Casas medievais nas montanhas do ES
Em cidades como Domingos Martins e Alfredo Chaves é possível encontrar chalés com elementos que lembram o período
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As regiões Serrana e do Caparaó capixaba, conhecidas por suas paisagens exuberantes, clima ameno e rica herança cultural, têm abrigado uma nova tendência arquitetônica que remete diretamente à Idade Média.
Casas inspiradas no estilo medieval começaram a surgir nos últimos anos, o que uniu o charme histórico à funcionalidade moderna.
A construção de residências nesse estilo tem atraído pessoas apaixonadas por história e arquitetura do período medieval. Em cidades como Domingos Martins, Ibitirama e Alfredo Chaves, é possível encontrar chalés com elementos que evocam a imponência das antigas construções.
Na localidade de São Marcos, em Alfredo Chaves, Regilane Souza administra 15 chalés construídos com materiais que reproduzem técnicas e acabamentos usados no período medieval.
“Sempre fomos fascinados pela arquitetura medieval, especialmente pela simplicidade dos materiais e pela riqueza dos detalhes”, contou ela.
Os chalés, situados em um terreno elevado iguais a muitos castelos da época, apresentam paredes de pedra natural, vigas de madeira maciça e telhados que remetem às casas do século 12.
Para especialistas, o estilo medieval, caracterizado por estruturas robustas e imponentes, inclui elementos como arcos ogivais, paredes de alvenaria, torres e portas de madeira com ferragens trabalhadas. No entanto, construtores têm adaptado essas características às demandas contemporâneas.
“Utilizamos tecnologia para garantir conforto e sustentabilidade sem comprometer a autenticidade estética. Por exemplo, os materiais usados simulam a aparência de pedras medievais, mas possuem isolamento térmico eficiente”, explicou a arquiteta Ana Luísa Peres, que projetou três residências nesse estilo nas montanhas capixabas.
Além de transformar o cenário arquitetônico local, essa tendência também impulsiona o turismo. Casas no estilo medieval, frequentemente convertidas em pousadas ou espaços para eventos, atraem visitantes. “Há algo mágico em passar a noite em um lugar que parece saído de um conto de fadas”, disse a empresária Juliana Figueiredo, que se hospedou em uma delas.
Projeto arquitetônico original
Na região de Victor Hugo, em Domingos Martins, um projeto arquitetônico tem chamando a atenção pela originalidade.
Em 2022, os irmãos Gelson Pin, de 61 anos, e Renato Pin, de 52, adquiriram um pedaço de terra na região e deram início a uma obra que transporta seus visitantes a uma época distante: uma casa em estilo medieval.
Inspirados pela paixão pela história e pela estética da Idade Média, os irmãos Pin decidiram construir uma residência que remonta às fortificações europeias dos séculos X ao XV.
A casa, que combina pedra, madeira de lei e ferro forjado, impressiona pelos detalhes arquitetônicos e pelo uso de técnicas que recriam a engenharia da época.
“Sempre tivemos fascínio pela Idade Média, e queríamos criar um espaço que nos permitisse viver um pouco dessa história. A ideia era construir algo que fosse funcional, mas que também pudesse ser um legado cultural para a região”, contou Gelson Pin.
Já Renato Pin destacou que a escolha dos materiais foi crucial para dar vida ao projeto. “Optamos por pedras naturais e madeira recuperada de demolições, trazendo sustentabilidade para a obra. Todo o ferro foi trabalhado à mão por artesãos locais, garantindo que cada peça fosse única”, completou.
O interior da casa também é fiel à temática medieval, com tetos altos sustentados por vigas de madeira, candelabros de ferro forjado e uma lareira na sala de estar.
Castelo vira ponto turístico
Um “castelo” em estilo medieval com 12 torres, quatro andares e 26 cômodos tem despertado curiosidade em moradores e visitantes de Ibitirama.
Erguido há mais de duas décadas pelo professor de História aposentado Eraldo Amorim, 68 anos, e sua esposa, a professora Maria Joana, 70, o cenário virou ponto turístico e simboliza superação após a família perder a casa em uma enchente.
Após a tragédia, Maria Joana, que diz apaixonada pelo mundo medieval, e Eraldo, que sempre foi bom em elaborar plantas de construções, deram início a um novo sonho.
Eraldo contou que a ideia de construir o Castelinho Santa Bárbara, nome dado em homenagem à santa protetora contra raios e tempestades, surgiu após a tragédia enfrentada pela família e como forma de superação.
“Tínhamos um chalé que foi destruído na enchente. Imaginamos que deveríamos sonhar, acreditar na vida e recomeçar. Eu fiz a planta de como queria a construção e um pedreiro, ou melhor, um artista, fez o castelo. Usou até cipó para fazer as torres arredondadas”.
O imóvel, que possui nove quartos, duas salas, sete banheiros, três cozinhas, várias varandas e torres, tem quatro pavimentos e fica às margens da ES-185.
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