contato com o banco ou financeira e formalizar uma reclamação no Procon ou no Ministério Público.
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Projeto exige assinatura física em empréstimos
Projeto apresentado pelo senador Paulo Paim (PT) prevê a assinatura presencial de contratos de crédito consignado firmados por telefone ou pela internet por pessoas idosas.
A intenção do PL , segundo o autor, é proteger o consumidor aposentado ou pensionista contra fraudes que possam reduzir o valor recebido mensalmente e assegurar que o contratante seja devidamente informado sobre o produto ou serviço que está contratando.
O pagamento de empréstimo em consignação é descontado diretamente de benefício, conta ou folha de pagamento.
Serão abrangidos pela regra contratos, serviços ou produtos na modalidade de consignação, como empréstimos, financiamentos, hipotecas, seguros, aplicações financeiras, investimentos e toda operação que possua natureza de crédito consignado.
O projeto também define multa que pode variar de R$ 20 mil a 120 mil.
SAIBA MAIS
> Golpe do empréstimo consignado
- O golpe acontece quando os criminosos operam como agentes de financeiras e autorizam o crédito em nome da vítima. O dinheiro cai na conta do segurado, porém as parcelas com juros também.
- Para o golpista, a vantagem é ficar com as comissões que remuneram o agente de crédito e a instituição responsável por intermediar o empréstimo.
- Para o agente financeiro, que pode ser até um funcionário do banco, encaminhar a operação do crédito será preciso ter todos os dados pessoais e bancários da vítima.
> Sem autorização
O que fazer
- A vítima de crédito não solicitado deve primeiro conferir no banco ou instituição financeira na qual o empréstimo foi contraído o máximo de informações sobre data, valor e documentos de autorização.
- Entrar com um pedido de suspensão e cancelamento do valor e das parcelas. Registrar tudo em um protocolo de atendimento em canais oficiais da instituição.
- O segundo passo é fazer registro de boletim de ocorrência junto a uma delegacia de polícia ou mesmo em sites de delegacia on-line. Quanto mais documentos que comprovem a fraude, maiores as chances da investigação policial ter andamento.
- O terceiro passo é recorrer aos órgãos de defesa do consumidor para fazer a queixa e pedir orientação sobre como entrar com ações judiciais e solicitar ressarcimento e danos morais das instituições que permitiram a fraude.
Proteção
- Muito embora não tenha como se blindar contra o golpe, há algumas medidas que podem evitar que ele aconteça.
- Os golpistas costumam usar os dados pessoais e financeiros fornecidos pelas próprias vítimas em outra situação, por exemplo, preenchimento de cadastro em site falso ou ligação de falso atendente de algum serviço.
- Por isso é importante sempre desconfiar quando uma pessoa ou site solicitar dados excessivos. Outra dica é jamais fornecer número de cartão de crédito e senha, aliás, não forneça senhas a terceiros em nenhuma hipótese.
- Muitos documentos são falsificados facilmente, tais como RG, CPF, certidão de casamento e, até mesmo comprovantes de renda. Por isso, evite este tipo de problema e não disponibilize seus documentos para qualquer pessoa.
- Evite inserir quaisquer informações em sites suspeitos. Para isso, verifique sempre o domínio oficial da instituição, a URL da página que você acessou e confira as informações de rodapé, como razão social, CNPJ, endereço e outros.
Fonte: Serasa; Procon-ES; Gerson de Souza e outras fontes citadas na matéria.
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